Fabricando desemprego, atraso e dependência

Déficit externo da Industria brasileira dispara e confirma: país assume posição de colônia. Retomada segue possível — mas exige imenso esforço e planejamento, que mercado é incapaz de realizar

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É fato mais que comprovado que vêm da indústria a independência econômica estratégica, o avanço tecnológico e da ciência aplicada e os empregos de melhor remuneração, diretos e ao longo de uma extensa cadeia a montante e a jusante.

A opção suicida pela desindustrialização precoce – caminho que o Brasil vem trilhando desde a invasão rentista dos bárbaros de Collor – consome reservas cambiais; nos condena ao atraso produtivo; exige voracidade na extração de pedra e óleo cru, na engorda de bichos e no embarque de grãos in natura; desemprega e paga salários cada vez mais vis.

O Brasil já foi forte exportador industrial, principalmente em produtos de média tecnologia, e cada vez mais supria seu mercado interno em todas as faixas de demanda. Caminhava para ter presença decisiva nos setores de ponta da indústria de transformação.

Hoje somos o que o Valor noticia na capa, uns primários comprando espelhinhos de gringo.

“O déficit da balança comercial da indústria de transformação cresceu 60% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado e atingiu US$ 6,8 bilhões. O resultado negativo indica a manutenção da tendência de deterioração do saldo do setor verificada nos últimos anos. No primeiro trimestre de 2017, o déficit foi de US$ 2,5 bilhões e de US$ 4,3 bilhões um ano antes.

O fraco desempenho dos bens industriais contribuiu para reduzir o superávit da balança como um todo para US$ 10,5 bilhões no período. Mesmo com a melhora do saldo comercial dos bens primários, esse valor foi o menor para o primeiro trimestre desde 2016.”

Reindustrializar é tarefa urgente. Só que não ocorre “espontaneamente via sabedoria de Homer Cado”. É tarefa árdua, planejada, estimulada e dirigida pelo Estado, como comprovam todas as experiências bem sucedidas, em todo o mundo, de saída das armadilhas da renda média e da superprimarização das economias nacionais.

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