Palestina: retrato em HQ de uma terra ocupada

Com nova edição da Veneta, o premiado quadrinho de Joe Sacco é um relato essencial sobre o conflito na Faixa de Gaza – reacendido por Israel na semana passada. Quem é Outros Quinhentos concorre a um exemplar e tem 25% de desconto

Na tarde da última sexta-feira (5/8), Israel iniciou uma série de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza. 45 palestinos foram mortos pelo bombardeio, incluindo 16 crianças, segundo dados divulgados pelas autoridades de saúde de Gaza.

    O estado israelense apresentou como justificativa oficial para a operação a intenção de impedir que um grupo político palestino retaliasse à prisão de seu líder nas regiões ocupadas da Cisjordânia cinco dias antes. Isto é, antes mesmo que a organização respondesse à ação, as forças armadas de Israel já decidiram massacrar “preventivamente” quase cinquenta inocentes, como demonstração de sua força imparável.

    Há 74 anos, desde o Nakba, assim vivem milhões de palestinos que se recusam a sair de sua terra natal e dar lugar à “terra prometida” do colonialismo sionista. A reportagem em quadrinhos Palestina, de Joe Sacco, é um dos olhares mais interessantes e originais já publicados sobre esta que é uma das questões geopolíticas mais complexas do nosso tempo. A HQ foi originalmente publicada em nove gibis, entre 1993 e 1995; em 1996 ganhou sua primeira edição completa, junto com alguns dos prêmios mais importantes no mundo dos quadrinhos – como o American Book Award. 

Outras Palavras e Editora Veneta sortearão um exemplar de Palestina, de Joe Sacco, entre os apoiadores do nosso jornalismo. O formulário para participar do sorteio será enviado por e-mail, e deverá ser preenchido até a sexta-feira, 12/8, às 14h. Membros da rede Outros Quinhentos também têm direito a 25% de desconto no site da editora.

A obra é fruto de uma pesquisa de campo realizada por Sacco em viagens à Faixa de Gaza e Cisjordânia no início da década de 1990, poucos anos depois da primeira Intifada – levante palestino contra a ocupação israelense – de 1987. Em 1993, Yasser Arafat, o então representante do Estado Palestino, assinou os Acordos de Oslo com Israel, intermediados pelos Estados Unidos de Bill Clinton. Os tratados foram analisados com decepção pelos palestinos, por não garantirem o fim das ocupações violentas e ilegais de Israel nos territórios definidos pela ONU como pertencentes à Palestina. Joe Sacco documentou, através de entrevistas, pesquisa jornalística e desenhos, um dos momentos mais importantes na história recente do conflito entre Israel e Palestina.  

    Publicada por nossos parceiros da Editora Veneta, reconhecida por seu ótimo catálogo de quadrinhos e política (e quadrinhos na política), a nova edição de Palestina conta com o prefácio de 2001 do intelectual palestino Edward Said e novos textos introdutórios do ex-correspondente da Folha e ex- editor da revista Caros Amigos, atualmente professor da PUC-SP José Arbex Jr. e do próprio Joe Sacco. Por meio desses escritos, o leitor pode se familiarizar mais com a revolução promovida pela HQ e sua novíssima proposta de reportagem em quadrinhos, além de vislumbrar o processo de produção da obra lendo os fragmentos do caderno do autor.

    Dando continuidade à parceria de sorteios e descontos que iniciamos com Holocaustos coloniais, do historiador Mike Davis, sortearemos aos membros da rede Outros Quinhentos um exemplar de Palestina. É mais um agradecimento pelo apoio dado ao nosso projeto de jornalismo de profundidade. 

Os novos leitores da HQ perceberão que Joe Sacco, jornalista formado pela Universidade de Oregon, também preza pela apuração que não se contenta com a superficialidade. Sem jamais pôr meias tintas no sofrimento do povo palestino, sua narrativa nos apresenta pessoas verdadeiramente humanas na situação, rejeitando os estereótipos. Sacco enfatiza a não-neutralidade do relato, que cresce por ser bastante pessoal e abarcar as observações aguçadas do autor.

Palestina é incontornável para todos os que buscam entender a Palestina das Intifadas, do Nakba, dos conflitos que estão acontecendo agora mesmo e também do cotidiano de vida-sobrevivência que se estende para um povo desde 1948.

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