Lembrança dos ventos no fundo do mar
Publicado 20/06/2017 às 09:37
A atmosfera é uma camada tão fina que um sopro pode fazê-la desaparecer. A vida é grandiosa, mas mais precária do que lembramos todos os dias. Porque somos tão pequen@s….
Nota de Patrícia Cornils
Coisas do mundo… A primeira vez que me dei conta de que venta no fundo do mar foi quando estava mergulhando ao lado de um atol e, numa rachadura na parede de coral por onde a água entrava, ficamos nos segurando nas pedras do chão e sentindo, como bandeiras estendidas, que ela vinha em rajadas. “A água é como o vento!!”, eu sentia, conforme as rajadas nos empinavam e depois… paravam. Lindo, como um silêncio no movimento. Se eu nunca tivesse lido A Luz é Como a Água, um conto maravilhoso do Garcia Márquez, talvez não tivesse conseguido formular isso tão claramente.
Daí outro dia li este poema da Emily Dickinson (desculpem a má tradução):
I think that the Root of the Wind is Water —
It would not sound so deep
Were it a Firmamental Product —
Airs no Oceans keep —
Mediterranean intonations —
To Current’s Ear —
There is a maritime conviction
In the Atmosphere.
Acho que a Raiz do Vento é Água —
Ele não soaria tão profundo
Fosse um Produto do Firmamento —
Ares não soam Oceanos —
Toadas Mediterrâneas —
A Ouvidos de todo dia —
Há uma convicção marítima
na Atmosfera.
A primeira vez que me dei conta com clareza de como a Terra é frágil foi ao entrevistar Mark Shuttlewoth, criador do Ubuntu, milionário da internet que usou parte de sua fortuna para se tornar o primeiro civil a viajar até a Estação Espacial. A conversa era sobre tecnologia mas no final não resisti. Queria falar sobre o que importa… “Como é a Terra vista de lá?. É mesmo azul?”, foi o que consegui perguntar. “A atmosfera é uma camada tão, mas tão fininha, que parece que um sopro pode fazê-la desaparecer.” A vida é grandiosa mas mais precária do que lembramos todos os dias. Porque somos tão pequen@s….