Votação do impeachment no Senado expõe cobranças e ressentimentos

martasuplicy

Ela tem um voto somente. Mas é a notícia em pessoa. (Foto: Agência Senado)

De escracho indevido contra Cristovam Buarque à perplexidade diante das novas companhias de Marta Suplicy, vive-se raro momento de memória em relação ao voto

Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

Diante do número superlativo de deputados na Câmara, e de uma certa amnésia coletiva em relação aos votos em 2014, está do lado côncavo do Congresso – o Senado – o acompanhamento mais estreito da posição e coerência dos parlamentares. Nos últimos dias, tanto Marta Suplicy como Cristovam Buarque foram alvo dessas cobranças de eleitores. Em alguns casos, abusivas. Em outros, não só legítimas, como saudáveis. Como se homenageássemos a democracia aos 43 minutos do segundo tempo de seu jogo de despedida.

A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) costuma ser um mata-borrão de diatribes. Sejam da própria lavra, sejam contra ela. Até dramalhão familiar compõe a saga midiática da senadora, que pediu “respeito” ao ex-marido Eduardo Suplicy (PT-SP) após ele sugerir que ela consultasse os eleitores sobre seu voto – declarado – a favor do impeachment de Dilma Rousseff. (A palavra respeito vem do latim “respicere”, particípio passado de “respectus”. Significa “olhar outra vez”.)

Em nome do respeito ao voto, dezenas de mulheres fizeram neste domingo um ato em frente da casa da senadora, em São Paulo. Disseram que nunca votariam no PMDB (Marta foi eleita pelo PT). E deram este recado: “Marta, traidora! Somos mulheres brancas, negras, indígenas, jovens, velhas, filhas e avós. Travestis, lésbicas, bissexuais, transexuais. Estudantes e trabalhadoras. Somos todas feministas. Batemos em sua porta para lembrar sua história”.

Em Brasília, na fila de uma livraria, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) também ouviu gritos de “traidor“, no sábado. Neste caso, a atitude do eleitor lembra muito a violência fascista de manifestantes de direita que impediram Eduardo Suplicy de falar em São Paulo, na mesmíssima Livraria Cultura. (A cada vez que ouvem as palavras “livraria cultura” os intolerantes sacam suas pistolas.) Depois, Cristovam diria: “Episódios como esse acabam me empurrando em direção ao voto favorável pelo impeachment”.

https://www.youtube.com/watch?v=OEmuCGXaU8A

E qual seria o limite entre um protesto legítimo e um escracho violento? O Levante Popular da Juventude tem feito protestos pelo país contra políticos que apoiam o impeachment, desde o dia 21 de abril – em referência a Tiradentes e ao traidor Joaquim Silvério dos Reis. Por exemplo, contra o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), o ex-governador mineiro que fez pedaladas fiscais e relata o processo contra Dilma Rousseff no Senado.

Coerência não é o forte dos políticos brasileiros. Mas não se trata somente de algo relativo à razão. Em alguns casos, salta aos olhos o ressentimento embutido nas posições adotadas. De Marta Suplicy a Cristovam Buarque, de Fernando Gabeira a Hélio Bicudo, multiplicaram-se nos últimos anos os políticos que estiveram nas fileiras petistas e hoje engrossam o coro a favor do impeachment de Dilma. Mesmo que este seja comandado por golpistas de quinta categoria.

E mesmo que Marta tenha de sorrir ao lado do deputado Paulinho da Força (PDT-SP), em pleno dia do trabalhador. Sob vaias. O que mostra como a política significa menos uma ladeira (no caso, uma ladeira abaixo) linear, entre uma posição e outra, e mais uma corda de equilibrista. O que afeta mais a senadora? A vaia ignóbil da Força Sindical na Praça Campo de Bagatelle, em Santana (não muito longe das senhoras de Santana) ou os rostos perplexos das feministas em frente de sua mansão nos Jardins? O Brasil e suas contradições.

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11 comentários para "Votação do impeachment no Senado expõe cobranças e ressentimentos"

  1. Sergio de Souza Brasil disse:

    Gastam-se letras e frases para não se dizer absolutamentr NADA!!!! Se é para comentar por comentar…..

