Por que tudo piorou, um ano após o “Dia do Fogo”?

Inquéritos paralisados. Fazendeiros com costas quentes junto ao governo Bolsonaro. Quase nenhuma multa aplicada. Operações contra sem-terra e jovens voluntários. Eis a receita para que as queimadas sejam ainda maiores em 2020

A América do Sul incendiada: Mapa das emissões de CO² em 17/10/19, uma semana apos o “Dia do Fogo”
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O DIA DO FOGO

Exatamente um ano atrás, focos de incêndio espalhados propositalmente à beira de uma rodovia no Pará ajudaram a agravar ainda mais o cenário das queimadas na Amazônia, que atingiram níveis recordes. O “Dia do Fogo” – que levou o número de focos no sudoeste do estado a triplicar entre 10 e 11 de agosto de 2019 – foi combinado pelo WhatsApp por dezenas de pessoas, entre produtores rurais, comerciantes, grileiros e sindicalistas da cidade de Novo Progresso. Uma “vaquinha” chegou a ser feita para comprar combustível e contratar motoqueiros para o serviço.

Mas até hoje nenhum responsávelfoi preso ou indiciado, como mostra a matéria de Daniel Camargo na Repórter Brasil. Na verdade, os únicos detidos foram trabalhadores rurais sem-terra contra os quais não havia evidência alguma, e que ficaram 50 dias na prisão.

O inquérito da Polícia Civil de Novo Progresso não aponta responsáveis: conclui que o fogo foi alastrado pelo tempo seco e que as queimadas acontecem todo ano. Já a Polícia Federal (PF) chegou a apreender documentos, celulares e computadores de empresários e fazendeiros, mas não concluiu a perícia (nem terminou o inquérito). A apuração de Camargo aponta entraves às investigações. Primeiro, os grandes proprietários da região têm boas relações com deputados e senadores do Pará, além de interlocução com o alto escalão do governo federal. Segundo, há um racha entre policiais civis e federais no estado – e por isso depoimentos tomados pela Polícia Civil de Tapajós sequer foram repassados à PF, por exemplo.

Além de não ter havido prisões e indiciamentos, as multas aplicadas a desmatadores também foram escassas. O Greenpeace identificou 478 propriedades onde ocorreram queimadas no Dia do Fogo. Entre elas, pelo menos 66 tinham algum tipo de embargo prévio por crime ambiental e 207 tiveram incêndios em áreas de floresta, mas só 5,7% foram autuadas. Mais: uma equipe da ONG sobrevoou a região e observou que quase todas as áreas que eram florestas e foram queimadas já viraram pasto. “Apenas um ponto não tinha pasto. Nos outros, já tinha pasto e gado sendo engordado”, afirma Rômulo Batista, do Greenpeace, na Folha

NÃO ACABOU

É claro que vem mais fogo por aí. Ainda de acordo com Batista, nos sobrevoos foi possível ver pilhas de árvores derrubadas, que estavam secando e aguardando para requeima. “É incontestável a relação entre as duas questões: a queimada é o passo seguinte da derrubada. Ainda há uma grande área desmatada na Amazônia no ano passado que não foi queimada, cerca de 4,5 mil quilômetros quadrados”, diz o relatório da ONG. 

Este ano, a temporada de fogo está só começando (o pico de registros costuma ser em setembro). Mas dados do Inpe divulgados no início do mês mostram que o número de focos de incêndio já aumentou 572% em todo país em 2020, comparando com agosto do ano passado. Novo Progresso está entre os dez municípios brasileiros com mais focos este ano. Lá, não há viaturas disponíveis do Ibama para combater as chamas. Procuradores do Ministério Público Federal explicam, na Deutsche Welle, por que tudo deve continuar piorando: “Com esse governo, a gente tem tido dificuldades enormes impostas por quem deveria ser parceiro, como Ibama, Funai, governo federal, Ministério do Meio Ambiente. Eles acabam se transformando em inimigos“, diz Igor Spíndola, procurador e integrante da força-tarefa Amazônia, que investiga crimes ambientais.

