Nossas editoras nas mãos do capital estrangeiro

País perde a editora Companhia das Letras, agora controlada pelo maior conglomerado editorial do mundo. Desnacionacionalização revela falta de política pública: se fosse por falta de leitores, por que estariam comprando?

O vilão Pinguim, em cena do filme Batman Returns, de 1992
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Na semana do Dia Internacional do Livro, o mercado editorial brasileiro respira por aparelhos. O panorama geral revela: duas das maiores redes de livrarias — Cultura e Saraiva — estão em recuperação judicial. Seu fracasso provoca o supultamento de dezenas de editoras. Entre as sobreviventes, a “saída” se dá pela venda de grande parte de seu capital aos gigantes estrangeiros, como ocorreu no recente caso da Companhia das Letras.

Em outubro passado, o Valor Econômico revelou que a Penguin Random House (PRH) – maior grupo editorial do mundo – assumiu o controle acionário da editora. Conhecida pelo imenso catálogo — 4500 títulos, que têm por autores 34 vencedores do Nobel de Literatura e muitos dos principais escritores brasileiros — a editora foi fundada e pertencia à família Schwarcz. Esta mantém, agora, a posse de apenas 30% das ações. Segundo Luiz Schwarcz, a decisão teve a ver com “visões de longo prazo em relação ao mercado livreiro”.

Sabe-se, porém, que a editora perdeu R$ 26,4 milhões com Cultura e Saraiva. Por isso, questiona-se: o mercado editorial brasileiro estaria atrelado a um varejo concentrado em pequenos grupos, que monopolizam a compra e venda de livros no país?

A desnacionalização, é claro, não se limita às editoras. Nos último cinco anos, quase 400 empresas brasileiras passaram a ter controle do capital estrangeiro. Seja como for, a perda da Companhia das Letras é mais uma significativa derrota, além de abrir precedentes para que mais empresas se curvem diante das presas do mercado financeiro.

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