Operações policiais afetam vacinação infantil
• Gripe aviária acende novo alerta • PM dificulta vacinação na Maré • Poluição e demência • A ataxia de Friedreich no Piauí • E MAIS: Zika; IA no hospital; Gaza; metanol •
Publicado 27/10/2025 às 13:58

Pesquisa aponta que, em dias de operação policial no Conjunto de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, há uma queda de 90% na imunização de crianças de 0 a 6 anos. O estudo foi lançado nesta sexta-feira (24) pelas Redes da Maré e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Em 2024, nos dias sem operações, foi registrada uma média de 187,3 doses aplicadas e 89 crianças vacinadas no território da Maré. Já nos dias em que operações policiais levaram ao fechamento de unidades de saúde na região, a cifra cai para uma média de 20 doses aplicadas por dia e apenas 9 crianças imunizadas.
O estudo também reúne relatos de gestantes, mães, cuidadoras de crianças de 0 a 6 anos e agentes comunitários de saúde. Os depoimentos revelam que a violência armada impacta o acompanhamento pré-natal e os primeiros meses de vida das crianças, com consultas canceladas, exames perdidos e atrasos no acompanhamento, afetando diretamente a saúde materna e neonatal.
Poluição do ar ligada a quadros de demência
O Relatório de Estado do Ar Global de 2025, publicado nesta quinta-feira (24), apontou que a poluição do ar contribuiu para 7,9 milhões de mortes em 2023. Dessas, 626 mil estavam ligadas a demência causada pela poluição.
O neurocientista da Universidade de Stanford, Dr. Burcin Ikiz, comentou: “Vários estudos mostraram associações consistentes entre a exposição de longo prazo a partículas finas (PM₂․₅), óxidos de nitrogênio e outros poluentes relacionados ao tráfego e maiores taxas de declínio cognitivo, doença de Alzheimer e demência por todas as causas”. Ele reforçou, ainda, que é hora de pensar políticas para combater essa questão.
Hoje, pesquisas já associam a exposição a PM 2,5 à doença de Alzheimer, bem como a outras formas de demência e ao comprometimento cognitivo leve em idosos. O debate passa a se tornar mais central ainda com o envelhecimento da população global e a piora progressiva na qualidade do ar, que hoje afeta a população mesmo antes de seu nascimento.
Um município no Piauí e um medicamento de alto custo
Em uma cidade no Piauí, 30 moradores foram diagnosticados com ataxia de Friedreich, condição rara que afeta nervos dos braços e pernas. O medicamento omaveloxolona pode retardar o avanço dos sintomas, mas uma caixa do remédio pode custar até R$181.789,02, preço máximo estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
Em artigo para Outra Saúde, Reinaldo Guimarães, médico sanitarista e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), já destacou a necessidade de desenvolver uma política para os medicamentos de alto custo: “É preciso reformular o papel do Estado, para que não permita que esses fármacos sejam determinados pelas ‘forças de mercado’”.
Ele reforça que a frequência do registro de medicamentos com preços insustentáveis é crescente e, embora atualmente eles representam ainda uma fatia minoritária em valor no mercado mundial, a velocidade de seu crescimento é a maior dentre todas as categorias de medicamentos. Para Guimarães, o fortalecimento da pesquisa, desenvolvimento e produção locais de itens relevantes e de complexidade crescente são passos essenciais no enfrentamento brasileiro da escalada de preços.
Zika e inflamação cerebral
Uma pesquisa feita pela Fiocruz Bahia descreve o único caso registrado no Brasil de inflamação no tronco encefálico, ou romboencefalite, associada ao vírus da Zika. Que complicações neurológicas são causadas?
IA nos hospitais de SP
O Hospital do Servidor Público Estadual e a Santa Casa, em São Paulo, passam a adotar técnicas de Inteligência Artificial para o auxílio dos médicos. Confira como o serviço pretende utilizar as ferramentas de IA.
Os corpos de Gaza, torturados
Com o cessar fogo na Faixa de Gaza, 195 corpos de reféns foram devolvidos ao povo palestino. As autoridades de saúde locais relatam que muitos contém lesões graves, ou se encontram nus, com as mãos e pescoços amarrados. Leia mais detalhes da denúncia.
Para analisar o metanol
O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (INCQS/Fiocruz) adquiriu 40 kits de padrão de álcool metílico, para auxiliar as análises laboratoriais de quantificação do metanol em bebidas e no sangue. Como o material será utilizado?
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