Os focos se multiplicam em outras regiões também. O Pantanal está há semanas com incêndios descontrolados (este ano, o mês de julho teve o maior número de queimadas já registrado por lá, com um aumento de 421% em relação ao ano passado). Já foram mais de um milhão de hectares queimados. “Quem põe fogo no Pantanal é o homem. O fogo natural acontece por causa de raios, sempre associado ao período de chuvas. Como não tem chovido, então é claro que o homem é o grande causador disso”, afirma, na BBC, o biólogo André Luiz Siqueira.

E na (muito mais úmida) região serrana do Rio, seis dias de incêndio destruíram 360 hectares do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Também lá, tudo indica que os focos foram criminosos. 

PARA MOSTRAR SERVIÇO

Por razões óbvias, o Brasil tem perdido protagonismo no debate internacional sobre a Amazônia. Com a pressão de investidores internacionais, o governo quer recuperá-lo, segundo a Folha: o vice-presidente Hamilton Mourão pretende dar um gás na OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), que reúne reúne Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela e busca articular atividades conjuntas na região. Ultimamente ela tem estado em segundo plano – e o Brasil acumulou mais de R$ 8 milhões em contribuições atrasadas. Mourão quer quitar a dívida. Além disso, nos próximos dias deve ser recriada (sob o guarda-chuva do general) a comissão nacional responsável por acompanhar a aplicação do tratado de cooperação, que havia sido extinta no ano passado. 

E o governo enviou ontem um pedido para realocar R$ 410 milhões do orçamento federal para o Ministério da Defesa. O dinheiro serviria para compensar as despesas das Forças Armadas na operação contra o desmatamento da Amazônia (a Brasil Verde 2), comandada pelo vice. Que, como já comentamos aqui, não parece estar dando os melhores resultados.

CEM MIL ALUNOS DE VOLTA

As aulas presenciais na rede pública de Manaus começaram a voltar ontem, de forma escalonada. É o primeiro lugar do país com o retorno das atividades nas escolas públicas, que tem mais de cem mil estudantes. A prefeitura garante que em todas elas haverá totens com álcool em gel e outras medidas para higienização. Os protocolos de segurança incluem “distanciamento social, uso obrigatório de máscaras e EPIs que serão distribuídos, monitoramento da saúde dos alunos, higiene pessoal e dos ambientes escolares, redução de 50% dos estudantes nas aulas presenciais, entre outras medidas”, segundo uma nota da secretaria de Educação. Na semana passada, a capital completou um mês do retorno nas escolas particulares e, pelo menos até o fim de julho, não houve novos casos de covid-19 confirmados entre os estudantes.

Não sabemos, porém, se trabalhadores e alunos estão sendo testados. “Nós teremos em cada escola uma pessoa que vai ser responsável por receber notificações de casos suspeitos, bem como um aplicativo que nos permite saber em tempo real se existe alguém com a suspeita de covid para que, imediatamente, sejam acionadas equipes da secretaria municipal de Saúde e da FVS, para identificar e testar esses casos e fazer todas as medidas preconizadas de isolamento social”, diz a diretora da Fundação de Vigilância em Saúde do estado, Rosemary Costa Pinto. Não está claro como isso tem sido conduzido. 

A testagem no ambiente escolar deve ser uma preocupação tão grande quanto, ou até maior do que a garantia da higiene e do distanciamento social. Já vimos por aqui que, em todo o Amazonas, o número de testes PCR – que identificam o vírus durante a infecção, e são portanto fundamentais para identificar e estancar surtos – tem sido bastande reduzido. Nas últimas semanas, menos de 15% dos casos registrados diariamente foram confirmados por PCR. A maioria esmagadora dos resultados positivos veio pelos testes de anticorpos. O problema é que eles são pouco ou nada úteis para isolar contaminados.

Aliás, no Reino Unido um grupo de cientistas convocado pela Royal Society ressalta, em relatório, a importância de testes de rotina na volta às aulas – incluindo em funcionários e alunos assintomáticos. Isso seria fundamental para “evitar o fechamento total ou parcial das escolas ou faltas generalizadas decorrentes da transmissão dentro das escolas, o que causará mais perdas de aprendizagem, com todos os seus efeitos sociais e econômicos de longo prazo associados”. 

NO RESTO DO PAÍS

Em cidades e estados diferentes, alunos do ensino médio da rede pública começam a admitir a possibilidade de repetir o ano de propósito: “No caso, não seria reprovar, seria fazer mesmo o segundo ano. A gente não está fazendo o segundo ano, nem sei o que a gente está fazendo. Todos os meus amigos estão com dificuldade, todos reclamam, ninguém está entendendo nada das matérias”, diz um estudante ouvido pela BBC Brasil. Num vídeo que viralizou nas redes sociais, Júlia Almeida, de 17 anos, diz o mesmo: “Não aprendi uma gota de matéria em cinco meses. Em quatro meses, não vou conseguir recuperar. Não é suficiente para aprender a matéria toda de um ano. O Enem que vou fazer em janeiro vai ser por teste de resistência, porque eu não tenho condições de fazer. Não é que vou tomar bomba, eu só vou realmente fazer meu terceiro ano, ano que vem. Aprender de verdade para ter condições de fazer um Enem decente, digno”. 

Verdade seja dita: ao contrário do que eles imaginam, ninguém garante que em 2021 a situação vá estar tão diferente. A movimentação pela reabertura das escolas acontece em boa parte do país, mas segundo um levantamento do Estadãosó Amazonas, São Paulo e o Distrito Federal estabeleceram datas para os retornos, mesmo assim não em todas as cidades. Outros dez estados têm ou avaliam retorno regionalizado ou parcial (com escolas particulares abrindo primeiro, ou alguns municípios abrindo antes). Talvez, até o início do ano que vem, já tenhamos escolas funcionando em todo o país. Mas isso não necessariamente vai significar um ano estável e inteiramente presencial. Isso porque, enquanto a circulação de vírus fora das escolas continua grande, não há como não crescer no ambiente escolar também. E como o Brasil não consegue testar e rastrear seus casos decentemente, as chances de sucesso são diminutas. 

Ao longo da pandemia, a educação nunca esteve entre as prioridades dos governos municipais, estaduais e muito menos do federal (não é preciso descrever o quanto o MEC se mostra alheio à crise sanitária). Não foram dadas condições objetivas para que os estudantes acompanhassem o ensino remoto, o que necessariamente passa por acesso a computadores e rede de internet  – algo que, por sinal, o Estado deveria prover. Encontrar formas seguras de garantir a volta às aulas presenciais deveria ter sido uma preocupação desde o momento em que elas foram canceladas, mas não foi o que aconteceu. Em vez disso, vimos o país reabrir comércio de rua, shoppings, bares, igrejas e academias com casos em alta; sem estratégias para detectar surtos, não sabemos onde estamos. As escolas, que poderiam ser ambientes mais seguros do que todos esses outros, devem apenas se tornar novos pontos de multiplicação do vírus. Temos, de um lado, quem defenda que o retorno só aconteça junto com a aplicação em massa de uma vacina (o que pode acontecer dentro de meses, ou anos… ou nunca) e, de outro, quem force a reabertura pelo simples cansaço. A balança pende, sem dificuldade, para essa banda.

MAIS TESTES

A Fiocruz inaugurou ontem no Rio um centro que vai aumentar em 15 mil a capacidade de diagnósticos diários do novo coronavírus no país. A unidade processará testes moleculares (PCR) realizados pelos laboratórios centrais dos estados. A nova estrutura se soma a outras que já operavam, fazendo com que a quantidade de resultados liberados por dia chegue a 17,5 mil. Ainda este mês, outro centro com capacidade de processar dez mil testes PCR será inaugurado na regional que a Fundação mantém no Ceará. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)a capacidade de testes no Brasil continua baixa. Nos países que testam muito, o índice de resultados positivos fica na casa dos 5% de todos os exames realizados. Por aqui, a cifra é de 20%. 

