canal*MOTOBOY: o retrovisor do mundo cão
Publicado 16/06/2008 às 18:57 - Atualizado 10/12/2018 às 16:50
Metáforas do caos da Paulicéia Desvairada, os motoqueiros são pessoas, são trabalhadores, são repórteres. Ninguém melhor do que eles para retratar a realidade corrosiva das quebradas da cidade
(por Carolina Gutierrez)
Experiências contadas pelos participantes da quinta (des)conferência traduziram em prática algumas reflexões ao redor da mídia livre. A mais peculiar talvez tenha sido a do canal*MOTOBOY, no qual 12 motoqueiros de São Paulo são os repórteres da cidade. Munidos de aparelhos celulares, fotografam, entrevistam e gravam fatos do cotidiano metropolitano.
Diretamente de celulares, eles revelam os fatos das ruas de São Paulo. Todos os dias, transmitem fotos, entrevistas e vídeos em tempo real para o site do canal. O projeto surgiu em dezembro de 2002, quando o espanhol Antoni Abad percebeu que a rede de motoboys poderia transformar-se numa teia de informações. Segundo Abad, “os motoqueiros são as artérias informantes da grande urbe.”
A matéria é produzida a partir da própria percepção de mundo do motoqueiro, o que possibilita outro olhar sobre a cidade. “A gente faz notícias do ‘corre’ da cidade grande. O que a polícia e a imprensa não podem fazer, a gente faz”, contou Cleyton, um dos integrantes do projeto.
Um das situações mais curiosas e relevantes dessa história toda é que, além de informar de maneira criativa, as matérias servem de fonte para a grande imprensa, sobretudo as imagens. Os mensageiros de motocicleta são fazedores de mídia – mídia motoboy, mídia livre – dos corredores da cidade.
Leia mais:
A revolução cultural dos motoboys
Acesse: