O imenso buraco negro da economia global
Novo relatório disseca “mundo offshore” — rede planetária de instituições financeiras onde os 0,1% mais ricos escondem (e manipulam) algo como PIBs dos EUA e China combinados
Publicado 31/08/2012 às 10:59
Por Sarah Jaffe, no Alternet | Reproduzido por Carta Maior, com tradução de Libório Júnior
Há uma grade quantidade de informação para analisar neste relatório, pelo que nos limitamos aqui a seis coisas que devemos saber sobre o dinheiro que os mais ricos do mundo escondem de nós.
1. APRESENTAMOS-LHES O TOP 0,001%
Offshore, segundo Henry, não é já um lugar físico, embora existam vários lugares, como Singapura e Suíça, que ainda se especializam em proporcionar “residências físicas seguras e fiscalmente interessantes” aos ricos do mundo.Mas nestes tempos que correm, a riqueza offshore é virtual. Henry a descreve como algo nominal, hiperportátil, multijurisdicional, seguidamente lugar temporário de redes de entidades e acordos legais ou quase legais. Uma empresa pode estar situada em uma jurisdição, ser propriedade de um testa de ferro localizado em outro lugar e ser administrada por testas de ferro de um terceiro lugar. “Em última instancia, portanto, o termo offshorese refere a um conjunto de capacidades” e não tanto a um ou vários lugares.Também é importante, afirma o relatório, distinguir entre os “paraísos intermediários” – lugares nos quais pensam a maioria das pessoas quando se fala de paraísos fiscais, como as Ilhas Cayman de Mitt Romney, as Bermudas ou a Suíça – e os “paraísos de destino“, que incluem os EUA, o Reino Unido e inclusive a Alemanha. Esses destinos são desejáveis já que proporcionam “mercados de valores relativamente eficientes e regulados, bancos respaldados por grandes populações de contribuintes, e companhias de seguro. Além de códigos jurídicos desenvolvidos, advogados competentes, poder judicial independente e Estado de direito.”Assim, pois, os mesmos que escapam do pagamento de impostos distribuindo seu dinheiro por diferentes lugares, se aproveitam dos serviços financiados pelos contribuintes para fazê-lo. E nos EUA, alguns estados começaram, desde a década de 1990, a oferecer entidades jurídicas a baixo custo “cujos níveis de confidencialidade, proteção frente aos credores e vantagens fiscais rivalizam com os dos tradicionais paraísos fiscais secretos do mundo.” Adicione a isso a porcentagem cada vez menor dos impostos que os ricos e as empresas estadunidenses pagam e verão que estamos começando a ter um aspecto muito atrativo para aqueles que tratam de camuflar seu dinheiro.
3. GRANDES BANCOS RESGATADOS DIRIGEM ESSE NEGÓCIO
Com toda esta riqueza oculta em todo o mundo, impossível de contar e de tributar – afirma a Tax Justice Network -, não resta dúvida de que estamos subestimando a desigualdade de ingressos e riqueza realmente existente. Stewart Lansley, autor de The Cost of Inequality(O custo da desigualdade), assegurou a Heather Stewart, do The Guardian: “Não há absolutamente nenhuma dúvida de que as estatísticas sobre a renda e a riqueza dos de cima diminuem a magnitude do problema“.
Ao calcular o coeficiente GINI, que mede a desigualdade em uma sociedade, disse, “Não se recolhem os dados dos multimilionários, e inclusive quando se faz, não é adequadamente“.
Esse é um assunto tão importante que a Tax Justice Network incluiu um segundo relatório, ao mesmo tempo em que o de Henry, titulado“Inequality: You don’t know the half of it” [3] (Desigualdade: você não conhece nem a metade). O estudo detalha todos os problemas da forma em que agora calculamos a desigualdade; seguidamente parecem ser, em essência, que não temos uma medida exata da verdadeira riqueza dos super-ricos. Os dados sobre ingressos fiscais estão disponíveis, mas se na realidade há trilhões escondidos por todo o mundo nos paraísos fiscais, como calcular os ingressos reais dos mais ricos do mundo?
A desigualdade disparou em todo o mundo, segundo os cálculos frequentemente utilizados. Se o 1% superior da população dos EUA não só é dono de 35,6% da riqueza, por exemplo, mas que também tem um volume de dinheiro muito maior escondido em algum lugar, que significado tem isto para nós?
Não esqueçamos, afirma o relatório, que “a desigualdade é uma opção política. Ou seja, nós decidimos o que fazer como sociedade baseando-nos no montante de desigualdade que consideramos tolerável ou justo. Se esse montante é muito maior do que pensamos, de que forma desvaloriza nossas prioridades? Muitos estadunidenses já estão mal informados acerca de seu nível de desigualdade, mas este estudo confirma que inclusive os supostos especialistas estão subestimando em muito o problema”.
5. OS PAÍSES “ENDIVIDADOS” NÃO DEVEM, NA REALIDADE, NADA
O relatório de Henry destaca um subgrupo de 139 países, de ingressos baixos ou médios, e destaca que, segundo a maioria dos cálculos, os ditos 139 países tinham, em conjunto, dívida superior a quatro trilhões de dólares no final de 2010. Mas ao se tomar em conta todo o dinheiro que se acumula offshore, os países, na verdade, teriam uma dívida negativa de 10 trilhões de dólares, ou como Henry escreve:”Uma vez tomados em consideração esses ativos ocultos e os ingressos que geram, muitos antigos países “devedores” seriam, de fato, países ricos. Mas o problema é que sua riqueza está depositada offshore, em mãos de suas próprias elites e seus banqueiros privados”.Henry afirma também que os países em desenvolvimento em seu conjunto terminam sendo credores do mundo desenvolvido, em lugar de devedores, e o foram durante mais de uma década. “Isso significa que se trata realmente de um problema de justiça tributária, não simplesmente de ‘dívida’”.Mas essas dívidas, como afirmamos, recaem nos ombros dos trabalhadores desses países, que não podem desfrutar das vantagens dos sofisticados paraísos fiscais.E isso, é claro, não é só um problema do mundo em desenvolvimento. Hoje em dia, afirma Henry, o mundo desenvolvido tem sua própria crise da dívida (vejam-se os problemas atuais da zona do euro). O economista francês Thomas Piketty afirma, “a riqueza depositada em paraísos fiscais é provavelmente de um montante suficiente para converter a Europa em um credor muito grande com respeito ao resto do mundo”.
6. QUANTO ESTAMOS PERDENDO?
uma BOA notícia: existem pelo menos 21 trilhões de US$ no planeta, prontos para aquecer a economia e resolver muitos problemas.
Só faltar achar os "donos" e fazê-los pagar seus impostos 😉
Es mucha arena para mi camioncito, peeeero, desde latitudes al Sur del Ecuador, es sospechable desde los tiempos de la "Alianza para el Progreso", o, talvez antes todavía, cuando por ejemplo, y como apenas una muestrita, Inglaterra "comprava" los 'tops' de lana suadmericana al tiempo en que "vendía" los "casimires de pura lana inglesa"…
É, podem fechar a porta e deixar a luz acesa; quem se importa?
Só um II guerra mundial, poderíamos ter acesso a esses trilhões de dólares roubado the Humanidade!
Obrigado pelo vosso trabalho e pelos vossos artigos que servem concerteza para esclarecer o pessoal. Abraço.