Nas redes, o bolsonarismo segue ativo

Popularidade do governo despenca, mas pequeno núcleo de seguidores causa no Twitter e outros espaços virtuais. Eis um mapa

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Nas pesquisas de opinião, o presidente despenca. Das ruas, seus seguidores sumiram (há sinais da “mega-manifestação” que fariam em favor da Lava Jato neste domingo?). Mas nas redes sociais, o bolsonarismo persiste como um fenômeno importante. Uma reportagem de O Globo, publicada no início do mês, ajuda a entender por quê.

A partir de consulta a centros de investigação como o Laboratório de Estudos e Imagens de Cibercultura (o Labic, da UFES) e a empresa Arquimedes, os jornalistas Gustavo Schmitt e Sérgio Roxo mapearam atividade especialmente intensa de um pequeno grupo de seguidores de Bolsonaro nas redes – em especial, no Twitter, onde, segundo o pessoal entrevistado pela reportagem, “nascem os temas que serão discutidos”. Não se sabe, mostra o texto, se são humanos ou robôs. O certo é que, nos últimos meses, um grupo de pouco menos de 6 mil usuários (apenas 9% do total) tem produzido quase 50% das postagens políticas. Um único perfil (@gomes28774783) fez, em duas semanas, 3170 publicações, chegando, em certos períodos, à incrível média de 16 por minuto.

“Os dados revelam que perfis atuam deliberadamente tentando impor uma narrativa em relação aos fatos”, afirma Sergio Denicoli, diretor da AP/Exata, uma das fontes consultadas. O comportamento parece muito compatível com as estratégias políticas inauguradas pela Cambridge Analítica: presença enorme – e muito articulada – nas redes sociais, para dar demonstração de força e capacidade de mover a opinião pública. Não é à toa que, em todos os pontos do espectro político, continua havendo quem acredite na forma mobilizadora de grupos como o MBL e o Vem pra Rua.

Há um efeito colateral que provavelmente os criadores da estratégia não são capazes de compreender. Confiante demais na atividade febril que é fácil produzir nas redes sociais, os partidários de Bolsonaro podem ter se esquecido de que esta ação frenética não corresponde necessariamente aos humores da opinião pública. Talvez por isso, o presidente e alguns de seus ministros mostrem-se, às vezes, tão irrealisticamente confiantes…

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