A tragédia que denunciou a intoxicação do Tapajós
Afligido por grave doença degenerativa, o ativista Cassio Beda dedicou o resto de seus dias a provar os impactos do mercúrio despejados pelo garimpo nas aldeias. Seu caso moveu pesquisa que identificou teor letal de intoxicação nos Mundurukus
Publicado 04/05/2021 às 16:02 - Atualizado 04/05/2021 às 16:04
Por André Cabette Fábio, na Repórter Brasil
A liderança indígena Alessandra Munduruku visitou seu amigo, o ativista Cassio Beda, cerca de um ano antes de ele morrer, no último 5 de abril. Um encontro que, segundo ela, teve ares de despedida, já que a saúde de Beda já estava debilitada e o avanço da pandemia a impediria de visitá-lo novamente.
O encontro teve momentos de leveza: “Nós brincamos, mandei fotos e mensagens dele para os caciques”. Mas Alessandra também carregou da visita uma reflexão sobre quem responsabilizar pela morte do ativista, diagnosticado com ELA (esclerose lateral amiotrófica). A partir de pesquisas sobre seu caso realizadas por ele mesmo e pela equipe médica que o atendeu, Beda defendia que sua doença poderia ter sido causada por intoxicação por mercúrio, da época em que trabalhava junto a comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia, em especial os Munduruku.
“Muitas vezes achei que a culpa era nossa, porque a pessoa quer ajudar a gente de alguma forma e fica doente”, diz Alessandra. “Mas pensando agora vejo que a culpa não é nossa, a culpa é do governo e das empresas que trazem o mercúrio para nossa região”.
Além da certeza sobre quem responsabilizar, a líder Munduruku também tem convicção de que a luta do amigo para provar que havia sido contaminado, assim como sua morte, vêm ajudando a levantar um alerta sobre a contaminação por mercúrio de diversas aldeias da etnia.
Até sua morte, Beda defendia que a doença neurodegenerativa da qual sofria fora desencadeada por intoxicação por mercúrio por meio do consumo de peixes na região do Alto Tapajós, no Pará. A região é foco de garimpeiros que despejam na natureza toneladas do metal tóxico, usado para separar o ouro de sedimentos.
Apesar do diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica, o médico responsável pelo tratamento de Cassio registrou em um relatório de julho de 2017 que era possível que o caso se tratasse de “um quadro de doença do neurônio motor secundária e intoxicação por mercúrio”. O sanitarista e pesquisador Paulo Basta, da Fiocruz, avalia que “é uma hipótese plausível que a esclerose tenha sido despertada após a contaminação por mercúrio”. Mas ressalta que não é possível confirmar essa correlação com os dados disponíveis.
Basta se correspondeu com Cassio e discutiu seu caso por dois anos.
Foi um vídeo gravado pelo ativista em 2017 sobre seu adoecimento, em que
alerta os Munduruku sobre o risco de contaminação, que acabou fazendo
com que o médico fizesse um estudo para analisar o nível de mercúrio no
corpo dos indígenas. O depoimento, em que Beda aparecia já debilitado,
fez com que as lideranças pedissem à Fiocruz para testar se estariam
contaminados.
Divulgados em 2020, os testes com 197 indígenas Munduruku indicam que todos estavam contaminados. Em 58% dos casos, a contaminação estava acima do limite de segurança estabelecido por agências de saúde internacionais.
Na Amazônia, para ‘colocar a mão na massa’
A trajetória de Beda se cruza com a de povos indígenas em 2014, logo depois que ele defendeu seu mestrado
na área de saúde pública pela USP (Universidade de São Paulo) em
Ribeirão Preto, sobre a exposição do Aquífero Guarani a agrotóxicos.
“Ele me falou ‘mãe, vou pra Amazônia trabalhar, quero colocar a mão na
massa, depois volto para fazer o doutorado’”, conta Adenil Bernardino
Freire Beda.
No mesmo ano, ele foi à Amazônia para trabalhar. Primeiro no Napra
(Núcleo de Apoio à População Ribeirinha na Amazônia) em Rondônia e, em
seguida, no Instituto Socioambiental (ISA), em Altamira (PA) junto a populações ribeirinhas.
No ano seguinte, em 2015, ele deixou o ISA e passou a apoiar os
Munduruku no Tapajós, a Oeste da Terra do Meio, que começavam a se
articular pela autodemarcação da Terra Indígena (TI) Sawré Muybu.
“Meu primeiro contato com ele foi em uma assembleia do povo Munduruku
para a qual ele tinha sido convidado como apoiador. Conversamos muito
e, depois, ele passou a integrar nossa equipe. Como ele sabia mexer em
equipamentos como GPS, os Munduruku viam Cassio como aliado”, conta
Haroldo Pinto Espirito Santo, coordenador regional do Cimi (Conselho
Indigenista Missionário) Norte.
