Cultura indígena no centro do Brasil
Publicado 04/08/2014 às 17:44
A 14ª edição do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, que aconteceu na vila de São Jorge – distrito de Alto Paraíso (GO), reuniu etnias indígenas e quilombolas com a finalidade de construir horizontes mais promissores para a diversidade cultural brasileira. Parte importante do evento aconteceu, entre 21 e 26 de julho, dentro da chamada Aldeia Multiétnica, palco para rituais, debates e danças.
Aldeia da diversidade
A Aldeia Multiétnica valoriza e centraliza a realidade indígena de um país que desconhece suas próprias origens. Representantes fulni-ô, kayapó, yawalapiti, truká, krahô, wauará, kamayurá, xavante e kariri-xocó estiveram presentes nessa edição. “A troca entre diferentes etnias e povos acentua a ideia do encontro em torno da cultura como elemento que une pessoas, sons, cores e sabedoria popular”, destaca Renato Acha, assessor de imprensa do evento.
Andreza Ugaya, professora e pesquisadora de cultura brasileira na Universidade Estadual Paulista (Unesp), esteve pela primeira vez no evento e ressalta: “A Aldeia facilita o encontro de diferentes povos, o que contribui para uma maior percepção e compreensão sobre as diferenças e semelhanças ente as culturas indígenas em nosso país”. Ugaya pontua também a importância de trocar experiências com as comunidades indígenas em um local onde eles se sentem confortáveis para expor suas ideias, problemas e situações.
O assessor Renata Acha acredita que o momento proporciona maior compreensão e entendimento de que os índios devem ser vistos como irmãos: “Isso ajuda a afastar a ideia de algo tão distante e exótico”.
Império Kalunga começa a festa
As apresentações de diferentes grupos musicais e culturais do Brasil tiveram início no dia 26 de julho e estenderam-se até 2 de agosto. Programadas em diferentes lugares da vila de São Jorge, atividades com música, dança e teatro compõem a programação diversificada do Encontro.
Dentro de um contexto brasileiro de troca e miscigenação, visitantes, quilombolas e indígenas participaram juntos do ritual de abertura oficial das festividades. A celebração teve início com o levantamento do mastro do Divino – que tradicionalmente abre o Encontro. Para animar os visitantes, rezas, músicas e danças foram executadas pela comunidade quilombola kalunga que contagiou de alegria os presentes. O evento já terminou, mas o legado de valorização da nossa cultura ecoa até julho do ano que vem, quando acontece a próxima edição do Encontro.
Para pensar: o canto das três raças
A maioria dos eventos que compõem a programação cultural de diversas cidades brasileiras celebram, em sua maioria, manifestações de origem africana ou europeia – ou mesmo relacionadas à fusão dessas duas raízes. No entanto, são raros os momentos os quais tradições das etnias indígenas aparecem em evidência no palco da cena cultural brasileira.
Após a repressão e dizimação da cultura indígena durante os anos de colonização portuguesa, os costumes e saberes dos donos da nossa terra quase desapareceram do imaginário do povo brasileiro. Esse distanciamento fez com que o indío fosse colocado como um ser mitológico e folclórico, lembrado apenas no remoto 19 de abril. É preciso reverter esse quadro
Muito legal este encontro. Valeu o texto, muito bom. Falou e disse!!!!
Semana que vem tem festa com os Kalungas no Vão da Almas quem puder passa lá em Cavalcante, GO e confira.
Lembrar que as comunidades Kalungas continuam sem luz, sem estrada boa e o atendimento medico é precário devido principalmente aos corruptos da prefeitura.