Aqui tramamos a Marcha da Liberdade
Crônica da longa tarde em que fomos reprimidos por defender a consciência — e decidimos voltar à luta
Publicado 25/05/2011 às 12:55
Por Bruno Torturra, do Coletivo DAR – Desentorpecendo a Razão
Sabem de uma coisa? Sábado eu fui à marcha da maconha e usei tóxicos. Usei mesmo! Eu e uma cambada que descia a Consolação. Ficamos com os olhos vermelhinhos, tossindo pra caramba. Como a gente descolou a parada? Ora, com a Polícia Militar de São Paulo, com quem mais? O tóxico, no caso, chama-se Clorobenzilidenemalononitrila, o gás CS, mais conhecido como gás lacrimogênio. É considerado uma “arma branca” pelas forças de segurança, e toda tropa de choque que se preza porta um belo estoque quando vai às ruas.
Sábado, tive a involuntária chance de tragar o gás em quatro oportunidades. A primeira foi na frente de um abandonado cinema Belas Artes. Uma bomba de efeito moral estourou bem ao meu lado, e meu ouvido zuniu pelo resto do dia. Corri, e tive a sabedoria de não olhar para trás quando escutei os tiros de escopetas com balas de borracha. Elas não matam, mas cegam facilmente quem as toma nos olhos. Estava seguindo em frente pelo canteiro do meio da Consolação, entre os desavisados cidadãos que esperavam um ônibus no ponto do corredor. Foi ali que o gás chegou primeiro em meus olhos e narinas. Bem como nas mucosas de crianças, jovens, adultos e idosos de ambos os sexos que esperavam uma condução apenas.
A última inalada, e mais intensa, foi entre as esquinas da Consolação com Sergipe e Maria Antônia. Eu já não estava mais no miolo da manifestação, mas seguia pelo outro lado da rua, tirando fotos da tropa de choque e me juntando ao coro de manifestantes que, já meio dispersos, apontavam suas palavras contra a polícia. Foi quando duas bombas foram atiradas na pista oposta, sentido Paulista, onde não havia marcha, nem manifestantes em grande número. Apenas automóveis engarrafados, pedestres atravessando a rua e o comércio aberto. Segui em frente, protegendo minhas vias com um lenço verde (distribuído aos montes no começo da marcha como mordaça pela censura, tornou-se máscara).
Vi dezenas de pessoas levando a mão ao rosto, vi senhoras correndo com dificuldade para fugir da fumaça, um pasteleiro sufocado, encurralado pelo gás dentro de seu trailler. Queima, quimicamente falando. A pior coisa que já respirei. Ainda pior do que o gás de pimenta que sorvi ano passado, na marcha da maconha de 2010, no Parque do Ibirapuera. Com o gás lacrimogênio, a pele e os olhos sentem uma agressão corrosiva, intolerável. Prendi a respiração e corri em frente. Tentando alcançar o resto do pessoal. Eu precisava estar lá para ver o desfecho.
Nunca fumei um baseado, mas ja bebi muito, ja fiz meditação e tenho visão um tanto marxista e outro tanto holística do mundo. Sou pela legalização da maconha mas isso é muito pouco para os resultados que se apregoa para ela. Por isso ainda reluto em ir a uma marcha dessas, ainda que a aplauda…
Recomendo a leitura de texto publicado hoje analisando a proibição da Marcha da Liberdade no “Via Emancipar” – emancipar.blogspot.com .
Deixe de lado o preconceito! Não me importo com quem faz o uso de drogas, mas sim com quem as vende e fabrica, pois, esses sim são os verdadeiro ASSASINOS e ERROS da civilização. O nosso proprio governo deveria saber disso(Ela sabe) para combater esse mal. Na legalização desta planta em especifico podemos ter muitos beneficios, um deles é a malha que pode ser fabricada com a fibra da planta, tambem a criação de empregos como jardineiros expecialistas e GROWER (plantio domestico para consumo proprio) que inves de investir em armas poderia ser direcionado a educação, saude ou mesmo para a redução de danos( A redução de danos já foi instalada em outros paises para o auxilio na utilização de substancias o crack e a heronia, assim, diminuindo o numero de infectados pelo virus do HIV ou Epatite). Essa tecnica ja vem dando certo a anos e as pessoas que tiveram contato com a redução de danos hoje são conscientes dos estragos causados pelas substancias toxicas e muitos deixaram de utilizar essas substancias. A contituição em seu art 5° paragrafos IV, XIII e IX, deixa bem claro que todos temos direito de expressar, pensar e reunir-se, desde que não seja anonimo ou caracterizado como racismo.
Leia o artigo 5° : Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
Ou seja, TODOS TEMOS O DIREITO DE DIZER O QUE ESTÁ ERRADO e PODEM SIM NOS MANIFESTAR PARA QUE SEJA COMPRIDA A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA!
Parabéns pela crônica!
Se eu morasse em São Paulo, certamente teria participado da marcha da maconha e também participaria da próxima marcha, a favor da liberdade de manifestação. Ano passado compareci em BH e não notei nenhum problema. Foi divertido. Também não vi ninguém avacalhando o movimento e acendendo qualquer baseado (claro que deve ter havido, mas mineiro come quieto!). A polícia deu apoio, isto é, escoltou todo mundo pacificamente com batedores na frente e atrás. E pelo que eu me recordo não houve confrontos ou problemas. Nós também fizemos coros: “Ei! Polícia! Maconha é uma delícia!”, “Ei! Soldado! Enrola o baseado!”, “Aécio [Neves], seu sem vergonha, larga o pó e vem fumar maconha!”, “Lula, seu vergonha, larga a cachaça e vem fazer fumaça!”, mas a PM ficou indiferente.
