Obesidade pode atingir um terço do Brasil em 2030

Sem políticas públicas direcionadas à alimentação saudável e ao preço da comida, a questão do sobrepeso é individualizada – e não se resolve. O problema tem mais a ver com a fome do que se imagina…

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A obesidade pode alcançar 30% da população brasileira até 2030, segundo projeção elaborada pela World Obesity Federation, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). O fenômeno se repete no mundo, que em oito anos terá um bilhão de obesos: uma em cada cinco mulheres e um em sete homens. A maior parte dessas pessoas, segundo a projeção, está em países de renda baixa e média – e grande parte deles não têm sistemas de saúde preparados para cuidar de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes e hipertensão, provocadas pela obesidade. 

Assusta a velocidade com que a condição se espalha, nos últimos anos. Em 2010, 11,4% dos adultos estavam com o índice de massa corporal (IMC) acima de 30kg/m². Espera-se que a porcentagem seja de 17,5% dos adultos, em 2030. O Brasil está acima da média, como se vê. Poderá estar em quarto lugar em número total de obesos até a data – atrás dos Estados Unidos, China e Índia. O relatório alerta para o problema do sobrepeso e da obesidade, que podem quadruplicar os gastos em saúde no país até 2060. 

Doenças crônicas não transmissíveis foram responsáveis por 70% das mortes mundiais, em 2019, segundo as Estimativas Globais de Saúde divulgadas pela OMS. Uma reportagem do site O Joio e o Trigo, especializado em alimentação, lembra que há ações importantes que podem ajudar a conter o avanço dessas doenças, recomendadas pela própria Organização. Entre elas, estão a taxação de refrigerantes e bebidas adoçadas, o uso de alertas visíveis em embalagens de alimentos e a regulamentação da publicidade. Isso porque há cada vez mais evidências de que o consumo de alimentos ultraprocessados está relacionado à piora de diversos indicadores de saúde.

“O excesso de peso planetário está diretamente ligado com os nossos sistemas alimentares, controlados por grandes corporações agrícolas e de produção de comida. Estas privilegiam o cultivo de commodities, bem como a oferta de itens ultraprocessados, com excesso de sal, gorduras e açúcar, em detrimento do consumo de alimentos frescos”, segundo outra matéria do Joio

O empobrecimento da população, a fome e a falta de políticas adequadas também podem contribuir para o aumento de peso. Estima-se [com números de antes da pandemia e da crise econômica] que, em 2026, alimentos ultraprocessados serão mais acessíveis que a comida saudável – a in natura ou minimamente processada, segundo indicação do Guia Alimentar para a População Brasileira.

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