A Dama Vermelha de Montmartre em quadrinhos

Louise Michel, revolucionária francesa que atuou bravamente nas barricadas da Comuna de Paris, dedicou sua vida à luta contra as injustiças. Recém lançada pela Editora Veneta, envolvente novela gráfica resgata sua história. Sorteamos dois exemplares

Viva a Comuna por Joelle Jolivet, 2021. Fonte: Revista Le Un

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No dia 18 de março de 1871, eclodia na capital francesa a Comuna de Paris, grandiosa insurreição popular amplamente protagonizada por homens e mulheres do povo decididos a combater as tropas franco prussianas, tomar posse do poder e fazer um governo verdadeiramente popular.

A participação feminina nesse momento histórico é um dos pontos de destaque. Inúmeras mulheres lutaram em todas as linhas de batalha, atuando como enfermeiras, confeccionando os sacos utilizados nas barricadas, escrevendo panfletos agitadores e liderando ações práticas de enfrentamento.

São muitas as que merecem ser lembradas. Dentre elas, a incendiária Louise Michel, professora humanista pioneira na educação de mulheres, que reivindicava uma educação igualitária e laica, e também uma das principais lideranças da Comuna, onde atuou tanto como enfermeira quanto nas linhas de frente das barricadas.

Para celebrar sua história de coragem e dedicação aos oprimidos, a Editora Veneta publicou esse ano a novela gráfica A virgem Vermelha, de Mary M. Talbot e Bryan Talbot.

Além de contar a trajetória de Michel, a história, recheada de quadros que traçam belos, fortes e sensíveis retratos da insurreição, também parece evocar o espírito de revolta que rondava os corações parisienses e homenagear os combatentes perdidos na batalha.

Outras Palavras e Editora Veneta irão sortear dois exemplares de A virgem Vermelha, de Mary M. Talbot e Bryan Talbot, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 1/4, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Filha da criada Marianne Michel com Etienne Charles Demahis, filho de seu patrão, a pequena Michel teve a sorte de ter sido criada por seus avós paternos, que não pouparam esforços para educá-la nos princípios de educação humanista. Tendo tido ainda na adolescência contato com os escritos de filósofos como Rousseau e Voltaire.

A revolucionária não começou sua militância nas barricadas da revolução, dedicou praticamente toda sua existência ao combate às injustiças. Fez isso através de vários meios, mas como professora de formação, utilizou-se principalmente da educação, encabeçando diversas iniciativas de pedagogias emancipatórias [1].

Atuou como professora em escolas de educação infantil, fundou escolas onde eram ensinados os princípios republicanos e chegou a ser perseguida pelo governo por conta dessas iniciativas. Outro fato interessante é que chegou a se corresponder com Victor Hugo, sendo homenageada pelo escritor com um poema.

Inicialmente, Michel organizou-se na militância se associando ao grupo dos blanquistas – os partidários de Louis Auguste Blanqui –, mas pouco tempo depois, juntou-se aos anarquistas, sendo lembrada por ser a primeira a deflagrar a bandeira negra como símbolo dos ideais libertários.

A Dama e a Comuna

Poucos meses após a deflagração da Guerra Franco-Prussiana, inicia-se a Comuna de Paris, onde a coragem da professora foi de enorme importância, atuando com liderança. Nesse momento, serviu como enfermeira mas também foi linha de frente nas barricadas.

Durante a revolta, assumiu a presidência do Comitê de Vigilância de Montmartre e participou da força armada dos operários em ação, fazendo parte de um Batalhão da Guarda Nacional. Sua presença no comitê a fez ficar conhecida como a “Dama Vermelha de Montmartre”.

Por conta de suas ações na Comuna, dentre elas, estar envolvida em um plano para assassinar Adolf Thiers, o primeiro presidente da Terceira República Francesa e responsável por enviar as tropas incumbidas de reprimir violentamente os manifestantes, foi presa e deportada para Nova Caledônia. Lá, torna-se amiga de outros anarquistas, também prisioneiros, passando a assumir publicamente sua posição. Além disso, aproxima-se da população local, composta pela etnia kanak, e executa diversas iniciativas de salvaguarda da cultura da região, entre elas, o livro Légendes et chansons de gestes canaques, onde estão compilados os cantos e as lendas dessa população.

A energia revolucionária da Dama Vermelha não param por ai, é claro. Em seu exílio, lecionou para adultos e crianças Kanak e tomou parte na luta desse povo durante uma revolta anticolonial empreendida em 1878.

Em 1980, Louise Michel lançou um folheto intitulado Tomada de posse, “uma convocatória à superação da farsesca Terceira República francesa, erguida sobre os corpos de milhares de trabalhadores mortos pelo Exército na repressão à Comuna. O chamado da autora, feito pouco depois do centenário da grande revolução de 1789 na França, mistura uma denúncia das condições de vida da época com visões da liberdade no mundo que virá.” Em 2021, ele foi publicado na íntegra, pela primeira vez no Brasil – e o Outros Quinhentos não deixou essa passar, confira mais aqui.

Como se vê, derrotas, perseguições, prisões e deportações, não foram suficientes para amainar o desejo da revolucionária de lutar pela liberdade, emancipação e transformação do mundo, dedicando o restante de sua vida a esses objetivos. Com muita sensibilidade, A virgem vermelha faz jus ao seu legado.


Em parceria com a Editora Veneta, Outras Palavras sortear dois exemplares de A virgem Vermelha, de Mary M. Talbot e Bryan Talbot, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 1/4, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

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