Fiz uso frequente de maconha entre os anos 2000 e 2002. Desde 1998, quando tinha 16 anos, bem antes de colocar meu primeiro baseado na boca (com 18), sou a favor da descriminalização e legalização de todas as drogas. Ainda que até 2000 eu tivesse o maior preconceito com relação a maconheiros (não conversava, não tinha amigos que fumavam e ainda rotulava as pessoas que fumavam, como se por esse fato elas não prestassem mais), eu já havia lido suficiente para ser plenamente a favor da legalização.
Desde 2002 raramente fumo e agora acredito que parei, não tenho mais vontade e não me sinto mais como antes. Nas únicas duas vezes que fumei ano passado (depois de passar mais de dois anos sem fumar), não me senti bem.
Tenho familiares dependentes e que fazem uso ocasional de outras drogas, inclusive gerando muitos problemas em casa. Tenho plena convicção de que maconha não leva a outras drogas. Ainda que eu não compartilhe da ideia “maconha é uma erva natural que não pode te prejudicar”, tenho plena convicção de que a criminalização do cultivo e da comercialização geram problemas bem maiores do que o uso conforme a vontade de cada um. Nesse ponto, de legalização de todas as drogas, tenho apenas um senão a acrescentar, a exigência de maioridade legal para se consumir.
Caro cronista, cheguei a sua coluna através de um artigo do Yahoo! Desculpe postar alguma coisa que pouco acrescenta, mas acho importante ocuparmos espaço, principalmente os grandes espaços (como os portais IG, Yahoo! etc). No Yahoo! li vários comentário de gente achando o máximo a repressão da polícia e insultando o jornalista que assinou a matéria. Portanto, quis mostrar ao mundo que você, e os milhares que marcham a favor da legalização da maconha, não estão sozinhos. Acho que a melhor forma de acabar com o preconceito é se manifestando.
“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”
Cecília Meireles
aliás, tem-se que liberar também da cocaína – pq essa só é boa pra coca cola? – o LSD, a heroína, o exctase, o ópio e tantas outras, além do crack que o zé mané lá em riba falou sem saber do que se trata a questão – o cara deve ser traficante da cracolândia! mas a gente nem precisa disso, aconselho a provarem o chá de cogumelo, alucinógeno poderosíssimo e maravilhoso, o chá de lírio também é espetacular. Aos imbecis viciados em compras deixemos serem livres para se entorpecerem em shopping centers.
boa maninho. excelente relato. esse país precisa debater também a questão do jogo, que vive às escuras, se católicos e evangélicos deixarem, pq eles dominam o congresso assim como os traficantes dominam o país. Em Pernambuco, ao menos, não é assim, a marcha corre solta, feito a maconha, quem fuma raramente é molestado pela polícia, mesmo na rua, porque a erva faz parte de nossa cultura e nosso costume. É sim, em PE a PM não se dá esse trabalho safado que a PM paulista se prestou. No Brasil existem uns 10 milhões de maconheiros. No mundo, algo em torno de 1 bilhão. Quem quer guerra contra a maconha se prepare pra perder. A maconha é DIVINA, obra de DEUS, e não vai morrer por obra dessa gente diabólica.
Bem, todo mundo sabe o q é certo e errado, temos o livre arbitrio para fazemos o q quizermos, com a legalização não seria diferente, alguem ai no mundo todo tem algum historico de algum individuo q morreu por hoverdose de maconha? Então me poupem, temos acidentes e mortes por conta do alcool, temos o cancer por conta do cigarro, e tudo isto é liberado pq gera imposto para o governo, e é claro q se liberarem a maconmha acaba a farrinha deste monte de corrupto, afinal se jogarmos uma semente no fundo do quintal nasce um pé. LIBERDADE DE EXPRESSÃO infelizmente limitada pq tem este CARO PREÇO.
Seu comentario; “Não tenho mais tanto prazer quando fumo um baseado. Ao longo dos anos, os efeitos foram mudando em mim. Hoje posso ficar ansioso, confuso, anti-social, durmo pior… Raramente fumo, pois com frequência me arrependo.”
Se voce tem conciencia do mal, como podemos legalizar algo, que como o cigarro traz muito males e pouco beneficios, não seria tornar-se usuario uma burrice sem medida! Nunca usei, deste maL “MAU”, LIVRE sou!
Foi uma bela celebração… a união das classes, a classe alta com seus playboys e a classe baixa com os favelinhas, todos lutando para poder se drogarem livremente… realmente deveria ser lbierado, nao a maconha, mas o crack e outros mais que matam mais rapido… ou então que a pm usa-se armas de verdade nesses eventos…
Kra, realmente chocante seu relato…estou extremamente auto-suficientemente entendido de como o esquema acontece hj em dia…
A “Droga” (não gosto de chama-la assim) não é legalizada justamente pq é ela quem sustenta essa cambada de policiais corruptos (eles sabem quem são)… sem ela eles perdem grande parte de seerviço e concerteza perdem a erva q eles mesmos fumam..
Pode ter certeza q na proxima eu estarei ai !! força !! _\l/_
Belo texto.
É isso aí amigo e companheiro de baforadas do bem. Acho que no sabadão vai ser um pouco mais tranquilo. O demo-tucano governador de SP andou afastando alguns trocloditas hipocritas que abusaram na repressão.
Pra finalizar eu gostaria de fazer um pequeno comentário: Esse basiado a que vc se referiu, todo limpinho, perfumado e organico, dá pra descolar um pouco pramim? rsrs
Grande abço e avante com a demonstração de contrariedade com
essa lei idiota e a repressão babaca de um estado careta e preconceituoso.