Ato em que o ex-presidente buscou impunidade reuniu público muito inferior ao previsto. Mas análise das falas de seus protagonistas revela que a agenda de ultra-direita segue viva; e que cabe ao governo Lula apresentar projeto que vá além da defesa da democracia
Por que militares como o general Augusto Heleno assumiram papéis tão bizarros? Ao ler o inquérito sobre a tentativa de golpe de 2022, é impossível não lembrar uma comédia de Mauro Monicelli. Mas surge a oportunidade de um debate menos superficial sobre o papel das Forças Armadas
Alguns temem que contrariar corporações militares desestabilize governos. Por isso, elas se autonomizam, colocando em risco a democracia. É hora de outra concepção de Defesa, que dê fim à insubordinação e aos intentos da caserna de “moderar” o poder civil
O endosso dos chefes militares aos acampamentos bolsonaristas. A naturalização da ideia de ruptura institucional. As declarações para intimidar o campo democrático. O papel da mídia comercial. Uma síntese da relação entre Forças Armadas e golpismo, para além do inquérito da PF
Diálogo vazado não afeta investigações sobre tentativa de golpe. Mas extrema direita busca deslegitimar Judiciário para livrar os que tramaram e subir mais um tom no discurso autoritário
Novos depoimentos no inquérito sobre a tentativa de golpe comprometem ainda mais o ex-presidente. Ex-comandantes do Exército e Aeronáutica afastam-se da trama. Mas suas instituições prestarão contas ao país?
Prisão de Bolsonaro e dos generais golpistas é o primeiro passo. Mas para virar a página das intervenções militares na política, país precisa de mudanças institucionais. Eis algumas delas
Elas podem aceitar a queda de alguns generais, para conservar a capacidade de interferir na vida política do país, e uma concepção de Defesa voltada contra o “inimigo interno”. Mas Augusto Heleno, Braga Netto e Bolsonaro aceitarão o sacrifício?
O perfil social dos que devastaram Brasília: maioria tem mais de 45 anos, vive em cidades pequenas, costumava ser pacata. Foi atraída por discurso moralista — sinal de que declínio do país e falta de perspectivas abrem espaço para ultradireita
No domingo, desafiou-se a ordem com fins ultraconservadores. Mas se quiser transformar o país, a esquerda precisa recuperar para si as ações de rebeldia, o domínio sobre esta força indubitável que uma multidão possui, quando deseja e luta pelo que deseja