Vistos a partir da psicanálise, três casos revelam como a cultura digital pode moldar desejos e relações familiares a partir do “ser seguido e influenciar”. Poderia a satisfação pelas redes dar lugar à falta? Qual o risco de filhos como objeto de satisfação narcísica dos pais?
Ora ameaça, ora apenas ferramenta, é ilusório ver a IA como externa a nós. Ela é fruto do mesmo aparato que reduz nossa subjetividade a um fluxo previsível. É hora de desertar da timeline e reaver o tempo múltiplo – onde podemos ter voz própria
“Mãe, vou votar no Lula, o Bolsonaro é mau”, disse meu filho, replicando a exiguidade do debate político em 2018. Surgiu uma esquerda reativa, que acua a si mesma. Precisaremos ir até as entranhas desse processo, se quisermos sair desta encruzilhada
“Já não era sustentável limitar a captura ao outro. O controle precisava ser (o) eu. A mão externa precisava ser a minha. Fui otimizada em combo dois em um. Aprendi a andar acoplada no objeto inteligente que programou em mim o prazer compulsivo da auto-captura. A selfie”
“Talvez eu sonhe novamente esse sonho. Se ele aparecer de novo, espero que os grupos de cócoras, agachados e em pausa, confabulem, furem o roteiro, desfaçam a cena do oponente e radicalizem sua presença pra fora de uma espera”
Capitalismo precisa renovar sua magia, para que desejemos as mercadorias sem ver o que têm por trás. Agora, consumimos a nós mesmos. E as máquinas só não nos superarão por estarmos tão submetidos quanto elas. Ainda assim, há brechas
Como responder à pergunta de uma criança em pandemia? A paralisia causada pelo medo e pela espera, num sistema que cria desejos e vende a saciedade, só será superada por uma revolução afetiva. “Não, filho, no capitalismo não há futuro”
A pandemia trouxe desigualdade e captura extremas. Estar em casa é privilégio e prisão: cada encontro produz dados para nos vigiar, domesticar e vender. Contra a cultura das selfies, sugere-se estilhaçar os espelhos – para, enfim, enxergar
Em Valinhos, SP, mais de mil famílias sem-terra lutam pela Reforma Agrária. Mas, devido às medidas preventivas ao coronavírus, enfrentam falta de água, alimentos e medicamentos. Por meio de doações via depósito, solidariedade é possível