À frente da manifestação ou subindo o morro junto de filhos e maridos, elas garantem a vida diante do massacre promovido pela PM. Ouvidoria escuta famílias das 16 vítimas fatais, que denunciam invasão de casas, tortura e tiros à queima-roupa
Diante das novas brutalidades da polícia contra negros e pobres, em três estados, tomo a liberdade de compartilhar algumas observações e propostas. Ao longo de décadas, acumulei mais derrotas que vitórias. Por isso mesmo, me permito algumas ponderações
Disciplinar os corpos e mostrar “quem manda”: pesquisadora revela como um pacto entre governo e PM, nos anos 90, elevou abordagens policiais na capital. Cumprida a meta, agentes são premiados com folgas. Jovens negros são principal alvo
Mortes causadas por PMs caíram a zero, nos 18 batalhões paulistas onde foram instaladas. Mas construir nova polícia exige muito mais. E, em outros países, providências semelhantes criminalizaram a população, ao invés de protegê-la
Índices de criminalidade desabaram, em 2020. Mas polícia tornou-se mais assassina, o que desmente ideia de que apenas “reage” à violência. Corporação paulista já tirou a vida de 373 pessoas em 2020. Foram 116 execuções só em abril, mês da quarentena
Detentos amontoam-se em bancos de aço inseguros. Passam mal, desmaiam por falta de ar e têm que urinar e defecar no piso. Conhecidos como “latões”, caminhões realizam viagens de até 17 horas e transportam carne crua entre presídios
Tinham entre 14 e 23 anos. Viviam nas periferias. Buscavam, nos bailes funk, algum lazer. Famílias não podem ver seus corpos, e desconfiam da versão oficial para mortes. Surgem sinais de que polícia armou cilada, e atacou por todos os lados