O prato está vazio? Que comam ultraprocessados
Crônica de um adoecimento lucrativo. Nas mão das corporações, sistemas alimentares promovem dupla toxicidade: veneno no campo e “obesogênicos”. A “comida”, além da fome, torna-se mortal. Época de arraiás é convite para resgatar a culinária da terra
Publicado 02/07/2025 às 19:26

O que você faria se visse seu filho ou sua filha sofrendo com a privação de alimento em um nível que poderia significar a morte dele ou dela? Arriscaria a sua própria vida para conseguir comida? Seria capaz de cometer um crime? Aceitaria receber migalhas de qualquer tipo, mesmo que sejam “dadas” justamente por pessoas ou instituições responsáveis pela imposição da fome que vocês vivenciam?
Desde criança, ainda muito pequena, eu me fiz esse tipo de pergunta. E, só em pensar em uma delas, eu já sofria tanto, que terminava sempre por concentrar meus esforços em encontrar caminhos que pudessem impedir que seres humanos chegassem a esse ponto de desespero. Mas se, como eu, muita gente resolveu dedicar suas energias para que a fome extrema não se instalasse – e levasse as pessoas que dela estão sofrendo a tomarem atitudes que comprometam sua segurança e sua dignidade –, há quem atue sob uma lógica totalmente diferente.
Há milênios, métodos de destruição das condições materiais e imateriais que garantem a reprodução da vida de um determinado grupo populacional vem sendo ferramentas habilidosamente manipuladas por quem almeja o poder político-econômico. E essas ferramentas vão se complexificando com o avanço do desenvolvimento tecnológico e o aumento do conhecimento sobre o funcionamento do corpo e do comportamento humanos, bem como dos demais elementos e dinâmicas da natureza. Já na antiguidade, não era tão incomum testemunhar o envenenamento das águas de um poço como uma forma de enfraquecimento das condições de luta de uma comunidade considerada inimiga.
Sem água, fica-se sem produção agrícola, sem criação de animais, sem comida na barriga: quem teria forças para resistir aos ataques de um oponente nessa situação? Muitas outras maneiras de gerar fome e sede foram utilizadas, ao longo da história humana, para a conquista de territórios de povos que se buscava dominar. Desvio de cursos d’água, incêndios de ecossistemas e plantações, bloqueio de rotas de abastecimento, roubo de rebanhos, dizimação dos animais selvagens que eram comumente caçados ou pescados para servirem de alimento, destruição de armazéns, de cozinhas, de ferramentas… A coleção de táticas é grande e podemos dizer que seu uso contribuiu decisivamente para que muitos povoados sucumbissem.
Se apossar do controle de fontes de matéria prima pode ser considerado um objetivo em si, já que poderia representar a conquista de melhores condições de vida e o aumento de poder de um grupo humano sobre o outro. Mas também pode ser visto como um método para obter apenas este próprio poder (quando ele era o que diretamente se almejava), e os bens materiais implicados na conquista não eram assim tão essenciais ou atraentes para os supostos conquistadores.
As relações de conflito em torno dos chamados “recursos” naturais não passavam (e seguem não passando) somente pela disputa de quem vai ficar com eles, mas podem, também, incluir a busca intencional pela sua destruição, de modo a não ficarem mais disponíveis para ninguém. Ou seja, se eu passo bem sem esses recursos e meu inimigo não, posso perfeitamente acabar com eles, mesmo que abra mão de riquezas em potencial, considerando que o mais importante seria a conquista do poder sobre o território em questão ou sobre o povo que o habita.
Na linha de (des) montagem
Antes da implantação de um sistema industrial de produção de alimentos, havia basicamente duas possibilidades em relação à saudabilidade de um item comestível: ele estava apropriado para o consumo ou ele não estava. No caso de não estar, poderia ser por um processo de deterioração biológica, seja natural ou induzida, ou por estar contaminado com algum tipo de veneno, seja por um ato intencional ou não. Mas tudo complicou bastante quando, ao invés de você e eu cultivarmos, colhermos e cozinharmos um determinado cereal ou tubérculo, por exemplo, nós passamos a adquirir um produto derivado deles, que passou por várias etapas de processamento e muitas e muitas mãos (ou máquinas), antes de chegar ao nosso prato.