  2. Fernando disse:

    Pode até ter havido exageros no trato com o senador Batatinha – aquele gato engasgado do seriado Manda-chuva que vivia à espera das ordens do chefe do bando de gatos para tomar alguma atitude – mas a questão é que o povo chegou e passou do ponto de tolerância para com o cinismo alheio. O saco encheu, minha gente, transbordou! Vamos parar de fiscurso Lulinha paz e amor porque todo mundo está enxergando que do lado de lá a trolha é grande e vem sem sem camisinha. Cristovam Buarque é a personificação do Batatinha: gosta de um muro, não sai de lá por nada; se faz de bobo enquanto espera para saber para onde o vento sopra mais forte e, assim, se encaminhar; e aquela voz de taquara rachada em nada fica a dever ao original do desenho de Hanna & Barbera. Marta, não. É e sempre foi a perua. Perua metida à sexóloga que USOU a bandeira da causa LGBT e das feministas em proveito próprio. Quando confrontada com a necessidade de tomar posições firmes e decididas sempre se comportou como uma dondoca dando piti ou apelando para coisas do tipo: se o estupro é inevitável, relaxe e goze. Vulgaridade encarnada, isto sim. Disfarçada sob quilos de pó-de-arroz, perfume estrangeiro e pelancas espichadas à base de botox e outras porcarias. A verdade foi desnudada ontem no Senado quando ela e o senador batatinha não esconderam seu despeito nem sua mágoa diante da aula de direito, história e política dada pelos três professores cariocas convidados. O senado foi confrontado com a sua triste identidade: um bando de analfabetos funcionais e de honestidade intelectual completamente duvidosa. A tal Tebet, então – 171 pega pela justiça e já condenada – ficou tão incomodada em ver sua “importância” como senadora questionada frente ao papeplão que vem desempenhando naquela casa que chegou a ter um piti invocando uma indignação e um conhecimento acadêmico que não possui nem nesta nem na sua 15ª encarnação. Um circo. É o que o senado parece, um grande e horroroso circo onde NÓS somos os palhaços porque pagamos para que um bando de bandidos travestidos de gente séria e honesta fique horas a falar m… tentando achar pelo em ovo e dar vazão aos seus ressentimentos. Gente baixa e mesquinha. Gente barata e burra como aquele capiau senador pelo MT que se revoltou ao ouvir do prof. Lavenere que o golpe era urdido e patrocinado pelo estrangeiro. Ficou bravo por quê? Calma, senador, “V. Exa”. vai continuar no mensalão do golpe, não se preocupe, os irmãos Koch e o genocida Soros são bons pagadores! Bando de safados, golpistas e ladrões, isto sim. Peneirando aquele p*teiro de Suas Excelências, salvam-se no maximo uma meia dúzia. E olhe lá…

  3. Fernando disse:

    Pode até ter havido exageros no trato com o senador Batatinha – aquele gato engasgado do seriado Manda-chuva que vivia à espera das ordens do chefe do bando de gatos para tomar alguma atitude – mas a questão é que o povo chegou e passou do ponto de tolerância para com o cinismo alheio. O saco encheu, minha gente, transbordou! Vamos parar de fiscurso Lulinha paz e amor porque todo mundo está enxergando que do lado de lá a trolha é grande e vem sem sem camisinha. Cristovam Buarque é a personificação do Batatinha: gosta de um muro, não sai de lá por nada; se faz de bobo enquanto espera para saber para onde o vento sopra mais forte e, assim, se encaminhar; e aquela voz de taquara rachada em nada fica a dever ao original do desenho de Hanna & Barbera. Marta, não. É e sempre foi a perua. Perua metida à sexóloga que USOU a bandeira da causa LGBT e das feministas em proveito próprio. Quando confrontada com a necessidade de tomar posições firmes e decididas sempre se comportou como uma dondoca dando piti ou apelando para coisas do tipo: se o estupro é inevitável, relaxe e goze. Vulgaridade encarnada, isto sim. Disfarçada sob quilos de pó-de-arroz, perfume estrangeiro e pelancas espichadas à base de botox e outras porcarias. A verdade foi desnudada ontem no Senado quando ela e o senador batatinha não esconderam seu despeito nem sua mágoa diante da aula de direito, história e política dada pelos três professores cariocas convidados. O senado foi confrontado com a sua triste identidade: um bando de analfabetos funcionais e de honestidade intelectual completamente duvidosa. A tal Tebet, então – 171 pega pela justiça e já condenada – ficou tão incomodada em ver sua “importância” como senadora questionada frente ao papeplão que vem desempenhando naquela casa que chegou a ter um piti invocando uma indignação e um conhecimento acadêmico que não possui nem nesta nem na sua 15ª encarnação. Um circo. É o que o senado parece, um grande e horroroso circo onde NÓS somos os palhaços porque pagamos para que um bando de bandidos travestidos de gente séria e honesta fique horas a falar m… tentando achar pelo em ovo e dar vazão aos seus ressentimentos. Gente baixa e mesquinha. Gente barata e burra como aquele capiau senador pelo MT que se revoltou ao ouvir do prof. Lavenere que o golpe era urdido e patrocinado pelo estrangeiro. Ficou bravo por quê? Calma, senador, “V. Exa”. vai continuar no mensalão do golpe, não se preocupe, os irmãos Koch e o genocida Soros são bons pagadores! Bando de safados, golpistas e ladrões, isto sim. Peneirando aquele p*teiro de Suas Excelências, salvam-se no maximo uma meia dúzia. E olhe lá…

  4. Nelson de Paschoal Filho disse:

    Sinceramente não entendi o que essencialmente você diferencia entre as mudanças de posição da Marta e do Buarque. Apesar do clamoroso oportunismo da Marta, não considero menos contraditório o posicionamento do Cristóvao Buarque.

  5. Nelson de Paschoal Filho disse:

    Sinceramente não entendi o que essencialmente você diferencia entre as mudanças de posição da Marta e do Buarque. Apesar do clamoroso oportunismo da Marta, não considero menos contraditório o posicionamento do Cristóvao Buarque.

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