Em gráficos, o drama da escalada dos aluguéis

Em um ano, o preço médio para locação residencial cresceu três vezes acima da inflação no Brasil. Em Goiânia, o aumento bateu 37%. Enquanto isso, para comprar uma kitnet de 40 m2, brasileiro precisaria economizar 259 salários mínimos

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Por Eduardo Chaves e Renata Buono na Revista Piauí

O preço de viver no Brasil, sobretudo nas metrópoles, é cada vez mais salgado. De janeiro a julho, o valor médio do aluguel de imóveis residenciais subiu o triplo da inflação, segundo levantamento FipeZap+. Goiânia foi a capital mais afetada: entre julho de 2022 e julho de 2023, o aluguel médio na cidade subiu 37%. Enquanto isso, o aluguel de espaços comerciais teve a maior alta no Brasil em dez anos. Num cenário como esse, em que o boleto de aluguel engole boa parte do salário, a casa própria é um sonho difícil de concretizar. Para comprar uma kitnet de 40m², o brasileiro precisa economizar, em média, 259 salários mínimos. O =igualdades desta semana mostra o encarecimento do mercado imobiliário no Brasil.

Segundo o índice FipeZap de locação residencial, o reajuste médio do aluguel no Brasil subiu 10,7% de janeiro a julho deste ano. O aumento é três vezes maior que a alta da inflação registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor-Amplo (IPCA), a inflação oficial, no mesmo período – de aproximadamente 3%.

Entre as 25 cidades brasileiras analisadas pelo levantamento FipeZap+, Goiânia é a que teve o maior aumento de preço médio de aluguel residencial entre julho de 2022 e julho de 2023. A capital goiana registrou alta de 37,4% no acumulado dos doze meses. É um aumento duas vezes maior que a média do país, de 16,3%.

De acordo com a pesquisa FipeZap+, o preço médio do metro quadrado para aluguel de residência de São Paulo é mais caro que o do Rio de Janeiro. No mês de julho deste ano, a locação residencial de uma kitnet de 40m² na capital paulista custou, em média, R$ 1.987. Já na cidade do Rio o mesmo imóvel saiu por R$ 1.719 – ou seja, 268 reais a menos.

O preço médio do metro quadrado no Brasil era R$ 8,5 mil em julho deste ano. Sendo assim, o brasileiro precisa guardar, em média, R$ 342 mil para comprar uma kitnet. Isso equivale a 259 salários mínimos, que atualmente têm o valor de R$ 1.320.

Em julho de 2019, o metro quadrado de imóveis residenciais no Brasil custava, em média, R$ 7.179. A cidade de Balneário Camboriú-SC estava afinada com a média: na época, seu metro quadrado saía por R$ 7.229. Quatro anos depois, o cenário é outro: a média brasileira está em R$ 8,5 mil, enquanto os preços da cidade catarinense chegaram a R$ 12,3 mil.

O metro quadrado de imóveis de um quarto é mais caro, em média, que o de imóveis com dois ou mais quartos. Uma das explicações para isso é a profusão de apartamentos pequenos em áreas supervalorizadas. No mês de julho, o valor médio de venda de uma residência de um quarto foi R$ 10 mil por metro quadrado. Imóveis de dois quartos custaram R$ 7,7 mil; de três quartos, R$ R$ 8,2 mil; de quatro quartos ou mais, R$ 9,8 mil.

O aluguel de espaços comerciais também acompanhou a subida de preços e teve, em 2023, a maior alta de preços em dez anos. Em julho de 2013, a alta acumulada de doze meses (jul/12 a jul/13) foi de 5,1%. No último mês de julho, considerando o mesmo período de tempo, o crescimento foi de 6% para locação de imóveis comerciais.

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