A busca de alternativas espalha-se pelo mundo
Publicado 16/03/2009 às 16:20
Em quinze sites, as articulações da sociedade civil por saídas transformadoras; além de informações e análises que a mídia convencional não costuma publicar
É de esperar que as manifestações previstas para o Reino Unido, em paralelo à reunião do G-20, sejam maiores que em qualquer outra parte. Nenhum país rico está sofrendo tanto os efeitos da crise — e há o atrativo especial de Londres ser a sede da reunião dos chefes de Estado. Mas marchas e ações semelhantes vão se repetir em dezenas de outras cidades do mundo.
Elas foram articuladas, em grande medida, no último Fórum Social Mundial, em Belém. Movimentos de várias partes do mundo mantiveram seguidas reuniões. Programaram mais que manifestações de rua. Estão constituindo, aos poucos, uma rede de núcleos dedicados ao estudo da crise e das alternativas. Alguns dos pontos deste mosaico estão relacionados abaixo:
Formada numa reunião em Paris, no início de janeiro. É uma rede de redes, que procura reunir iniciativas que tratam da crise econômica, crise ambiental e crise alimentar. Funciona através de uma lista internet e conferências telefônicas mais ou menos regulares. Está articulando as manifestações de 28 de março a 2 de abril, em Londres, outras cidades da Europa e outras partes do mundo.
Baseada em Londres, mas com ramificações em outros países (principalmente europeus) é a coalizão que está organizando os protestos na Inglaterra, durante a reunião do G20.
Criado em 2002, por uma rede de organizações européias, dedicava-se inicialmente a monitorar a atuação de instituições como o FMI e Banco Mundial. Mais recentemente, tem se envolvido muito na busca de alternativas à crise, concentrando-se em especial, como sugere o nome, na reforma das instituições financeiras multilaterais
Surgiu há poucos dias, resultado também de uma rede, articulada principalmente por Peter Wahl, que dirige a ONG alemã Weed e atua na busca de alternativas ao sistema financeiro atual há décadas (foi quem organizou o primeiro encontro-manifestação paralelo a uma reunião do FMI, em Berlim, 1989). É uma espécie de portal, participativo, com análises e notícias.
Dirigido por Ann Petifor, co-autora da proposta Green New Deal, é um site de análises e notícias. Dá muita atenção às alternativas e concentra o foco na busca de sustentabilidade. É um dos espaços onde se pode acompanhar melhor os últimos acontecimentos ligados à crise, tratados a partir de um ponto de vista alternativo.
É um paper produzido por um grupo de nove pessoas (cientistas sociais, ativistas, jornalistas e dirigentes políticos) que diz inspirar-se nas idéias de Roosevelt para propor alternativas capazes de enfrentar, ao mesmo tempo, as crises econômica, ambiental e energética. O documento tem 48 páginas e pode ser encontrado no link acima.
Tem como centro o debate do Green New Deal, mas mantém informações e análises sobre temas como transformação dos mercados, bancos éticos, mudança climática e outros.
O Center for Economic and Political Research é uma ONG e rede de pesquisadores, baseada em Londres. Dele participam, entre muitos outros, Dean Baker e Ha-Joon Chang. O site publica papers e artigos, sobre a natureza da crise, seu desenvolvimento e as alternativas
É um blog criado pelo Transnational Institute, um thinktank sediado em Amsterdam, que tem Susan George como uma das principais animadoras. O blog é irregular, tanto em intensidade da atualização quanto em qualidade. Há bons textos, mas às vezes pesam demais interpretações que vão pouco além da denúncia — como as do Walden Bello e Atilio Borón
Apesar de ter vivido muitas turbulências nos últimos anos, o ATTAC francês ainda reúne capacidade de mobilização e reflexão. O site reproduz (ver coluna lateral direita) com certa frequência textos de economistas como François Chesnais, Dominique Plihon, Jacques Cossart. Também criou um blog sobre a crise.
Existente há cerca de cinco anos, a rede tem se dedicado, mais recentemente, à denúncia da falta de um sistema tributário global, e a propostas que permitam criá-lo.
O site denomina-se “um portal das sociedades civis do Sul”. Trata de crise financeira e econômica, geopolítica, comércio internacional e temas mais específicos como a disputa em torno da água.
Dirigida pelo Walden Bello, esta ONG-rede filipina prefere frequentemente a crítica e a denúncia à alternativa. Porém, acompanha atentamente a evolução da crise na Ásia, principalmente do ponto de vista social, e com algumas boas análises
Um espaço no jornal The New Internationalist dedicado à “criação de uma economia global mais justa”
> Guardian: a New Bretton Woods
Espaço criado no jornal londrino especialmente para debater o tema do título. O Guardian não chega a ser alternativo, mas é, em geral, sério e profundo.