Estamos falando de circuitos longos, complexos e lineares de produção (tanto agropecuária como industrial), circulação, comercialização, consumo e destinação de resíduos de alimentos. Dentro desse sistema, as pessoas que plantam e as pessoas que comem não fazem ideia de tudo o que acontece entre essas duas ações, nem do que virá na sequência – o modo como se dará o encaminhamento da matéria orgânica restante e seus efeitos no ambiente.
Da terra ao aterro, a comida nos dias de hoje costuma percorrer um caminho finito, em que o que é retirado da natureza não volta para ela. Quebra-se, assim, o ciclo de fertilidade do solo e a percepção de que tudo está interligado, o que leva à destruição da capacidade de cada comunidade de entender o processo em sua totalidade e decidir o que será ou não produzido e ingerido. Ou seja, adeus soberania alimentar.
E, nas esteiras de montagem que caracterizam esse modelo produtivo, desmontam-se também os laços ancestrais mantidos pelos povos entre seus integrantes, destes com os ecossistemas em que vivem, bem como com as tradições culturais que foram sendo gestadas através de gerações e gerações – e que, em sua grande maioria, estavam vinculadas ao plano da espiritualidade, conferindo ao alimento uma dimensão sagrada. Pois tudo isso acaba por submergir e dar lugar ao alimento-mercadoria, que pode chegar em praticamente qualquer lugar do planeta, desde que alguém pague e alguém ganhe com ele. Um detalhe importante: há muito mais gente que paga (de diferentes maneiras, não só com dinheiro) do que gente que ganha, sendo esta última uma minoria da minoria da população planetária.
Quando quem decide o que vamos comer é uma rede corporativa, cujo objetivo principal é a maximização dos lucros, ficamos sujeitas e sujeitos a só ter acesso ao que, para ela, é mais lucrativo ser produzido e comercializado. E, cada vez mais, o que traz polpudos rendimentos a essa indústria é a cadeia de alimentos ultraprocessados, os chamados UPPs.
A comida (não só a falta dela) como arma
A engrenagem produtiva dos UPPs começa com as sementes geneticamente modificadas em laboratórios; passa pelas monoculturas mecanizadas cheias de agrotóxicos e fertilizantes químicos; pela criação confinada (e sádica) de animais; pelas diferentes categorias de indústrias de produtos comestíveis; pela circulação de mega frotas de caminhões (responsáveis pela distribuição em locais muitas vezes distantes milhares de quilômetros da origem) e pela venda em grandes redes atacadistas e varejistas.
Vai descambar, enfim, na geração de montanhas de resíduos sólidos, que podem ser de dois tipos: orgânicos e não orgânicos. A maior parte dos resíduos orgânicos – incluindo uma quantidade considerável de alimentos que ainda poderiam ser aproveitados – provavelmente jamais será compostada. Por sua vez, os resíduos não orgânicos (e aqui vale destacar que não é por acaso que a Coca-Cola, a PepsiCo e a Danone sejam as empresas recordistas da poluição “plástica” mundial) têm apenas uma pequena chance de serem reciclados. O mais provável é que se juntem ao volume monumental de materiais não biodegradáveis que já invadiram os ambientes naturais e os nossos corpos.
E já que mencionamos os corpos humanos, chegamos ao momento de refletir sobre os efeitos do alto consumo desses produtos alimentícios ultraprocessados no nosso organismo. Sobre isso, existem pesquisas científicas suficientes para afirmarmos que são devastadores. Uma delas relaciona sua ingestão frequente com a morte precoce e o desenvolvimento de 32 tipos de doenças, que vão desde diabetes a câncer, percorrendo todo o abecedário do que denominamos DCNTs – Doenças Crônicas Não Transmissíveis – responsáveis pela maior parte da atual crise na saúde pública global.
