Gaza: até EUA opõem-se a nova ofensiva de Israel

Conselho de Segurança da ONU examina novas propostas de cessar-fogo. Mudança na posição de Washington confirma acerto das críticas de Lula

.

“Israel está perdendo a guerra”, apontou um texto de Outras Palavras, há mais de dois meses, quando a hipótese parecia ousada. Nas últimas horas, porém, surgiram novos sinais de que Tel-Aviv está cada vez mais isolada, em sua campanha de genocídio em Gaza. Três dias após as declarações de Lula, que comparou o massacre a atos de Hitler, o Conselho de Segurança da ONU votou hoje (20/2), por 13 votos a favor, nenhum contra e apenas uma abstenção (o Reino Unido) uma proposta de resolução da Argélia, pedindo imediato cessar-fogo. Os EUA, previsivelmente, vetaram.

Washington, porém, prepara novo passo. Começou a circular ontem, também em Nova York, uma resolução alternativa à argelina, rascunhada por diplomatas norte-americanos. Pela primeira vez, os EUA falam em cessar-fogo. Ainda mais relevante: o texto condena de forma explícita o novo passo ensaiado por Netanyahu, uma ofensiva militar contra o campo de refugiados de Rafah. Ela “resultaria em mais dano aos civis e novos deslocamentos humanos, inclusive para países vizinhos”. Washington “não tem pressa” em aprovar a resolução, disseram seus representantes. Ainda assim, esforça-se para evitar o isolamento crescente, provocado pelo apoio até aqui incondicional a Israel. E pode constranger Netanyahu, que anunciou o início da ofensiva contra Rafah para o início do Ramadan, mês do calendário muçulmano que começa em 11 de março.

Criado em 1949 para receber parte dos expulsos pela Nakba, o campo de refugiados situa-se no sul da Faixa de Gaza, junto à fronteira com o Egito. É administrado desde o início pela UNRWA – a agência da ONU que socorre os palestinos em todo o Oriente Médio e é a única entidade a garantir educação, saúde e assistência. Mais de 1,2 milhões de habitantes da Gaza deslocaram-se para lá nos últimos meses, por determinação dos invasores israelenses. Além de planejar a invasão, Tel-Aviv propõe o fim da UNRWA e obteve das principais potências do Ocidente seu desfinanciamento. Este Estado quer que outros peçam-lhe desculpas… E os jornais brasileiros, em sintonia, veem “exagero” na fala de Lula.

Leia Também: