Em gráficos, o Brasil questiona a punição ao aborto

Cresce, cada vez mais, o número de jovens de 18 a 24 anos que opõem-se à de mulheres que abortam, inclusive em setores religiosos. Escolaridade é fator determinante. Idosos com mais de 65 foi grupo etário que mais mudou de opinião

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Por Amanda Gorziza e Renata Buono, na Piauí

Aumentou, nos últimos cinco anos, o número de brasileiros contrários à prisão de mulheres por aborto: eram 52% em 2018, são 59% em 2023. O crescimento foi constante, ano a ano, desde 2019. Dados inéditos obtidos pela piauí mostram, agora, como essa mudança se deu em segmentos específicos da população. Entre os evangélicos, 50% eram contra a prisão por aborto em 2018; hoje são 56%. Os brasileiros mais jovens são os que mais se opõem à medida (67%). Os dados fazem parte da série “A Cara da Democracia”, realizada pelo Instituto da Democracia com base em entrevistas presenciais realizadas nos últimos cinco anos com amostras de cerca de 2 mil pessoas de todas as regiões do país. Em média, a margem de erro de cada pesquisa é de 2 pontos percentuais. Os dados foram sistematizados pela equipe do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp, com apoio da SPW (Sexuality Policy Watch Brasil) e do Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria). O =igualdades mostra, com exclusividade, os resultados do levantamento.

Em 2018, 52% dos brasileiros eram contra a prisão de mulheres pela prática de aborto. Em agosto de 2023, eram 59%.

Os brasileiros com idades entre 18 e 24 anos são, dentre todas as faixas etárias, os que mais se opõem à prisão de mulheres por aborto: 67% se dizem contra a medida. A média nacional é 59%.

O grupo de pessoas com 65 anos ou mais foi o que registrou maior mudança de opinião. Em 2018, 46% dos brasileiros dessa idade se diziam contra a prisão de mulheres por aborto. Em 2023, foram 63%.

Em 2023, mais de 60% dos entrevistados com ensino superior completo ou incompleto disseram ser contrários à prisão de mulheres que interromperam a gravidez. Já entre os que não concluíram a escola, a proporção foi de 56%.

Uma pesquisa do Instituto Ipsos, realizada por telefone e internet, mostrou que os brasileiros estão abaixo da média mundial no apoio à legalização do aborto. Dentre 27 países analisados, o Brasil ficou na 20ª posição. Em 2021, 64% dos brasileiros defendiam que o aborto pudesse ser praticado sempre ou em casos de estupro.

Entre 2014 e 2021, a percepção favorável ao direito ao aborto no Brasil cresceu 11 pontos percentuais. Foi o terceiro maior crescimento no período, atrás apenas de Argentina (15 pontos percentuais) e Coreia do Sul (20 pontos). Na média dos 27 países analisados na pesquisa, a proporção permaneceu estável no mesmo período.

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