Para controlar o real sem derrubar o Brasil

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Exemplos internacionais demonstram que é perfeitamente possível conter a valorização maléfica da moeda sem paralisar a economia

Por Luís Nassif, em seu blog

A economia global atravessa uma fase de excesso de liquidez, provocada pela decisão norte-americana de resgatar US$ 500 bilhões em títulos da dívida. O principal efeito sobre a economia brasileira foi o da apreciação do real, devido ao excesso de dólares entrando.

A visão tradicional dos últimos anos sugeriria combater esse excesso reduzindo o nível de atividade da economia. Para desaquecer a economia propunha-se ajuste fiscal mais rigoroso e elevação da taxa Selic. Só que, aumentando o diferencial entre as taxas interna e externa, aumentava igualmente o fluxo de dólares para o país.

De que outra maneira conter a apreciação cambial?

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O IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) fez um bom levantamento sobre as políticas adotadas por diversos emergentes para conter a valorização da sua moeda. Veja a seguir:

África do Sul

A estratégia maior foi direcionar o fluxo de capitais para fora do país. Em outubro de 2010 eliminou o imposto de 10% sobre transferências unilaterais para o exterior e aumentou o limite de investimento no exterior por pessoas físicas.

Em dezembro de 2010, elevou o limite de aplicação no exterior pelos investidores institucionais.

Finalmente, em janeiro de 2011 permitiu às empresas estrangeiras captarem recursos no exterior sem necessidade de contrato de câmbio.

Na área de regulação bancaria, permitiu aos bancos investir no exterior 25% das obrigações não conversíveis em ações.

Coréia

Em janeiro de 2011, o país reintroduziu imposto de renda retido na fonte sobre as compras de títulos do Tesouro e do Banco Central por não-residentes no país.

Entre as medidas prudenciais, em junho de 2010 limitou a exposição dos bancos a derivativos cambiais e estabeleceu limites às operações de crédito entre bancos e exportadores que fossem vinculadas a derivativos cambiais; obrigação dos bancos casarem em 100% empréstimos em moedas estrangeiras ou títulos com dívida em moeda estrangeira, no mesmo prazo. Em dezembro de 2010 anunciou para 2011 um imposto sobre a entrada de capital externo, inversamente proporcional ao prazo de permanência.

Indonésia

Instituiu uma “quarentena” de um mês sobre investimentos de portfolio em títulos do Banco Central e introduziu títulos de prazo maior – 6 a 9 meses. Entre as medidas prudenciais, aumentou as exigências de reservas sobre depósitos em moeda doméstica; também sobre moeda externa além de limites para empréstimos externos de curto prazo.

Turquia

Reduziu o imposto na fonte sobre títulos emitidos no exterior por empresas domésticas. No plano prudencial, também aumentou as exigências de reservas bancarias sobre empréstimos, além de medidas para regular o mercado hipotecário e para conter o consumo – como aumento do pagamento mínimo na fatura do cartão de crédito.

Tailândia

Facilitou a saída de depósitos em dólares por parte de residentes e aumentou o imposto na fonte para investimentos de não-residentes em títulos públicos domésticos. Também tomou medidas para restringir o consumo, como impor limites para valor financiado dos imóveis, em relação ao seu pre’ço de mercado.

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Japão terá orçamento extra para suprir perdas

O Japão precisará de mais US$ 50 bilhões para suprir as perdas causadas pelo terremoto que destruiu parte do país em março. O custo total dos danos causados pelo desastre é estimado em US$ 300 bilhões, e o orçamento de 4 trilhões de ienes será seguido por mais pacotes de gastos para reconstrução. Segundo agências internacionais, os partidos de oposição apoiaram a primeira rodada de gastos para financiar obras como a remoção de destroços e a construção de moradias temporárias.

Balança comercial tem superávit

A balança comercial brasileira apresentou um superávit de US$ US$ 1,167 bilhão na quinta semana de abril de 2011, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Na última semana do mês passado as exportações do País somaram US$ 5,888 bilhões e as importações ficaram em US$ 4,721 bilhões. No mês, o saldo ficou positivo em US$ 1,863 bilhão, sendo que as exportações totalizaram US$ 20,173 bilhões e as importações ficaram em US$ 18,310 bilhões.

Empresas devem diminuir tomada de crédito

A perspectiva de crédito para as empresas recuou 0,5% em março, segundo levantamento da consultoria Serasa Experian. Esta é a sexta queda consecutiva, atingindo o valor de 100,8, de acordo com o indicador. De acordo com a entidade, o resultado sinaliza que os cortes no Orçamento da União e os juros mais elevados devem provocar uma desaceleração na atividade econômica, especialmente durante o segundo semestre. Desta forma, a demanda das empresas por capital de giro tende a ser mais moderada.

IPC-S fecha abril em alta de 0,95%

O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) chegou a 0,95% na última semana de abril, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado avançou 0,15 ponto percentual em relação a última divulgação. O destaque ficou com o grupo Alimentação que, após duas semanas de desaceleração, subiu de 0,91% para 1,04%, além de Transportes (de 1,82% para 2,10%), Despesas Diversas (de 0,53% para 0,81%) e Vestuário (de 1,06% para 1,34%). Apenas Educação reduziu seu ritmo, passando de 0,36% para 0,32%.

IPCA segue ritmo de alta

Os agentes do mercado financeiro mantiveram as expectativas de alta para a taxa oficial de inflação ao fim deste ano, segundo o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central. No período, os dados para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2011 subiram pela oitava semana consecutiva, de 6,34% para 6,37%. Na avaliação mensal, os dados para o mês de abril também subiram pela oitava semana, passando de 0,79% para 0,81%. Para 2012, os dados foram mantidos em 5%.

Bancos serão obrigados a informar custo total de empréstimo

Os bancos serão obrigados a informar o Custo Efetivo Total (CET) dos créditos tomados por micro e pequenas empresas. Anteriormente, esta obrigação era restrita aos clientes pessoa física, segundo o Banco Central (BC). Em nota, a autoridade monetária afirma que a medida, além de reduzir a assimetria de informações para esse segmento de empresas, “estimula a concorrência entre as instituições financeiras”. A regra foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no dia 30 de setembro de 2010.

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