Já escrevi sobre as relações de dependência que nosso cérebro desenvolve com o consumo de produtos lotados de açúcar, gordura, sal e aditivos – cuidadosamente misturados para gerar prazer imediato a quem os devora. No artigo Big Techs e Big Foods, um casamento lucrativo, discuto como, com o advento das redes sociais digitais, igualmente viciantes, houve uma captura ainda maior da capacidade de resistirmos a esse consumo doentio.
Nosso impulso tem sido, cada vez mais, trocar o velho prato de arroz-feijão por um pacote de qualquer coisa feita com farinha refinada, óleo vegetal transgênico, adoçante (seja derivado da cana-de-açúcar ou artificialmente sintetizado em laboratório) e um mix de aromatizantes, corantes, flavorizantes, emulsificantes, estabilizantes e outras substâncias sobre as quais não temos o menor conhecimento.
Uma vez que as análises de resíduos de agrotóxicos são feitas apenas em amostras de produtos in natura, há um grande desconhecimento sobre a presença deles nos alimentos ultraprocessados. Porém o levantamento Tem Veneno nesse Pacote, feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), traz resultados consistentes de que eles estão, sim, presentes nesses produtos, somando-se à mistura de substâncias sintéticas prejudiciais ao organismo que já descrevemos acima.
É nesse ponto que a “comida” deixa de ser algo que promove a saúde e passa a ser um indutor de doença – e de morte. Sim, estamos falando de sua utilização como arma. Agora não é só a restrição do acesso ao alimento que pode ser uma ferramenta mortal, numa luta pelo poder político e financeiro. A oferta seletiva, caprichando no que eu chamo de ultraprocessados e ultraenvenenados, pode ser igualmente esmagadora.
Em tempo: contra o ultra-envenenamento, os movimentos sociais brasileiros acabamos de vencer uma batalha importante nesse cabo de guerra com as corporações agroquímicas. Finalmente, o decreto que oficializa o PRONARA – Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos – foi assinado pelo presidente Lula, após uma mobilização que se estendeu desde 2014 até agora. A assinatura, conquista histórica da sociedade, ocorreu na ocasião do lançamento do Plano Safra para a Agricultura Familiar, no dia 30 de junho.
O obesogênico way of life estadunidense
Hoje, um habitante dos EUA costuma consumir, em média, 3.868 calorias ao dia. Olhando mais detalhadamente, uma porcentagem considerável delas provém de carboidratos pobres em nutrientes, gorduras não saudáveis e produtos de origem animal industrializados, como carnes embutidas. Não é à toa que mais de 200 milhões de estadunidenses apresentam ocorrência de obesidade ou de sobrepeso. Essa é a parte mais visível do problema, mas ele se estende para o adoecimento físico e mental em diferentes modalidades e impulsiona um outro setor dos negócios, além do agroalimentar: o da indústria farmacêutica.
Apesar do drama gerado por essa parceria lucrativa e macabra entre essas elites econômicas gananciosas, ainda é veiculada aos quatro ventos a ideia de que o tal “modo de vida americano”, com seus supermercados abarrotados de UPPs [ultraprocessados], é o paraíso na Terra e deve ser almejado por toda a população planetária.
Já sabemos como os governos e as big empresas dos EUA infestam o planeta com as armas produzidas por sua insaciável indústria bélica – fomentando guerras infindáveis em territórios que, a princípio, nada teriam a ver com eles. O que não podemos esquecer é que eles também impõem seus padrões “anti-comida” mundo afora: um instrumento de destruição menos sangrento, mas extremamente potente.
As consequências desse tipo de canto da sereia, entoado por uma rede de marquetagem tão robusta quanto a estrutura militar, são dramáticas e estão na base da crise sistêmica que o mundo vive hoje – chamada de Sindemia Global. É o colapso conjunto do ambiente, do clima e da saúde pública (para ficarmos por aí), que podemos ver se desenvolvendo de modo cada vez mais acelerado.
