Povos indígenas querem voz na COP-30

• Acampamento Terra Livre: “A resposta somos nós” • Ministério da Saúde vacina indígenas e anuncia medidas • Saúde na COP-30 • Vacina brasileira contra a gripe aviária • Sabesp privatizada: serviço precário • Guia para cuidados com a meningite •

.

Durante o Acampamento Terra Livre (ATL), que aconteceu em Brasília na semana passada, foi lançada a Comissão Internacional Indígena que atuará na preparação da COP-30. A comissão, presidida pela ministra Sonia Guajajara, busca garantir participação efetiva dos povos indígenas nas negociações climáticas. A comissão contará com representantes de organizações indígenas nacionais e internacionais. 

O próprio tema da marcha, “A resposta somos nós”, foi uma cobrança do protagonismo indígena no enfrentamento à crise climática. Como explica o jovem indígena Maluá Silva Kuady Karajá, “Discutir ambiente sem que o indígena seja uma parte ali do protagonismo, eu acho que já começa a ser problemático, no mínimo, porque, principalmente aqui no nosso país, onde as principais reservas estão dentro dos nossos territórios”. O ATL reuniu mais de 7 mil indígenas do Brasil e da bacia amazônica.

Entre as principais demandas estão a demarcação de terras como política climática, financiamento direto e valorização dos saberes tradicionais. Houve momentos de tensão no acampamento, quando a polícia legislativa reprimiu fortemente uma marcha organizada pelos indígenas. Apesar do avanço dos últimos dois anos, lideranças criticaram contradições do governo, como a manutenção da câmara de conciliação do marco temporal e projetos de exploração nos territórios. 

Ministério da Saúde participa de atividades do Acampamento Terra Livre

Em visita ao ATL, na quarta-feira (9), o ministro Alexandre Padilha vacinou algumas lideranças indígenas contra a gripe – como Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena –, reforçando que os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) estão preparados para a imunização. “Sabemos das dificuldades para chegar a todos os lugares, por isso pedimos a colaboração de todos os territórios para levar vacina a todos”, disse Padilha. 

A campanha nacional de vacinação contra a influenza começou em 7 de abril e a meta é vacinar 1 milhão de indígenas, considerando o calendário nacional e as especificidades da região Norte, onde a campanha será iniciada no segundo semestre. No ano passado, a cobertura vacinal entre os indígenas chegou a 86,6%, índice acima da média nacional. Entre crianças de 2 a 4 anos, a cobertura ficou em 92,7%. 

O fortalecimento da Saúde como resposta à crise climática

O Ministério da Saúde apresentou, na semana passada, a versão preliminar do “Plano de Ação de Saúde de Belém”, que será levado à Conferência do Clima, a COP-30, em Belém. O objetivo é articular estratégias de adaptação dos sistemas de saúde às mudanças climáticas, com foco na resiliência, na equidade e na participação social. Entre as ações previstas estão vigilância em saúde, inovação tecnológica e capacitação de profissionais. 

O plano também destaca a transição energética como ponto crítico, propondo medidas para proteger trabalhadores e populações vulneráveis durante o processo de substituição de matrizes poluentes por fontes limpas – medida importante num contexto em que comunidades estão sendo duramente afetadas, por exemplo, pela instalação de usinas de energia eólica em seus territórios. 

A proposta será aprimorada ao longo do ano em consultas públicas e eventos internacionais, como a Assembleia Mundial da Saúde. O Brasil, como país sede da conferência, busca ampliar o protagonismo na agenda global de clima e saúde, em articulação com instituições internacionais, como OPAS e OMS. A versão final deve ser apresentada em novembro, em Belém.

Vacina do Butantan será chave para enfrentar gripe aviária

Avançar na criação de vacinas mais eficazes será de grande relevância para a prevenção de uma nova pandemia, opinou a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Monica Levi, em entrevista à Agência Brasil. A avaliação vem no contexto dos crescentes temores acerca de uma emergência global de saúde pública ligada à gripe aviária, que se espalha de forma praticamente descontrolada nos Estados Unidos

O número de surtos da doença em aves e mamíferos segue crescendo naquele país – e, na última semana, ela levou uma criança a óbito no México. Na entrevista, Monica frisa a importância para o país do desenvolvimento de um imunizante contra a gripe aviária pelo Instituto Butantan, que aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testá-lo.

Privatização da água piora serviço nas periferias de São Paulo

Uma reportagem da Agência Mural relata a piora vertiginosa da qualidade da água no Jardim São Luís, bairro da Zona Sul da capital paulista, desde a privatização da Sabesp no ano passado. Os moradores denunciam que se multiplicaram os casos em que a água chega “amarelada, branca, marrom ou com cheiro ruim”, além de ocorrerem interrupções do serviço por até 18 horas. “A gente liga pra Sabesp, e eles dão um prazo que normalmente não se cumpre. Parece que dizem qualquer horário só pra gente não ligar de novo”, lamenta uma moradora. 

Prometendo a rápida universalização dos serviços para a população, a iniciativa privada abocanhou importantes empresas públicas do setor desde a aprovação do novo Marco Legal do Saneamento em 2020 – como nos casos da Cedae no Rio de Janeiro e da Sabesp em São Paulo e, ainda mais recentemente, da Agespisa no Piauí e da Cosanpa no Pará. No entanto, como demonstra a reportagem, a precarização é que tem sido o verdadeiro resultado da onda de concessões. 

OMS lança guia para diagnóstico, tratamento e cuidados da meningite

Na sexta-feira (10/4), a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou seu primeiro guia global para a meningite, contendo orientações para o diagnóstico, tratamento e cuidado. Em comunicado, a agência das Nações Unidas para a saúde explica que o volume reúne “as mais recentes recomendações baseadas em evidências, fornecendo uma ferramenta para a redução dos óbitos e deficiências causados pela doença”. 

Os dados mais recentes apontam que 2,5 milhões de casos da síndrome ainda são registrados anualmente no mundo, sendo 1,6 milhão destes associados à meningite bacteriana. Esta variedade da doença “mata uma a cada seis pessoas que a contrai”, alertou Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS. Na África Subsaariana, a agência identifica um “cinturão da meningite”, reunindo os países que concentram a maioria dos 240 mil óbitos anuais.

Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, contribua com um PIX para [email protected] e fortaleça o jornalismo crítico.

Leia Também: