Resistência começa pela Petrobrás
Seminário nacional reúne, a partir de 2ª feira, movimentos em defesa da empresa, sindicatos, intelectuais e lideranças políticas. Objetivo é expor à sociedade desmonte e pilhagem organizados pelo governo – e tramar alternativas para o pós-Bolsonaro
Publicado 10/06/2022 às 20:43
O movimento embrionário – porém nítido – para retomar a formulação de um projeto de país – avançará em novo terreno, a partir desta segunda-feira (13/6). Um seminário nacional, via internet, debaterá alternativas ao desmonte da Petrobrás e à tentativa de entregar o pré-sal a petroleiras internacionais. O encontro reunirá ativistas, intelectuais, sindicatos e lideranças políticas. É uma resposta à série de atos do governo Bolsonaro para fatiar a estatal, privá-la de suas subsidiárias mais importantes e, ao fim, privatizá-la. Mas não será apenas um ato de resistência. Os organizadores – Sindicato dos Engenheiros de São Paulo (Seesp), Centro de Mídia Barão de Itararé e Outras Palavras – estão convencidos de que, para salvar a Petrobrás e o petróleo brasileiro, é preciso vinculá-los a um novo padrão de desenvolvimento – com bases opostas às do neoliberalismo.
O seminário começa segunda-feira (13/6), às 18h. A ideia é colocar em diálogo – e, se possível, em ação comum – os atores políticos que resistem à rapina da empresa. Tentarão fazê-lo o presidente da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar; Fernando Siqueira, diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás; Murilo Pinheiro, presidente do Seesp; representantes do PSB (Flávio Dino), PT (Érica Kokay), PDT (Paulo Ramos), PSOL (Sâmia Bonfim) e PCdoB (Jandira Feghali).
Mas o seminário tem também objetivos de formação política. Um dos grandes desafios da luta em defesa da Petrobrás e do petróleo é a inexistência de debate acerca do desmonte, na mídia comercial. Ao longo da terça-feira (14/6), haverá três diálogos para começar a sanar este déficit.
O primeiro, às 10h, intitula-se Radiografia do Desmonte e da Resistência. Traçará um panorama da pilhagem oculta promovida pelos dois últimos governos. O senador Roberto Requião reportará a defesa da empresa no terreno minado do Congresso Nacional. O engenheiro Paulo César Ribeiro de Lima argumentará que mesmo os primeiros governos de esquerda foram tímidos ao protegê-la – e esta atitude precisa mudar. O sociólogo William Nozaki adiantará algo sobre os planos dos partidos que apoiam Lula para o pós-Bolsonaro.
A defesa da riqueza petroleira do Brasil não é, porém, tarefa apenas da esquerda institucional. Às 14h, o tema será Caminhos para recuperar a empresa e o país. O geólogo Guilherme Estrella, que foi diretor de Exploração e Produção da Petrobrás e é considerado por muitos como o descobridor do pré-sal, narrará a saga que levou à descoberta dos campos gigantes – e argumentará que só uma empresa pública poderia empreendê-la. O advogado Gilberto Bercovici, professor titular da Faculdade de Direito da USP, apresentará seus estudos jurídicos, segundo os quais há caminhos reverter o desmonte, recuperar todas as subsidiárias amputadas da Petrobrás e renacionalizar o pré-sal – desde que haja vontade política e mobilização social. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo apontará os nexos entre a retomada da empresa com a reindustrialização do Brasil. Clarice Ferraz, professora da Escola de Química da UFRJ e diretora do Instituto Ilumina, abordará algo poucas vezes debatido, nos encontros sobre a Petrobrás: a possível participação da empresa na transição para uma economia pós-combustíveis fósseis…
Como furar, porém, o bloqueio das mídias tradicionais, diante de temas tão importantes e tão negligenciados? Este será o tema da mesa de encerramento do seminário, às 18h da terça-feira. Aportarão seus saberes a economista Juliane Furno, conhecida pela capacidade pedagógica de popularizar temas aparentemente áridos, e a jornalista Cláudia Santiago, articuladora de uma vasta rede de publicações dos movimentos sociais, sempre instigados à excelência e ao aprofundamento, em cursos promovidos pela Escola Piratininga. O autor destas linhas, também presente, procurará aprender com elas.
Ao falar em Petrobras a palavra resistência vai para além do desenvolvimento econômico. Ela significa a transição para um novo paradigma energético onde esta empresa assume compromisso com o planeta investindo em energias limpas propiciados pelos investimentos em educação, ciência e tecnologia.
Parabéns pelas dignas matéria aqui apresentada. Fico imaginando quantas pessoas aqui no Brasil por exemplo ficam assistindo de braços cruzados enqto poucas dão suas vidas pela Justiça.
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