E, assim como o processo de dominação imperialista é em si materialmente violento, lançando mão de suas armas militares, agroalimentares, farmacêuticas… para destruir a resistência dos povos (a serem) dominados, ele exerce um tipo de violência que transcende a materialidade. Através da ilusão de que a felicidade pode ser gerada pelo consumo proporcionado por um modelo neoliberal de vida, ele visa destruir qualquer outra possibilidade de estrutura social imaginada.
É desse modo, que pessoas famintas em decorrência do extermínio de seus meios de obtenção de comida – sejam africanas, asiáticas ou latino americanas – passam a sonhar com hambúrgueres, biscoitos recheados e refrigerantes, ao invés de seus pratos tradicionais saudáveis, responsáveis por nutrir gerações sem esgotar os tais “recursos” naturais. E é assim, também, que a indústria alimentícia, aliada aos demais setores corporativos aqui mencionados, consegue ter domínio sobre os elementos da natureza nos territórios.
Um exemplo gritante é a apropriação que ela vem fazendo das fontes de água das comunidades, sugando-as vorazmente para produzir suas bebidas artificiais, ao mesmo tempo em que repete seu mantra onipotente: tá com sede? Beba cola.
Arapucas e carapaças
Quando é mais fácil, mais barato e mais sedutor tomar um refrigerante, ao invés de um copo de suco natural, de leite ou até mesmo de água, já que uma complexa teia de benesses e manipulações garante esse cenário, significa que, na prática, se exterminou a possibilidade de escolha por parte dos que são chamados de “consumidores”. Em relação às guloseimas sólidas ultraprocessadas, como as tais balas mencionadas (com duplo sentido) no título deste artigo, também podemos seguir esse raciocínio.
Desse modo, um troço qualquer, feito com corantes, aromatizantes e (muito) açúcar, ou com milho e soja transgênicos, embalado em um pacote reluzente, acaba sendo mais acessível e desejado do que uma fatia de cuscuz ou uma porção de tutu de feijão. E esse tipo de pacote chega até a lua, se necessário, como podemos constatar em relação às barcas que percorrem a Amazônia, transformando as relações que os povos locais têm com o alimento e a própria natureza.
O que fazer se o modelo produtivo capetalista causou a seca e a contaminação de seus rios e vocês não têm mais peixe para pescar nem água para cultivar a roça? Pois tomem e comam nossos deliciosos UPPs – devidamente subsidiados pelo poder público – e sejam (in) felizes para sempre!
Aos poucos, pessoas de todo o planeta foram caindo nessa arapuca, armada pela rede corporativa globalizada, para que seja esta última a responsável por definir quem passa fome e quem come o quê, nos lugares onde se infiltra. E as múltiplas formas de violência, incluindo a militar, policial ou miliciana, amplificam desigualdades e insuflam conflitos locais, regionais e nacionais.
Nesse sentido, podemos mencionar os cercos promovidos por organizações armadas, como o grupo Invasão Zero, aos povos campesinos e originários que tentam criar ou manter seus modos de produzir e consumir comida. Também podemos citar a exploração brutal feita por plataformas de aplicativos de entrega de alimentos, como o Ifood, sobre as populações das periferias urbanas, sujeitas à engolir às pressas um cachorro quente e um refrigerante entre uma viagem e outra, sendo alvos recorrentes das batidas policiais. E, ainda, podemos falar do assédio que setores ligados à especulação imobiliária fazem a organizações e lideranças, como o Padre Júlio Lancellotti, por alimentarem pessoas “indesejáveis” em zonas centrais das cidades… As balas, não apenas as comestíveis, estão indubitavelmente presentes.
Quem sente fome se coloca numa situação de intensa vulnerabilidade. Cair numa arapuca, mesmo que seja anunciada previamente, é quase inevitável. Talvez o caso mais emblemático dessa constatação seja o do povo que vive hoje em Gaza, sobre o qual já escrevi anteriormente. Depois de tantos massacres, em que as condições mínimas para a sobrevivência se romperam, deixar de ir até um raro e esporádico local de distribuição de comida e água, por saber que as metralhadoras da indústria bélica internacionalizada estão de prontidão para dispararem, não é uma opção.
