É possível pensar o Brasil após o neoliberalismo?

Outras Palavras lança série de entrevistas públicas para pensar o país livre da lógica do capitalismo financeirizado. Iniciativa inspira-se nas recentes revoltas na América do Sul. Reforma Tributária Real e Reforma Urbana serão primeiros temas

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PRIMEIROS ENCONTROS:
> Reforma Tributária Real, com Paulo Gil Introini
Terça-feira, 19/11, às 19h
> Reforma Urbana e Transformação das Periferias, com Ermínia Maricato
Quarta-feira, 4/12, às 19h

Livraria Martins Fontes: Rua Doutor Vila Nova, 309 – Vila Buarque (mapa) – Metrô Higienópolis — São Paulo

Chile, Argentina, Equador, Haiti. Uma onda de contestações populares aos governos de direita percorre a América Latina. Como torná-la real no Brasil?

Não será possível sair de nosso labirinto sem voltar a imaginar o futuro. Outras Palavras propõe uma sequência de encontros com pensadores e ativistas cujos saberes e práticas inspiram um novo país – e a possível virada. Os diálogos pretendem superar uma atitude apenas denuncista e reativa. Seu objetivo não é repisar as mazelas do capitalismo e de nossa sociedade colonizada — mas vislumbrar a transformação e as brechas que permitem tentá-la.

O primeiro tema é crucial: Reforma Tributária. Desigual e empobrecida, a sociedade brasileira precisa de uma revolução de direitos sociais e serviços públicos. Mas desde 2015 – e em especial após o golpe e Bolsonaro-Guedes – o ambiente político está tomado pela ideia, mil vezes repetida, de que “o Estado quebrou” e por isso é preciso “ajustar”, “apertar os cintos”, “reduzir”, “cortar”.

É preciso contrapor, a esta cantilena castradora, a ideias de Justiça Social e proposta de impostos sobre os ricos e corporações – instrumento essencial para alcançá-la. Há espaço: cresceu muito, nos últimos anos, a sensação de que a desigualdade tornou-se abjeta e insustentável. Avançou, também, a consciência de que a carga tributária recai sobre a maioria e poupa os privilegiados. E a exigência de serviços públicos de qualidade está presente mesmo entre os mais conservadores.

Mas como construir, concretamente, uma proposta de Reforma que seja profunda e radical (pela qual valha lutar…) e, ao mesmo tempo, concreta e viável (que não se reduza ao devaneio)? Como tributar o 1% mais rico, as movimentações financeiras, as propriedades rurais, as exportações de minérios e commodities agrícolas? De que forma evitar que estas medidas provoquem mais evasão, por meio dos paraísos fiscais e guerras tributárias internas? Quais os caminhos para aliviar o ônus dos mais pobres? É possível pensar, também, em tributos ambientais?

Esta primeira provocação dos Diálogos por Outro Brasil será conduzida pelo auditor fiscal Paulo Gil Introini. Ele é, há pelo vinte anos, personagem central das reflexões e lutas sobre o tema. Foi um dos formuladores do documento Reforma Tributária Solidária (site | texto final | síntese), provavelmente o estudo mais completo sobre o assunto já produzido no Brasil. É diretor do Instituto de Justiça Fiscal.  Presidiu o Unafisco (sindicato nacional dos auditores da Receita) entre 1999 e 2003.

A série de entrevistas públicas prosseguirá, ainda em 2019, com mais dois encontros, sobre outros temas de enorme relevância. Em 4/12, a arquiteta e urbanista Ermínia Maricato falará sobre Alternativas para a Reforma Urbana e a Transformação das Periferias. Duas semanas depois, entrará em pauta Segurança Cidadã e Fim do Genocídio Negro. A programação será retomada já no começo de 2020. Estamos convencidos de que resgatar a proposição, permitir que a sociedade vislumbre alternativas, criar condições para superar o cenário de defensiva são tarefas inadiáveis.

Cada encontro dos Diálogos por Outro Brasil, será aberto por uma apresentação inicial, do ativista ou pensador convidado. A equipe de Outras Palavras fará perguntas que buscarão aprofundar ou explorar novos aspectos do tema. Na sequência, o público dialogará com o entrevistado.

Os encontros são parte do esforço de Outras Palavras para ampliar seu projeto editorial. Em 2020, quando completa dez anos, o site perseguirá três objetivos novos: dedicar-se também a grandes reportagens, retomar de modo ampliado a produção audiovisual e lançar um boletim diário de notas breves sobre a conjuntura nacional e internacional – com viés claramente pós-capitalista. Para isso, Outras Palavras iniciará em breve uma campanha para ampliar o programa Outros Quinhentos, por meio do qual os leitores sustentam o site autonomamente.

Faz parte deste movimento estabelecer novas parcerias. A primeira delas, com a Editora e Livraria Martins Fontes, já garante aos membros de Outros Quinhentos descontos de 20% a 50% em livros. A partir de agora, permitirá que Outras Palavras, além de sua produção editorial, realize encontros presenciais. É algo que nos parece essencial, num país que mergulhou em depressão e busca saídas. Os Diálogos para Outro Brasil são apenas o primeiro passo.

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