A contribuição singular de Moniz Bandeira
Jornalista, enxergava com precisão os cenários políticos em mutação. Militante clandestino e historiador, examinou como ninguém relações entre Brasil e EUA
Publicado 12/12/2017 às 08:10 - Atualizado 13/12/2018 às 13:30
Jornalista, enxergava com precisão os cenários políticos e seu movimento. Militante clandestino e historiador, examinou como ninguém as relações entre Brasil e EUA. Sua perda, ocorrida há um mês, segue sentida. Sua obra persistirá
Por Samuel Pinheiro Guimarães
Luiz Alberto Moniz Bandeira dedicou sua vida ao Brasil e à luta contra o imperialismo.
Sua vida e sua obra são testemunhos desta dedicação.
Foi jornalista desde jovem, trabalhando no Correio da Manhã, no Diário de Noticias e na Última Hora.
Como jornalista, teve a oportunidade de conviver e de entrevistar as mais diferentes personalidades brasileiras, como Jânio Quadros, e estrangeiras, como Che Guevara.
Assim desenvolveu a capacidade e o hábito de analisar e interpretar os acontecimentos e de procurar sobre eles se documentar.
Foi Professor Titular de História, na Universidade de Brasília.
Foi militante político da POLOP, foi preso, condenado e anistiado.
Lutou na clandestinidade.
Escreveu um de seus primeiros livros, Presença dos Estados Unidos no Brasil, quando se encontrava preso.
O eixo de seu pensamento e de sua obra, de mais de trinta livros, traduzidos para o inglês, o alemão, o russo, o chinês e o espanhol, e centenas, senão milhares, de artigos e de entrevistas, pode ser resumido em três palavras, que são os três desafios para o Brasil: desenvolvimento, democracia e soberania.
Três desafios profundamente entrelaçados e que não podem ser vencidos isoladamente.
Em João Goulart: as Lutas Sociais no Brasil e em seu livro sobre Jânio Quadros, Moniz Bandeira apresenta-se como democrata convicto e autêntico e como um lutador pelo desenvolvimento do Brasil, assim como em suas obras sobre a integração latino e sul-americana.
É em sua analise do imperialismo e das relações entre o Brasil e a potência imperial, que são os Estados Unidos, e sobre o império americano e sua ação, que se encontra sua principal contribuição como intérprete da realidade política e como historiador, imparcial e preciso, mas militante.
São obras imprescindíveis para diplomatas, historiadores, jornalistas e políticos que desejem e procurem conhecer a política internacional, a ação do imperialismo, e o Brasil: A Presença dos Estados Unidos no Brasil; João Goulart; As Relações Perigosas: Brasil-Estados Unidos; Brasil-Estados Unidos: A rivalidade emergente; De Marti a Fidel; Fórmula para o Caos, a derrubada de Allende; Formação do Império Americano; Argentina, Brasil e Estados Unidos; A Segunda Guerra Fria; A Desordem Mundial.
Luiz Alberto nos deixou: sua obra sobrevive como guia e farol para todos os que lutam por um Brasil mais justo, mais desenvolvido, mais democrático, mais soberano.
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