É muito difícil que alguém nesse imenso planeta não conheça a existência de Albert Einstein e suas descobertas. No entanto, há uma faceta do físico que é frequentemente apagada. Muito além de um gênio cientista, Einstein era um defensor e divulgador ferrenho do pacifismo, dos direitos civis dos afro-americanos e – o que poucos sabem – do socialismo. É o que o está explicito em seu artigo Por que o Socialismo?, de 1949.

Esse e outros escritos desconhecidos do físico agora podem ser lidos em Einstein Socialista: entrevistas, manifestos e artigos do maior cientista do século XX, organizado por Hugo Albuquerque e publicado esse ano pela editora Autonomia Literária.

Outras Palavras e Autonomia Literária sortearão 1 exemplar de Einstein Socialista: entrevistas, manifestos e artigos do maior cientista do século XX, organizado por Hugo Albuquerque, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 31/7, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui.

A obra contém um conjunto de cinco textos que revelam facetas pouco conhecidas do cientista. Em o Manifesto aos Europeus, de 1914, se expressa uma argumentação sensível de Einstein contra o Manifesto dos Noventa e Três – que defendia a postura da Alemanhã na Primeira Grande Guerra. Já em O que significa a vida para Einstein, de 1929, nos aproximamos mais do físico através da entrevista concedida por ele ao The Saturday Evening Post, onde nos deparamos com um Einstein mais filosófico e passeamos por seu pequeno prédio em Haberlandstrasse, em Berlim, além de conhecermos curiosidades de sua vida e sua opinião sobre os mais variados assuntos. Há também a curiosa Correspondência entre Albert Einstein e Sigmund Freud, de 1932, em que podemos ver sua imensa vontade de encontrar soluções e alternativas à guerra ao solicitar auxílio àquele que detinha um “profundo conhecimento da vida instintiva do homem”.

Por último, mas não menos importante, há o frequentemente esquecido Por que o Socialismo?, de 1949. O artigo é uma defesa aberta dos valores do socialismo e do próprio sistema socialista como uma saída para uma humanidade afundada em guerras e ganância capitalista. Mesmo que Einstein tenha feito certas ressalvas aos bolcheviques, não deixou de elogiá-los e de reconhecer Lenin como um guardião e renovador da consciência da humanidade,  “um homem que, em total sacrifício de sua própria pessoa, dedicou toda a sua energia para realizar a justiça social”.

É válido ressaltar que o cientista era militante dos direitos civis afro-americanos e usou sua fama para denunciar o racismo americano. O físico chegou a se referir ao racismo como “a pior doença da América”. Ademais, foi membro da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) e se correspondia com ativistas como W.E.B. Du Bois. Há um registro histórico de uma palestra sua na Universidade Lincoln, na Pensilvânia, a primeira universidade historicamente negra dos Estados Unidos. Além disso, Einstein foi amigo do artista Paul Robeson, que era adepto dos ideais socialistas e chegou a ser perseguido pelo Macartismo, investigado pelo FBI e o MI5.

Einstein era judeu asquenazin, uma comunidade judia multicutural que vivia de forma coletiva e, em geral, cooperativa. Portanto, nutria um forte sentimento de coletivismo, solidariedade e cooperação. Por isso, não é estranha sua defesa aos valores socialistas, afinal, são esses os valores defendidos por judeus como Karl Marx, um dos pais do socialismo. De tudo que foi dito, fica o exemplo eterno do sensível cientista Albert Einstein que sabia como ninguém o quanto é impossível uma ciencia apartada da sociedade e que, além disso, sempre buscou utilizar seus conhecimentos para um mundo melhor, mais igualitário e mais justo.

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