Eduardo Pazuello estava presente na cerimônia de inauguração. O ministro interino da Saúde voltou a dizer que as pessoas devem procurar atendimento assim que sentirem sintomas da covid-19. Ele afirmou ainda que “estamos todos os dias revendo nossos protocolos, procurando o que tem de melhor e alterando o que não estava dando certo”. Quem ouve pela primeira vez nem imagina que a pasta ainda recomenda cloroquina e hidroxicloroquina… Aliás, ontem, o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, não faz o menor sentido defender as substâncias no tratamento da covid: “Experimentos com todos os cuidados científicos já provaram que é ineficaz.”

MAIS BARATOS

Voltando aos testes moleculares, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP estão defendendo o uso de métodos mais simples e baratos para realizá-los. Segundo explica o repórter Reinaldo José Lopes, existem diversos processos de identificação do RNA viral que se enquadram no que é conhecido como PCR (sigla inglesa de “reação em cadeia de polimerase”, por causa da molécula de mesmo nome que monta a cadeia bioquímica do material genético do patógeno). 

O RT-qPCR foi consagrado o melhor deles, mas tem a desvantagem de exigir reagentes importados (e que estão em falta por aqui), equipamentos sofisticados e pessoal treinado. Além de ser caro, com custo de realização em torno de R$ 70 (no setor privado, o consumidor paga preços mais salgados). Já as formas mais tradicionais de PCR – que não apresentariam grandes diferenças de precisão ao “padrão-ouro” – custam entre R$ 10 e R$ 15, são conhecidas por mais trabalhadores e estudantes e podem ser feitas em equipamentos mais comuns. 

20 MILHÕES

O mundo chegou ontem às 20 milhões de infecções conhecidas pelo novo coronavírus. Apenas Estados Unidos e Brasil respondem por 40% desse total, com mais de cinco e três milhões de registros respectivamente. Ontem, mencionamos a relação entre a nossa população (3% dos habitantes do planeta) e número de casos (14% até então). Pois já alcançamos os 15%. Pelo levantamento da Universidade Johns Hopkins, o número de mortes no globo já ultrapassou 733 mil.  

Por aqui, a média móvel de óbitos na semana passada foi de 1.022 a cada 24 horas. Pela terceira semana consecutiva, registramos mais de 300 mil casos. E a taxa de transmissão se elevou, de acordo com a OMS. Dependendo da região do país, ela estava entre 0,5 a 1,5. Agora, varia de 1,1 a 1,5. “Todos os sinais são de transmissão comunitária sustentada e pressão constante sobre o sistema de saúde”, afirmou o diretor-executivo da Organização, Michael Ryan. 

Bem diferente do Paquistão, outro país com mais de 200 milhões de habitantes e com perfil socioeconômico bem longe da riqueza. Apesar de não dispor de um sistema público de saúde universal como o brasileiro, a nação do Oriente Médio conseguiu achatar sua curva de contágios, que vinha numa trajetória parecida com a nossa em junho, quando chegaram a ser registrados sete mil casos por dia. Agora, o indicador está na casa dos 300. O que eles fizeram para mudar? Ainda não existe resposta certeira para isso, mas a comunicação e a vigilância parecem ter contribuído, com campanhas públicas e lockdowns seletivos em áreas onde surgiram surtos. “Às vezes em uma rua apenas”, conta o repórter Saeed Shah. Além disso, a cultura parece ter tido um papel importante, já que não existem bares, boates, asilos e a força de trabalho é basicamente constituída por homens jovens. Mas com dois feriados religiosos a caminho, e a reabertura de escolas e salões de festas marcada para setembro, tudo pode mudar.

Ao contrário, na Nova Zelândia, a vida parece ter voltado ao normal: os serviços reabriram e as pessoas até andam sem máscara. No domingo, o país atingiu o marco de cem dias sem registrar transmissão comunitária do vírus. Seguir à risca a receita da OMS – testagem, rastreamento de contatos de infectados e isolamento –  é o principal fator que explica o sucesso do país, segundo especialistas. As fronteiras da ilha continuam fechadas para estrangeiros e neozelandeses que retornam precisam fazer quarentena de 14 dias.