No Cimi, Beda passava meses dentro da mata com os indígenas, no Baixo
Tapajós, usando GPS no processo de autodemarcação. Foi quando ele
conheceu a líder Munduruku Alessandra Korap. “Ele era muito prestativo,
um parceirão de luta, os guerreiros gostavam dele porque sempre estava
com eles no meio do mato para nos ajudar”, diz.
Beda contribuiu na mobilização dos Munduruku contra a construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós (PA), suspensa em maio de 2016.
Durante a Caravana Tapajós, realizada em agosto daquele ano em protesto
contra a construção de hidrelétricas na região, sentiu os primeiros
sintomas. “Tinha dificuldade para subir escadas, sentia as mãos e os pés
adormecerem e tinha cãibras”, diz, em seu relato em vídeo. Nessa
época, passava bastante tempo na cidade de Itaituba (PA), centro de
garimpo ilegal na Amazônia.
Os problemas também foram percebidos pelos colegas. “O cacique Braz Tupinambá comentou ‘o Cassio tem esse problema, às vezes a perna fica dura e ele cai’. Em 2016, comecei a ver coisas estranhas. Ele sentia dores, tropeçava, caía. Ele se chateava, dizia que as pernas estavam traindo ele. Percebemos que aquilo não era normal, e dissemos que ele precisava se cuidar”, conta Espirito Santo, do Cimi.
Peixes contaminados
Beda partiu em busca de atendimento em Santarém, onde médicos levantaram a hipótese de contaminação por metais pesados. Um teste realizado pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará datado de novembro de 2016 indicou presença de 1,8 micrograma de mercúrio orgânico por decilitro de sangue, quase que o dobro do valor referencial adotado pelo exame, de 1 micrograma de mercúrio por decilitro. Mas fica abaixo de 5 microgramas, aquilo que o exame adota como sinal de exposição significativa ao mercúrio orgânico, que é o tipo presente em peixes contaminados.
Em dezembro de 2017, Beda viajou para sua cidade natal, Ribeirão Preto (SP), em busca de mais exames e de um diagnóstico. “Ele chegou parecendo um senhor de idade, andando devagar, encurvado. Ele era capoeirista, e sempre tinha sido um cara forte, ágil”, conta o administrador de empresas Cesar Freire Beda, irmão de Cassio.
Em Ribeirão, foi internado no Hospital das Clínicas, da USP, onde realizou exames de eletroneuromiografia, ressonâncias magnéticas de coluna e do cérebro, tomografia computadorizada do abdome e da pelve e endoscopia, além de exames de sangue.
Em seu relatório de alta hospitalar, de fevereiro de 2017, consta que
a equipe médica investigou a suspeita de contaminação por metais
pesados. O documento inclui os resultados do teste realizado no Pará,
que indicou 1,8 micrograma de mercúrio por decilitro. Mas o hospital
indica no documento 5 microgramas por decilitro como valor de referência
para toxicidade.
Basta, da Fiocruz, destaca que há um debate científico sobre os limites aceitáveis de mercúrio no sangue, que também variam de acordo com o tipo de exame realizado. Um documento de 2008 da Organização Mundial de Saúde (OMS) define esse limite como entre 0,5 e 1 micrograma por decilitro entre indivíduos que não consumiram peixe contaminado.
Beda chegou a questionar a adoção por parte do HC de Ribeirão Preto do critério de 5 microgramas por decilitro de sangue como valor de referência para intoxicação, sob o argumento de que “a Comissão de Biomonitorização Humana alemã define o valor de 1,5 micrograma por decilitro como HBM II, concentração acima da qual existe um risco aumentado de efeitos adversos para a saúde”.
Entre março e maio de 2017, ele passou por dois ciclos de quelante de
mercúrio no Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), um procedimento que visa a retirar o metal tóxico do sangue.
A equipe do Hospital das Clínicas da USP não determinou de forma
conclusiva em seu diagnóstico uma relação entre o nível de mercúrio e o
adoecimento do ativista. Mas em um relatório de julho de 2017, o médico
responsável, Pedro José Tomaselli, faz a ressalva de que “embora não
haja consenso na literatura há uma série de relatos sugerindo a
associação de quadros de doença do neurônio motor como uma das
manifestações neurológicas da intoxicação por mercúrio”.
Segundo o médico, isso sugeria que o metal pode ser causa direta ou “fator de risco para o desenvolvimento do sistema nervoso”.
No documento, ele destaca a passagem de Cassio pelo Vale do Tapajós, que é “um dos principais sítios de extração de minério”, ressalta que mercúrio é usado nesse processo e que níveis elevados do metal tóxico foram encontrados em peixes da região, uma “fonte possível de contaminação aos que se alimentam de peixe”.
Tomaselli conclui que “a existência desses estudos na literatura médica nos impõe a dúvida sobre a relação causa-efeito de forma que não conseguimos definir se estamos diante de um quadro de ELA esporádico ou se estamos de um quadro de doença do neurônio motor secundária e intoxicação por mercúrio. Os achados de exame físico e os achados acima descritos não nos permitem diferenciar essas condições”.
O HC de Ribeirão Preto afirmou que, “por questão de ética médica”, o médico responsável não poderia falar sobre o tratamento.
A professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP e
orientadora de Beda no mestrado, Susana Segura Muñoz, disse que um
diferencial em seu quadro era uma “urgência urinária e fecal, que não é
sintoma de ELA, mas é relatada entre pacientes com intoxicação por
mercúrio”. Beda também afirmava que entre os primeiros sintomas esteve
um gosto metálico na boca, condizente com contaminação pelo metal.
Como Cassio não fez exames quando sentiu esses primeiros sintomas, é
possível que o patamar de mercúrio tenha baixado no decorrer dos meses
até realizá-los, diz Muñoz. Isso dificulta confirmar ou afastar
completamente a hipótese de que uma contaminação aguda tenha contribuído
para seu quadro.
“O caso dele traz uma discussão séria, sobre toneladas de mercúrio
despejadas em rios, que podem estar contaminando muita gente por meio
dos alimentos e causando neuropatias [doenças neurológicas] de
diferentes espectros, parecidas com a doença de Minamata. Mas faltam
dados clínicos e epidemiológicos”, diz Munhoz. Ela diz que pretende
registrar a história de Cassio como um relato de caso, que poderia ser
usado para estudar a hipótese de associação entre mercúrio e ELA, mas
que no momento não é possível estabelecer essa conexão com certeza.
A doença de Minamata é uma síndrome neurológica causada por envenenamento por mercúrio, com sintomas severos. Ela foi descrita na década de 1950 na cidade japonesa de Minamata, onde centenas de pessoas morreram com sintomas como falta de coordenação do corpo, dormência nas mãos e pés, redução do campo de visão e perdas na audição e na fala. As águas da costa da cidade eram contaminadas por uma fábrica que despejava o metal tóxico, consumido pela população local por meio de peixes.
Em uma troca de e-mails com profissionais da saúde, em julho de 2018, Beda afirmou que era reconhecido que doenças neuromusculares, incluindo a esclerose lateral amiotrófica, foram relatadas após exposição a mercúrio inorgânico. “Sinto-me injustiçado e lesado quando sabemos a real causa de meu adoecimento, e sou negado a um diagnóstico qualificado e preciso, para assim buscar meus direitos e assistência necessária, visto que estou apenas recebendo um salário mínimo do INSS e precisando contratar cuidador para apoio em casa. Enquanto os mineradores continuam lucrando com a extração do ouro e poluindo o rio com mercúrio, contaminando a população que tem acesso à saúde precária no Pará”, conclui o ambientalista.
O vídeo de alerta aos Munduruku
Cassio passou a estudar seu próprio caso e uma possível relação com a
doença da cidade japonesa. Em outubro de 2017, gravou o vídeo “De
Minamata ao Tapajós: um alerta sobre a contaminação de mercúrio na
Amazônia”, em que fala sobre o risco de contaminação e conta que
acreditava que, por não comer carne teria ficado mais vulnerável ao
mercúrio presente nos peixes. “Devido ao grande consumo de peixe que fiz
em um curto período, tive um quadro agudo de contaminação”.
Em seu vídeo, Cassio diz que sofre da doença de Minamata, apresenta
estudos sobre contaminação por mercúrio entre indígenas e peixes na
Amazônia, cobra que autoridades combatam o garimpo ilegal e o despejo de
mercúrio, e que equipes da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) sejam
treinadas para identificar a contaminação pelo metal.
Ele cita a existência de casos de esclerose lateral amiotrófica possivelmente relacionados a intoxicação por mercúrio, e um estudo de 2014,
sobre uma combinação entre um tipo de doença autoimune e síndrome do
espectro de ELA relacionada a um tipo específico de envenenamento por
mercúrio.
“Hoje consigo notar que várias pessoas do povo Munduruku apresentam
sinais da doença [de Minamata], como problemas de vista, de ordem
neurológica, surtos psiquiátricos, problemas motores, como rigidez,
músculos atrofiados”, diz Cassio em seu alerta.
O mercúrio quando é aplicado sobre a mistura de sedimentos e ouro
extraídos da terra ou de rios faz os dois metais formarem um amálgama –
mais pesado e fácil de separar dos outros materiais. Garimpeiros aquecem
essa mistura, fazendo com que o mercúrio evapore e deixando o ouro em
pepitas. Além disso, as dragas que revolvem o fundo dos rios também
trazem à tona o mercúrio. O metal pode ser consumido por bactérias, que o
transformam em metilmercúrio (cuja toxicidade é maior e é mais
dificilmente eliminada). Essas bactérias, por sua vez, podem ser consumidas
por seres vivos mais acima na cadeia alimentar, ou liberar o
metilmercúrio na água, que pode ser absorvido por plâncton e consumido
por outros seres vivos. O mercúrio pode se acumular nos peixes pela
alimentação ou ao passar pelas suas guelras.
A mobilização dos Munduruku
Em outubro de 2018, os Munduruku assistiram ao vídeo de Beda. “Quando
eu assisti o vídeo com o Cassio andando daquele jeito, eu chorei
demais. E a cara dos caciques foi de assustar. Sempre percebemos sinais
de adoecimento, de pessoas que desmaiam, têm fraqueza nas pernas,
esquecimento, não conseguem mais andar, mulheres que perdem o bebê. São
sinais de metilmercúrio, mas a Saúde [órgãos do governo] nunca vai dizer
que foi por isso, porque aqui não tem análise”, diz Alessandra
Munduruku.
“O vídeo foi importante porque o Cassio era um amigo próximo. Nesse
dia, os caciques decidiram fazer a análise nos cabelos, como tinham
feito com os Yanomami. Então escrevemos uma carta para a Fiocruz.”
O documento chegou ao sanitarista Paulo Cesar Basta, cuja equipe foi a
campo entre outubro e novembro de 2019, quando visitou três aldeias
(Sawré Muybu, Poxo Muybu e Sawré Aboy), coletou peixes e avaliou 200
indígenas.
Fiocruz constatou contaminação em peixes e nos Munduruku
Divulgados em novembro de 2020, os resultados indicam que todos os
peixes estavam contaminados com concentrações entre 0,13 a 1,95 parte
por milhão de grama. O limite máximo recomendado pela OMS (Organização
Mundial de Saúde) e pela FAO (Organização ONU para Agricultura e
Alimentação) é de 0,5 parte por milhão de grama.
A pesquisa estimou a dose de ingestão diária de mercúrio pelas
populações indígenas a partir dos níveis de metal detectados nesses
peixes. Os patamares seriam entre 4 e 18 vezes maiores do que os limites
considerados seguros pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos). E entre 2 a 9 vezes maiores do que os tolerados pela
OMS.
O trabalho conclui que “os níveis de contaminação por mercúrio no
Tapajós têm aumentado de forma significativa ao longo dos anos”, já que um estudo de 1995 sobre peixes na mesma região indicava nível de contaminação 2,6 vezes menor. E um trabalho de 2005, nível de contaminação 26,3% menor.
Amostras de cabelo foram coletadas de 197 indígenas e, em todos os
casos, foram encontrados sinais do metal tóxico. Em 58% deles, os níveis
estavam acima de 6 partes por milhão de grama, que a pesquisa adotou
como limite máximo de segurança estabelecido por agências de saúde
internacionais para amostras de cabelo.
Na aldeia Sawré Aboy, a contaminação atingiu 87,5% da população
pesquisada. Ela fica às margens do rio Jamanxim, um dos mais impactados
pelo garimpo ilegal. Segundo os pesquisadores, “à medida que avançamos
para regiões mais impactadas pelo garimpo, maior foi o nível de
contaminação observado”. Também foram registrados déficits de
sensibilidade térmica; reação a dor nas extremidades, atrofia da
musculatura dos dedos dos pés, entre outras alterações.
Depois dos resultados da pesquisa
“A gente já esperava um índice muito alto de contaminação, mas
queríamos uma resposta porque se você fala e não tem o dado, os
garimpeiros, a prefeitura, a mineradora podem falar que não é verdade.
Mas quando há dados de uma fundação respeitada como a Fiocruz, podemos
perguntar: ‘ E aí, como isso pode acontecer?’ E isso mexe com a saúde
pública, que não é só dos indígenas, mas também de quem mora na cidade”,
diz Alessandra.
Para Basta, da Fiocruz, Beda “levantou um alerta para um problema que
está presente na vida dos Munduruku desde a década de 1950, que vem se
agravando com o uso de maquinário pesado e colocando em risco toda uma
geração de pessoas nascendo sob a ameaça de contaminação por mercúrio”.
O ativista morreu quase um ano depois da visita de Alessandra Munduruku. “Sei que ele sofreu muito com essa doença, por não poder andar, não poder comer e não poder brincar. Mas sei também que ele está voando para nos proteger. A gente acredita muito nisso, que a pessoa sai do sofrimento e fica espírito para nos proteger”.