Como participar do Fórum Popular da Natureza

Etapa não presencial do evento tem nomes como Miguel Nicolelis, Julieta Paredes e Alberto Acosta, além e oficinas autogeridas. Organizado por movimentos ambientais e sociais, encontro alerta: a virada socioambiental precisa começar já

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O Fórum Popular da Natureza acontece, em uma primeira etapa, entre os dias 1º e 10 de junho, e está sendo veiculado na internet, via redes sociais, devido à pandemia. É possível acompanhá-lo ao vivo ou assistir aos debates que já aconteceram no YouTube. Entre os participantes estão Alberto Acosta, Sônia Guajajara, Miguel Nicolelis, Vijay Prashad, Julieta Paredes, Débora Rodrigues, Alex Cardoso e Miriam Nobre. Há oficinas desde arte indígena a jornalismo comunitário. Nas rodas de conversa, debate-se ciência, economia, mudanças climáticas, biodiversidade. Em apresentações artísticas, figuras como Zé Celso, André Abujamra e Benjamim Taubkin. Veja, ao longo da matéria, links para os melhores momentos do Fórum até agora.

Eu gosto muito da imagem descrita por Eduardo Galeano, quando ele fala da resposta dada pelo cineasta argentino Fernando Birri a um estudante colombiano que pediu para que ele explicasse pra que servia a utopia. Galeano, surpreso, ficou apreensivo e relatou a tranquilidade com que Birri dizia que a utopia era a linha do horizonte, cada passo que ele dava em sua direção a linha avançava um passo. Pra que serve a utopia? Ela serve para fazer eu andar. A imagem é inspiradora. Colocar-se em movimento é fundamental para que continuemos vivos e alimentemos o futuro. No entanto, na quadra histórica em que vivemos, não adianta andar, é necessário correr.

O modelo de produção colocou aos humanos o dilema: ou mudamos nossa relação com a natureza ou sucumbimos enquanto espécie. As ameaças são reais. As pandemias são uma das faces do processo, mas os desflorestamentos na Amazônia e na Ásia, a elevação da temperatura da terra e dos oceanos, a contaminação dos solos e o aumento dos eventos extremos que, invariavelmente atinge as populações mais pobres do planeta, criam um cenário imprevisível para a manutenção da vida.

O Tibungo #7, podcast de Outras Palavras, abordou a iniciativa do Fórum Popular da Natureza e sua proposta para articular organizações e movimentos sociais em torno da pauta ambiental.

No Brasil a sinceridade do ministro do meio ambiente revela não apenas o seu caráter e do governo Bolsonaro, mas o significado do projeto das classes dominantes tão acostumados que estão com a ocupação dos bens comuns e a violência como método. A resistência tem várias formas no Brasil e no mundo.

Aqui estamos vivendo a experiência de lançamento do Fórum Popular da Natureza, que congrega diversas organizações e movimentos que fazem a luta e querem potencializar os enfrentamentos, ampliar o debate e fazer a transformação que precisamos para frear esse trem desgovernado.

A pandemia nos obrigou alterar a lógica do Fórum, que inicialmente foi pensado como um evento presencial, mas que não seria apenas um evento, mas um processo de construção coletiva de um movimento popular em defesa da natureza. A pandemia nos obrigou a realizarmos algumas mudanças. Do dia 01 até o dia 03 aconteceram 14 oficinas autogestionadas que abordaram temas como a Amazônia, populações indígenas, agroecologia, água como direito. Nos dias 4, 5 e 6 a programação foi estruturada com lives (eu cada vez menos gosto dessa palavra) pela manhã trazendo o debate sobre ciência e natureza, que contou com a presença de Miguel Nicolelis, Vsjai Prashad, Luiz Marques e Marildo Menegat, no dia 4; outro sobre economia e natureza com o economista equatoriano Alberto Acosta, a indígena ecofeminista Julieta Paredes e Débora Rodrigues da Abong e, no dia 06, os Movimentos Populares e a natureza, com Sonia Guajajara da APIB, Alex Cardoso do MNCR (Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis), Miriam Nobre da Marcha Mundial de Mulheres e Adriana Lima, do Fórum dos Povos e Comunidades Tradicionais.

As tardes dos dias 4, 5 e 6 foram destinadas apresentação artistas e debates sobre cultura e meio ambiente.

Nas noites desses dias foram feitas rodas de conversa sobre o papel das frentes parlamentares ambientalistas (dia 4), Capitalismo, Mudanças Climáticas (5) e Lutas para adiar o fim do Mundo (6), contando com a presença de Nilton Tato, Marcelino Gallo, Suely Araújo, Sabrina Fernandes, Rob Wallace, Eliane Brum, Paulo Junqueira e Chirley Pankará.

Nos dias 7, 8, 9 e 10, mais 23 oficinas sobre temas diversos relativos aos desafios que dessa transformação que necessitamos e a programação está disponível no site do Fórum. O material ficará disponível no Facebook e no nosso canal do YouTube.

O Fórum, como espaço coletivo, continua olhando a linha do horizonte e a utopia de reconstrução do metabolismo do humano com a natureza, destruído pelo capital, lá está nos movendo rapidamente.

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