Ciência mapeia a presença da Aura
Estudo publicado na revista “Cell” aponta: cada ser humano é acompanhado de uma nuvem de micróbios e elementos químicos. Ela pode ser decisiva para nossa constituição e saúde
Publicado 05/11/2018 às 12:50 - Atualizado 17/12/2018 às 17:02
Por Jorge Carrasco, na BBC | Imagem: Chao Jiang
Em uma pesquisa rápida na internet surgem dezenas de dicas para “limpar a aura” e “afastar energias negativas”. E talvez este seja o único contexto em que você tenha ouvido falar sobre aura, geralmente associada às emoções e em como podem influenciar seu bem-estar físico e mental.
Mas, esoterismo à parte, a ciência comprovou a existência de uma “aura viva” individual, chamada expossoma humano – e não tem nada a ver com energias espirituais.
O termo descreve uma nuvem pessoal de micro-organismos, elementos químicos e outros compostos que nos acompanham onde quer que a gente esteja.
O expossoma é o tema central de um estudo desenvolvido por um grupo de geneticistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos, por cinco anos.
E embora a ciência já tivesse noção sobre esse conceito, a pesquisa, publicada na revista científica Cell, em meados de outubro, demonstrou que é possível medir individualmente os elementos do ambiente a que cada pessoa está exposta.
Michael Snyder – de quem partiu a ideia original do estudo – disse à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, que o mais relevante “é que essas medições podem fazer uma grande diferença na maneira de estudar e prevenir doenças como asma e alergias”, o que faz da pesquisa uma importante contribuição para a área de saúde.
O experimento
Para realizar o experimento, os pesquisadores criaram um pequeno dispositivo para monitorar o ar e o amarraram no braço de 15 voluntários, que foram expostos a diferentes locações, enquanto o aparelho absorvia amostras tanto de suas órbitas pessoais quanto do ambiente ao seu redor.
Os elementos coletados pelo dispositivo (bactérias, fungos, vírus, etc.) produziram sequências de DNA e RNA que formaram um perfil químico único para cada voluntário.
No fim do estudo – que contemplou centenas de milhares de medições – os pesquisadores conseguiram acumular uma grande quantidade de dados sobre os componentes do seu próprio expossoma.
Snyder, que usou um dos dispositivos durante o experimento, descobriu que o dele continha elementos como pólen de eucalipto, possivelmente a causa de uma alergia que teve no passado.
Nuvem individual
Até então, o que se sabia sobre o expossoma humano é que as pessoas certamente estavam expostas a uma série de elementos presentes no ambiente.
No entanto, as medições a esse respeito só tinham sido feitas em larga escala – e não a nível individual.
“É por isso que nos concentramos principalmente nas partículas PM2.5 presentes na atmosfera, que são resultado da poluição e acabam sendo absorvidas pelos pulmões”, explica Chao Jiang, outro autor do estudo.
Até agora, o expossoma também só havia sido analisado em lugares fixos da cidade, onde um dispositivo coletava amostras de ar.”Agora podemos acompanhar os elementos a que a pessoa está exposta, onde quer que ela esteja”, diz Snyder.
Os voluntários se deslocaram por diferentes áreas da baía de São Francisco e foi demonstrado que, mesmo quando estavam no mesmo lugar, seus expossomas eram diferentes.Isso confirma que cada indivíduo está cercado por sua própria nuvem microbiana, coletada e eliminada continuamente dos elementos a seu redor. Os autores do estudo concordam que a maior contribuição da descoberta vai ser para a área de saúde, que não é determinada apenas por fatores genéticos, mas também ambientais.
Ao alcance de todos
“Muitos fatores genéticos foram estudados, mas não se sabe muito sobre como a exposição ambiental afeta a saúde das pessoas”, explica Jiang. O cientista acredita que aprofundar o conhecimento do expossoma humano será fundamental para entender e até prevenir doenças como câncer, asma, alergias, problemas cardíacos e respiratórios.
Na verdade, um dos achados mais relevantes do experimento foi a presença de partículas de repelentes de insetos em todas as amostras coletadas. “As pessoas podem estar aspirando esse composto – e não se sabe o quão tóxico é para a saúde –, assim como o dietilenoglicol, que é altamente cancerígeno e foi encontrado em toda parte”, diz Snyder.
Os geneticistas ainda não terminaram, no entanto, de estudar a “aura viva” que nos cerca. E já planejam os próximos passos. “Queremos fazer um dispositivo mais barato, para que qualquer pessoa consiga mapear suas exposições individuais ao ambiente”, diz Jiang. “Condições como asma e alergias podem ser controladas muito melhor quando somos capazes de entender a que esses pacientes estão reagindo”, explica.
No médio prazo, a equipe também planeja implementar essa tecnologia em lugares onde as pessoas são mais vulneráveis ao contágio ambiental, como hospitais e creches.
Um comentario para "Ciência mapeia a presença da Aura"
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Parabéns, estudos como esse é relevante para encontrarmos o caminho ideal para uma existência feliz aqui na terra.