A trupe dobrou a última curva. Já não se via o palhaço, nem o passo dos jovens foliões. Só o eco do canto persistia, espalhando-se pela noite como se quisesse costurar cada vazio, cada medo, cada esperança. Um canto novo anunciava, no seu modo simples, que a dor não terá a última palavra
Nouvelle vague narra Godard num conturbado set de filmagens, em busca de algo nada modesto: criar outras formas de expressar o real por meio de som e imagem. Os diálogos são frases de efeito ditas de fato e, sem presunção, obra furta-se a emular a linguagem do cineasta francês
É no conflito com a sociedade brasileira – inaceitável e reiterativa – que as obras de Mário de Andrade e Silviano Santiago ganham forma: realizada e utópica. Ao fazer do puxar-conversa um método, ambos mostraram-se mestres da deseducação, perigosíssimos como Sócrates
As mãos dos poderosos seguem sujas de sangue ancestral: da colonização ao marco temporal. Um levante tardará? Quem sabe. Mas o Brasil “irá acordar,/ seja pela manhã,/seja à tarde, noite, madrugada”. Leia nossa coluna Povo em Poema
Um menino hiperativo é deixado por alguns minutos sozinho, como reprimenda. Desaparece. Em plano sequência, O castigo retrata a busca dos pais e expõe contradições e fragilidades humana, especialmente o tema da maternidade de forma crua, sem idealização
Homenagem a um pequeno grupo de jovens que, em 1943, desafiou o nazismo. Imprimiram cartas. Espalharam, em sigilo, pétalas pelos ares. A lâmina desceu – a lâmina sempre desce. Mas uma flor cortada não está morta: sempre é possível fazer algo!