Pandemia do desemprego: o mapa da crise no Brasil

Já são 13,5 milhões de desocupados. Em setembro, 897 mil vagas fechadas, a maior parte no Sudeste. Baque no setor de serviços é o dobro da indústria; na Educação, 36 mil professores foram demitidos; baixas no trabalho doméstico somam 1,4 milhão

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Por Luigi Mazza, Marcos Amorozo e Renata Buono, na Piauí

Há mais desempregados no Brasil do que moradores em São Paulo, a cidade mais populosa do Hemisfério Sul: 13,5 milhões. Uma fração expressiva dessas pessoas perdeu o emprego desde que o coronavírus aportou no Brasil. De março a setembro, o país fechou 897 mil vagas de trabalho. O setor de serviços e o comércio foram os mais afetados pela crise. Ao todo, foram extintas 181 mil vagas de vendedores em lojas e mercados – o dobro do número de vagas fechadas na indústria, em geral. Na Educação, 36 mil vagas de professor foram fechadas. Trabalhadores domésticos, um dos primeiros a terem o trabalho afetado pela pandemia, sofreram um baque: entre março e setembro, 1,4 milhão de brasileiros que exerciam essa profissão perderam o emprego. O =igualdades faz um retrato do desemprego no Brasil e das profissões mais afetadas pela pandemia.

Em setembro, a taxa de desemprego no Brasil bateu novo recorde: ao todo, 13,5 milhões de brasileiros estão sem emprego, segundo o IBGE. Se todas essas pessoas estivessem concentradas numa só cidade, essa cidade seria mais populosa do que São Paulo, que tem cerca de 12 milhões de habitantes e é a cidade mais populosa de todo o Hemisfério Sul. Nos Estados Unidos, que tem população bem maior do que a brasileira, o número de desempregados em outubro era de 11,1 milhões.

Entre março e setembro, mais de 897 mil postos de trabalho foram fechados no Brasil. A região Sudeste, que é mais populosa, foi responsável por 64 de cada 100 demissões no país. Depois, aparecem as regiões Sul, com 22 a cada 100 demissões, Nordeste, com 11 e Centro-oeste, com 3. Na contramão da tendência nacional, a região Norte registrou aumento dos empregos: foram 17 mil novas vagas.

O estado do Rio de Janeiro demitiu, proporcionalmente, três vezes mais que Minas Gerais: foram 996 pessoas por 100 mil habitantes entre os fluminenses contra 315 entre os mineiros. O setor mais afetado foi o de serviços, com 108,1 mil demissões, seguido pelo comércio (40,3 mil) e pela indústria (15,8 mil).

Com a diminuição das vendas em lojas físicas durante a pandemia, 181 mil vendedores foram demitidos entre março e setembro de 2020. Foi a profissão que mais teve vagas fechadas na pandemia. Esse número é duas vezes maior do que o de demissões em todos os setores da indústria nacional, que somaram 99 mil baxas no mesmo período.

A indústria foi um dos setores mais atingidos pela paralisia da pandemia, mas cada setor sentiu esse impacto de maneira diferente. Na indústria têxtil, por exemplo, houve 70 mil demissões, três vezes mais que as 23 mil baixas registradas na indústria automotiva, entre março e setembro.

Com hospitais cheios e escolas fechadas, enfermeiros e professores tiveram realidades bem distintas desde o início da pandemia. Enquanto na saúde houve a criação de 72,6 mil vagas para auxiliares, técnicos e enfermeiros em todo o país; na educação, 36 mil docentes de ensino infantil, fundamental, médio e superior perderam o emprego.

Os serviços domésticos foram um dos primeiros a serem dispensados depois do início da pandemia. Um dos reflexos disso está na alta taxa de demissões dos profissionais da área: foram mais de 1,4 milhão de baixas desde março, o que representa 24% da mão de obra empregada até então.

Fontes: Pnad Contínua (IBGE); Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged); U.S. Departament of Labour.

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