MUNIÇÃO

O Planalto resolveu fazer um relatório para ‘municiar’ parlamentares aliados a embarcarem em sua cruzada contra governadores e prefeitos nessa pandemia. O documento destaca quais gestores comandam estados caracterizados como “top 5” em número de novos óbitos e casos. Os nomes dos prefeitos aparecem em outro “top 5”, de total de infecções. Embora Brasília apareça nessa lista, o nome do gestor responsável pela capital, Ibaneis Rocha (MDB), não é citado.     

A Secretaria de Governo, responsável pela elaboração e envio do documento a deputados e senadores, justifica dizendo que o levantamento foi criado “para contribuir internamente na gestão de curto prazo de como a pandemia está se comportando”. Só que a lista se concentra no número total de casos – e não precisa ser epidemiologista para perceber que locais com mais habitantes acabam aparecendo mais. Se o objetivo fosse acompanhar a situação de saúde país afora, a lista deveria se pautar por um conjunto de critérios, como curva de contágios, taxa de transmissão, número de leitos de UTI disponíveis…

De acordo com O Globoa iniciativa do Planalto “causou furor” entre deputados, “que chegaram a considerar que era ‘fake news’”. Depois, caiu a ficha que se tratava de mais uma tentativa empreendida por Jair Bolsonaro para jogar o fardo das mortes – agora, mais de cem mil – nas costas dos gestores locais. E, de preferência, sobre seus adversários políticos. 

Entre os governadores e prefeitos citados, aparecem alguns alinhados ao presidente – Marcelo Crivella (Rio) e Carlos Moisés (SC), por exemplo. Mas a maior parte é de desafetos políticos: João Dória (SP), Bruno Covas (São Paulo), Rui Costa (BA), ACM Neto (Salvador)… 

MAIS UMA

Ontem, o Partido Verde denunciou o governo Bolsonaro por ir na contramão de recomendações científicas de combate ao coronavírus. O pedido foi apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O partido quer que a Organização dos Estados Americanos (OEA) condene o país e obrigue o governo a seguir as orientações da OMS.  

ESPECIALIZAÇÃO

Ao longo da vida, o sistema imunológico vai entrando em contato com uma diversidade de patógenos e desenvolvendo respostas cada vez mais específicas para cada um deles. Na infância, ao contrário, as células imunes precisam usar o que aprenderam com um vírus para combater o próximo que chega ao organismo. Assim, o contato com outros coronavírus que já circulam no planeta seria uma vantagem para as crianças, que colocam em marcha o mecanismo da proteção cruzada – e um problema para os idosos, com seu sistema de defesa hiper especializado. Essa premissa explicaria por que os mais velhos têm risco bem maior do que os jovens a desenvolverem complicações decorrentes da infecção por uma novidade como o Sars-CoV-2. 

A tese é levantada por um estudo da Universidade de Oxford que teve participação de três instituições brasileiras: Fiocruz, USP e UFMG. Ainda não revisto por pares, ele se baseia em um modelo matemático feito a partir da captura de dados de infecções na Europa – e não em testes. Os pesquisadores ressaltam que é necessário investigar mais a fundo a reatividade cruzada entre os coronavírus endêmicos na infância (são quatro, conhecidos pela sigla HCOV) e os emergentes, como o Sars-CoV-2. 

RISCO PARA OS BEBÊS

Pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, analisaram dados sobre 2,2 mil mulheres que afirmaram ter usado maconha durante a gravidez (mas não outras substâncias como tabaco e álcool) e observaram que seus bebês tiveram maior risco de desenvolver autismo. A taxa de incidência de transtorno no grupo foi de quatro a cada mil pessoas por ano, contra 2,4 entre crianças não expostas à cannabis no útero. O estudo foi publicado na Nature.

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