Brasil: por que as demissões vão explodir

Milhares de pequenas e médias empresas poderiam evitá-las – mas precisam de crédito de giro. Uma decisão simples do governo evitaria enorme drama social. Guedes & Bolsonaro omitem-se – para que os banqueiros esfolem a sociedade…

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Por Artur Araújo | Imagem: Vladimir Kazanevsky

A inércia proposital dos ipirangas, que criam todo tipo de dificuldades e ficções de seita, impede a abertura generalizada de crédito para capital de giro, destinado principalmente a micro, pequenas e médias empresas, cujas vendas colapsaram em meio à capotada da demanda.

O resultado dessa teima ideológico-religiosa — que fica à espera de que Homer Cado empreste dinheiro em cenário de impossibilidade de cálculo de risco e verdadeira obsessão pela liquidez nos bancos — é a opção empresarial pela lixa grossa das demissões.

As estimativas apuradas até agora dão conta de mais de 3 milhões de novas demissões que, irônica e tragicamente, demandarão enormes gastos estatais para suporte emergencial (e sem juros e sem retorno do principal, a fundo perdido).

Como reporta o Valor, “nenhuma ação de crédito chegou à ponta. Empresas de pequeno e médio porte estão sem capital de giro. Aqueles que [são] recebidos pelos bancos encontram juros no dobro do que tinham”, diz Velloso. “Isso vai empurrar ainda mais as empresas para problemas.”

Outra pesquisa, encomendada pelo sindicato da micro e pequena indústria do Estado de São Paulo (Simpi), revela situação semelhante. Foram ouvidas 208 indústrias da região nos dias 13 e 14 de abril. Embora 64% dos entrevistados considerem sua situação financeira atual ruim ou péssima e 53% tenham dito de ela piorou nos últimos dez dias, a parcela das empresas que já demitiu desde o começo da crise ainda não é maioria e soma 18%. Boa parte (6% em ambos os casos) desligou até 10% empregados ou então mais de 30% dos funcionários, em fábricas que têm, em média, até 50 empregados.

“A empresa ou vai diminuir a carga horária ou vai demitir. Precisamos de uma enxurrada de recursos imediatamente na ponta. Não podemos enfrentar um problema novo com as velhas fórmulas de análise de crédito’ diz Joseph Couri, presidente do Simpi.”

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