Alceu Castilho: o papel essencial dos povos do campo
Publicado 14/05/2017 às 10:58
As estratégias de resistência precisam incorporar outros povos (do campo e das periferias) a narrativas já um tanto cansadas de uma esquerda — e não somente a identitária — que se acostumou demais a contemplar a si mesma
Por Alceu Castilho
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Outras Palavras está indagando, a pessoas que pensam e lutam por Outro Brasil, que estratégias permitirão resgatar o país da crise (Leia a questão completa aqui e veja todas as respostas dos entrevistados aqui).
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Não vejo a ofensiva ultraconservadora apenas nesse campo jurídico, da República de Curitiba e setores relacionados. Até vejo contradições internas na elite política e econômica a respeito. Mas a ofensiva reacionária, sim, está clara, com uma centralidade grande (ainda que não a única) em Brasília, no governo Temer, ilegítimo, e no Congresso. Existe aí uma questão quase geográfica, de centralidades (entre Brasília e Curitiba), que precisa ser respondida de modo mais capilarizado do que a esquerda urbana se acostumou a fazer. E o que aconteceu no dia da greve geral, e naquela semana, foi uma amostra disso. Somente iniciativas de manifestações urbanas, em locais concentrados, tornarão a esquerda — ou os resistentes — presa fácil das polícias a serviço dos golpistas. É preciso haver simultaneidade de ações (com greve ou sem greve) e capilaridade geográfica, com a participação de povos da cidade e povos do campo. Naquela semana tivemos manifestação indígena em Brasília, reprimida diante da concentração excessiva, e tivemos atos em centenas de municípios. Com a participação, por exemplo, de camponeses e camponesas. Esse colorido, esse mosaico, essa diversidade precisam ser mais valorizados pelas forças de resistência. E capitalizados no discurso que se seguirá (ou a eles serão simultâneos) aos atos, aos protestos, aos gritos. Esses gritos precisam ser ouvidos internacionalmente, mas é preciso haver uma densidade — uma densidade geográfica e de massas que faça frente à força do monopólio midiático. As estratégias de resistência precisam passar pela comunicação e pela incorporação de outros povos (do campo e das periferias) a narrativas já um tanto cansadas de uma esquerda — e não somente a identitária — que se acostumou demais a contemplar a si mesma”.
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Alceu Castilho é jornalista e escritor. Publicou O Partido da Terra; coordena e edita o projeto e site De Olho nos Ruralistas
Pedir ao político que aja para coibir os abusos públicos, já era meus caros.
Cortemos o mal pela raiz: anexemos o funcionalismo público à CLT.
Por que a população que trabalha tem de sujeitar-se a essa diferenciação demoníaca?
Concordo com suas posições.
Acredito em ações, múltiplas, polarizadas, em várias regiões do país, com debates, exposições, dependendo das condições de cada região, que sejam conscientizadoras, após debates com a população, formadoras de opinião, que preparem a população, para a luta política, numa reação contra as elites, que sempre dominaram nosso país.Organizemos isso !!!