A obscura ameaça de privatização das águas
Publicado 10/11/2015 às 15:35
Pela porta dos fundos, sem nenhum debate com a sociedade, mega-grupos empresariais buscam brecha na legislação que lhes permita controlar fontes hídricas brasileiras. Veja como agem e quais as possíveis consequências
Por Roberto Malvezzi (Gogó)
Esses dias fui entrevistado pela Folha de São Paulo sobre uma nova investida da Agência Nacional de Águas para a criação do “mercado de outorga de águas”. O assunto é antigo e, vez em quando, se mexe no túmulo.
A proposta vem do Banco Mundial e FMI para a criação do mercado de águas como a melhor forma de gerir a crescente crise hídrica global. Como no Brasil a água é um bem da União (Constituição de 1988) ou um bem público (conforme a lei 9.433/97), ela não pode ser privatizada, nem mercantilizada.
Acontece que há tempos o grupo que representa o pensamento dessas instituições internacionais no Brasil – e das multinacionais da água — busca brechas na lei para criar o mercado de águas, pelo mecanismo de compra e venda de outorgas. Já que a água não pode ser um bem privado, então busca-se criar o mercado das outorgas (quantidades de água concedidas pelo Estado a um determinado usuário), para que possam ser vendidas de um usuário para outro.
Hoje, o mercado de outorgas é impossível. Quando um usuário que obteve uma outorga não utiliza a água demandada, ela volta ao poder do Estado. Não pode ser transferida para outro usuário, muito menos ser vendida. A finalidade é óbvia: evitar que se crie especulação financeira em torno de um bem público e essencial, evitando a compra e venda de reservas de água.
A lei já tem uma aberração, que é a outorga preventiva. Uma empresa pode reservar para si um determinado volume de água até que seu empreendimento possa ser implantado. Essa outorga preventiva pode ser renovada mesmo quando o prazo expirou sem que nenhuma gota d’água tenha sido utilizada.
Onde o mercado de águas – sob todas as formas – foi criado o fracasso foi mortal, literalmente. Na Bolívia gerou a guerra da água, na França, depois de alguns anos, o serviço voltou ao controle público. Assim em tantas partes do mundo. Mas o Brasil é tardio e colonizado. Muitos de nossos agentes públicos também o são.
Pela nossa legislação existe uma ética no uso da água, isto é, em caso de escassez a prioridade é o abastecimento humano e a dessedentação dos animais. Portanto, prioridades como essas, estabelecidas em lei, não podem ser substituídas pelo mercado. Em momentos críticos como esse, exige-se intervenção do Estado através do organismo competente para determinar a prevalência das prioridades sobre os demais usos.
Porém, se as regras forem mudadas para que passe a prevalecer o mercado, uma empresa de abastecimento de água, para ganhar dinheiro, poderá vender sua outorga — total ou parcialmente — para outra companhia: de irrigação, por exemplo. Nesse caso, sacrificaria as pessoas em função do lucro e da empresa que pode pagar mais pela água.
Portanto, não é só uma questão legal. É, antes de tudo, ética, humanitária e protetora dos direitos dos animais. A proposta inverte a ordem natural e dos valores, colocando o mercado como senhor absoluto da situação, exatamente em momentos de escassez gritante.
É sintomático que essas observações feitas à Folha de São Paulo não tenham sido publicadas. Apareceram apenas as vozes dos defensores do mercado de águas.
Soube desta noticia em outubro de 2013, foi no criminoso leilão de libra( promovida pela sra Rousseff) – Eu, estava lá no protesto ( hotel Windsor Barra).Na ocasião ao furar o bloqueio da força nacional, por cerca de cinco horas, onde cheguei até a recepção do salão.Ao ser descoberto, fui conduzido por um delegado da policia federal ( não sofri um arranhão-MInha ação saiu no G! e jornais impressos da época ) segurança do Lobão (senador e na época Min das minas e energia – Autor intelectual das privatizações petistas) o seguinte( em conversa com Dilma ( no cel após a batida do martelo deste leilão) QUE VENHA OS LEILÕES DOS MANANCIAIS DE ÁGUA DOCE – Pode ?
Existe única solução, única esperança, conheçam, apouem, está aqui:
http://www.amayorca.blogspot.com.br
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O MERCADO DAS ÁGUAS é O MERCADO DA VIDA! O povo para fazer frente a tantas artimanhas dos “poderosos” precisa de educação de qualidade e muita organização cidadã.
Olá Chrystiane, se ajuda -e não viste ainda- segue link para o doc sensacional sobre a guerra mundial da água, dá uma olhada, é chocante.
https://youtu.be/x-OIVfi-JX8
Concordo Elvis, são tantos absurdos lançados pela mídia que dá até medo. Onde posso me informar mais a respeito deste assunto?
Ha alguns anos a revista le monde, publicou uma reportagem muito interessante, citando algumas empresas , como a Nestlé, por exemplo.
Quem compõe o grupo que representa os interesses da água? precisamos de nomes para não cair na produção midiática.