Quem não nem comida no prato, acaba se expondo mortalmente e ajudando a engordar os lucros trilionários dos senhores da guerra, sempre revestidos de sólidas carapaças e localizados a dezenas de milhares de quilômetros de distância das regiões em que balas e bombas põem um ponto final à fome de quem insistia em sobreviver, quando sua existência havia se tornado um incômodo para os dominadores.
Se alguém ainda precisa de mais uma prova das relações dramáticas que existem entre armas e comida, pode dar uma olhada no Relatório que a Rede Global contra Crises Alimentares (GNAFC) lançou recentemente. Aqui vai um resumo: na raiz da fome extrema, vivenciada no planeta em 2025, o que pode ser apontado – sem sombra de dúvida – são mesmo as ações militarizadas.
Fogueiras nutritivas
Estamos no período junino-julino. É tempo dos arraiás! As noites de muitos povoados brasileiros se iluminam com as fogueiras crepitando. Os estalos são da madeira queimada pelos adultos ou dos embrulhinhos de pólvora jogados no chão pelas crianças. As quadrilhas são de dançarinos e dançarinas. A cadeia é só um faz de conta, uma forma de cutucar afetos e desafetos. O líquido vermelho é do vinho quente ou da calda da maçã do amor. A trilha sonora traz canções que falam da cultura caipira, da devoção aos santos, de romances e aventuras. Nada de sirenes apitando ou mísseis silvando pelo céu.
É fato que os produtos alimentícios industrializados – como as salsichas fornecidas pela cruel rede frigorífica de embutidos, e as cervejas oriundas das mega companhias de bebidas, ambas repletas de ingredientes impactados pela transgenia – estejam ganhando espaço nesses festejos tradicionais. Mas ainda há lugares em que o forte mesmo são as receitas feitas com milho crioulo, com mandioca, com amendoim, com gengibre… preparadas de modo caseiro pela comunidade, algumas vezes de forma coletiva.
Foi essa rede de coletividade, composta por cozinheiros e cozinheiras ativistas, que garantiu os quitutes servidos no dia 14 de junho no Arraiá do Espaço Cultural Elza Soares, mantido pelo MST na região central de São Paulo. Enquanto choviam balas e projéteis em diversas regiões do mundo – sejam regiões onde há guerras declaradas ou onde há guerras não assumidas -, a Cozinha-escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins, assim como outras milhares de cozinhas comunitárias, inundava os ares com aromas de caldos, farofas, curais e outros mexidos suculentos feitos com alimentos agroecológicos de assentamentos da Reforma Agrária.
Nessas cozinhanças, ficaram de fora os venenos agrícolas, os grãos transgênicos, as carnes maltratadas vindas das granjas das empresas do Agribusiness, os aditivos viciantes oriundos dos laboratórios da indústria alimentícia, a opressão militarizada dos conflitos agrários e urbanos. Ficaram de fora as balas, sejam as que são disparadas por exércitos ou por milícias, sejam as que lotam os mercadinhos de doces industrializados que se espalham aos quatro ventos nas periferias. Ficaram de fora as armas, sejam em forma de metralhadoras ou em forma de UPPs.
Que os bolos caipiras – de milho, coco, pinhão, mandioca, fubá, laranja, aipim – possam encher os ares com os perfumes da culinária da terra. Que as fogueiras juninas e julinas dos arraiás agroecológicos sigam aquecendo os corpos, irradiando esperanças e nutrindo a luta. As guerras são muitas, mas as formas de resistência também são e as relações estabelecidas com o alimento transpassam a essência de ambas. Sigamos cultivando a vida nos campos, cidades e florestas, cozinhando comunitariamente nossas receitas milenares, alimentando nossas almas.
Viva nossos bolos caseiros! Basta de balas e colas!
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