Covid e Olimpíadas: a estratégia da China
País receberá evento em meio ao crescimento da ômicron, mas não deve abandonar sua política de “covid zero”. Sistema de circuito fechado, testagem em massa e controle sanitário dos participantes ajudarão a conter surtos
Publicado 28/01/2022 às 06:00 - Atualizado 27/01/2022 às 19:27
Falta uma semana para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, e suas 109 provas se estenderão até o dia 20 de fevereiro. Será interessante acompanhar de que maneira a China, que desde o início da pandemia adota com enorme sucesso a política de “covid zero”, agirá para conter possíveis surtos da doença. Uma reportagem da revista Time dá a letra: não haverá uma mudança de atitude do país asiático, ao sediar o evento. Para a proteção dos participantes e do público, será realizado em um sistema de circuito fechado: os atletas passarão por rotina rígida, não terão contato com o público e farão testes diários para a doença. E, desde o aparecimento da variante ômicron, a China decidiu que não venderá ingressos para os jogos – eles serão distribuídos e os torcedores serão submetidos ao controle sanitário.
Mais transmissível que as anteriores, a variante tornou-se preocupação para o governo chinês. Já foi detectada transmissão comunitária no país, que em dezembro registrou um novo pico que não se via desde março de 2020: foram 361 contaminações em um dia. Sim, os parâmetros, por lá, são outros – e há um ano não se registra nenhuma morte por covid. A política que permitiu salvar a vida de chineses consistiu em testagem em massa, lockdowns rigorosos para conter surtos, forte controle de fronteira e uma campanha de vacinação que já aplicou 3 bilhões de doses. Mesmo com a taxa de 85% de imunização, o governo não pretende alterar a política de covid zero, ao menos por enquanto. Parece ter a percepção de que, com a ômicron, não pode arriscar grandes surtos da doença – que poderiam afetar bruscamente o sistema de saúde.
Para a realização das Olimpíadas, a China criou, ainda, um aplicativo parecido com o que já é usado pela população do país. Ele indica, através de uma tabela de cores, se o indivíduo tem risco de ter sido contaminado – logo, deve fazer quarentena – ou se está livre para circular. Também haverá ampla testagem: o país tem capacidade para diagnosticar 12,5 milhões de amostras por dia. As providências são, em grande medida, apoiadas pela população. Poderão ser eficazes para conter novos surtos, durante esse mês fatídico em que também se comemora o ano novo chinês. O governo calcula que, caso não adotasse a política restritiva – ou seja, semelhante à de países ocidentais como Reino Unido e EUA –, o número de mortos poderia chegar a 3 milhões.