Elza e Paulo Freire: entre a utopia e o exílio

Pouco lembrada, a companheira do prestigiado educador foi essencial para formulação de uma pedagogia emancipadora. Em dois volumes, obra remonta os primeiros passos em conjunto até os dias de perseguição pela ditadura. Sortearemos os exemplares

Uma das fotografias mais antigas do casal. Recife, 1944. Fonte: Acervo do Instituto de Educação e Direitos Humanos Paulo Freire.

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Elza Freire, cujo nome de solteira é Elza Maia Costa Oliveira, foi uma figura de extrema importância para o que hoje conhecemos como pedagogia libertadora, atribuída em grande parte ao seu companheiro: Paulo Freire.

Longe de tirar todo reconhecimento que o pedagogo merece, o que busco trazer neste breve escrito é um complemento que irá ampliar e adensar a compreensão que temos da história de vida e luta de Freire.

O que pouco se fala acerca do legado da pedagogia freireana é o quanto ele deve a uma pessoa especial na trajetória do educador: sua primeira companheira. Evidentemente, essa falta entra na conta do machismo entranhado na sociedade que sorrateiramente invisibiliza mulheres.

Na tríade Elza Freire – ainda em lançamento pela Pangeia Editora – a professora Nima Spigolon nos apresenta à vida do casal Freire. Dos primeiros dias de caminhada conjunta até à “diáspora freiriana” e o exílio por conta da perseguição da ditadura militar brasileira. Abarcando um recorte temporal que vai de 1916 a 1965.

O volume um, intitulado Elza Freire e Paulo Freire: por uma Pedagogia da Convivência apresenta o percurso de Elza até o casamento com Paulo, seguindo a caminhada conjunta até o ano do golpe militar no Brasil, em 1964.  No escrito, acompanhamos a formulação das ideias pedagógicas, a partir da prática nas escolas e em outros espaços educacionais.

O volume dois, Elza Freire e Paulo Freire: noites de exílio, dias de utopia, apresenta a diáspora da Família Freire e o aprofundamento das reflexões político-pedagógicas que uniram Elza e Paulo.

O terceiro volume, Elza Freire e Paulo Freire: Fotobiografia, está com o lançamento previsto para 10 de novembro de 2024.

Outras Palavras irá sortear dois exemplares das obras Elza Freire e Paulo Freire: por uma Pedagogia da Convivência e Elza Freire e Paulo Freire: noites de exílio, dias de utopia, de Nima Spigolon, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 6/5, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Nima Spigolon, atualmente docente da Unicamp, tem dedicado sua carreira acadêmica ao estudo da vida do casal, em especial ao da educadora Elza Freire. Desde 2006, investiga a história dos dois, indo em busca de fontes espalhadas em diversos países. Entre depoimentos, bibliotecas e acervos, a pesquisadora “desvela e revela os caminhos de Elza, o encontro e o casamento com Paulo Freire, o cuidado com os filhos, o trabalho pedagógico comum, o exílio, o retorno ao Brasil e os últimos anos de Elza Freire.”

O esforço traduziu-se nessa obra, na qual convivemos de perto com as “histórias sábias e amorosas” dos Freire e seus cinco filhos: Madalena, Cristina, Fátima, Joaquim e Lutgardes.

ELZA E O APRENDIZADO NO MUNDO E COM O MUNDO

Elza Freire iniciou seu legado inicialmente como professora da família, dedicando-se à tarefa de educar os irmãos mais novos. Alguns anos depois, tornou-se diretora de escola e docente no Instituto Pedagógico em Recife.

Dedicou-se intensamente aos estudos e logo veio a integrar equipes técnicas que desembocaram na fundação de instituições de ensino alinhadas à sua perspectiva de educação.

Desde cedo buscou combater a desigualdade nas suas mais variadas facetas e das mais diversas formas. Uma delas foi a arte-educação, onde é creditada na obra como uma das pioneiras na utilização de arte na alfabetização. Aplicando o método nas escolas públicas da capital de Pernambuco.

A obra freireana deve imensamente ao trabalho e compromisso de Elza com um mundo livre de opressões através da educação. Contagiado e influenciado pela paixão da educadora, Paulo Freire decidiu largar a área do direito e se tornar professor. Veredas foram abertas e transformaram experiências pedagógicas e de libertação nacional ao redor do mundo, graças à parceria e apoio mútuos. 

Os livros de Nima Spigolon remontam um percurso recheado de respeito, admiração e amor. Através de uma vasta documentação tanto da história dos indivíduos quanto acerca do contexto socioeconômico e político do país, a autora recupera e homenageia a memória dessa grande mulher que assim como tantas outras grandes mulheres, deve ser lembrada, celebrada e jamais esquecida.

SOBRE A AUTORA

Nima Spigolon é professora da Faculdade de Educação da UNICAMP, onde atua na graduação e na pós-graduação. é, além de  professora, poeta, escritora, artivista e afins.

Foi a primeira estudiosa da educadora Elza Freire, sobre a qual pesquisou no mestrado (2006-2009) e no doutorado (2010-2014), ambos no PPGE da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e sobre a qual realizou – na UFU – o pós-doutoramento (2021-2022). Os três livros oriundos dessa trajetória da pesquisadora saem, na Editora Pangeia, entre julho de 2023 e agosto de 2024.

Tem diversos livros publicados, autorais e na condição de organizadora e co-organizadora, e participa de diversas antologias.


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