Surtos e pandemias: como o Brasil pode se preparar?

• Dalcolmo faz proposta para monitorar pandemias • Terras indígenas e Saúde • Trabalhadores do SUS em BH • E MAIS: Institutos de Saúde dos Brics; Mata Atlântica; setembro amarelo; câncer ginecológico •

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Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, reforça a ideia de que a próxima pandemia já não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”. Embora acredite que o patógeno mais provável seja o vírus influenza – como o H5N1, chamado de gripe aviária –, a especialista alerta que 6 em cada 10 das futuras pandemias podem se originar de zoonoses. Segundo Dalcolmo, a transmissão de doenças por animais para humanos é favorecida pela violação do meio ambiente. “Nossa amazônia, devastada dessa maneira, é um celeiro de vírus”, afirma Dalcolmo.

Diante desse cenário, Margareth defende a criação de uma estrutura nacional de emergência sanitária que seja responsável por monitorar ameaças, emitir alertas e responder de forma rápida e eficiente a surtos e pandemias – além de possuir caráter independente, ou seja, sem estar sujeita a mudanças governamentais. Segundo ela, o modelo australiano dessa nova instituição, que obteve destaque na pandemia da covid-19, é exemplar. Dentro disso, a pesquisadora ressalta a importância da fabricação nacional de vacinas e insumos, para que o Brasil não fique refém de importações a preços abusivos.

Sustentabilidade de terras indígenas garantem melhor saúde humana

Estudo inédito realizado por pesquisadores dos países da bacia amazônica investiga a relação entre a redução de doenças e a ocupação de territórios por povos originários. Para começar, a pesquisa indica que as doenças relacionadas a incêndios florestais em regiões tropicais e subtropicais representaram mais de 80% dos casos nestas áreas entre 2001 e 2019 – sendo as respiratórias as mais predominantes. A maioria destes incêndios (88,7%) ocorreu fora das terras indígenas (TIs).

Para os pesquisadores, os dados provam que as TIs, bem como a ocupação florestal pelos povos indígenas, são essenciais para a preservação da biodiversidade, especialmente em regiões tropicais. Entretanto, a bióloga e co-autora do estudo, Paula Priest, explica que a contribuição das TIs e dos povos tradicionais para a saúde humana ainda são pouco compreendidas. Para ela, a partir da investigação, pode-se concluir que, para além da importância de áreas sob proteção indígena para a mitigação climática, as TIs fazem a diferença quando se trata da saúde humana.

Precarização do SUS da capital mineira

Demissão em massa, falta de insumos e risco de redução da segurança nas unidades de saúde. Diante dessas e outras queixas acerca do SUS de Belo Horizonte, os servidores públicos da saúde da capital mineira paralisaram suas atividades nesta quinta-feira (11). A mobilização também realizou um ato público em defesa do SUS de BH, em frente à prefeitura. 

Segundo a presidente do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH): “Os trabalhadores do cotidiano do SUS estão sofrendo. Tentamos dialogar com o prefeito Álvaro Damião (União Brasil), mas ele não quis”. Ela também explica que, na última década, BH ampliou apenas nove equipes de saúde da família e demitiu inúmeros profissionais de apoio, de modo que a assistência à saúde na cidade não está dando conta da alta demanda. Além disso, as entidades presentes no ato reclamam da falta de clareza sobre a real situação financeira da Saúde no município e dos riscos à segurança dos trabalhadores dos centros de saúde.

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Fiocruz recebe autoridades de saúde dos BRICS

Ocorrerá, entre 15 e 17 de setembro, a 1ª Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública dos Brics (INSPs). O evento reunirá autoridades dos países do bloco, agora ampliado para mais de 20 países, e contará com participação do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde. Saiba mais.

Recuperação da Mata Atlântica encontra limites ecológicos

Uma pesquisa constatou que projetos de replantio de espécies vegetais do bioma da Mata Atlântica ainda não conseguem se regenerar nos moldes originais. Através de modelos de análise de dados e cálculos, o estudo revela dificuldades de integração entre as diferentes áreas em sua biodiversidade e conexão entre espécies de fauna e flora. Por quê?

Setembro amarelo vira lei

Lula sancionou a lei 15.199/2025, que oficializa campanhas de prevenção ao suicídio e autoflagelos, dentro de escopo relativo à saúde mental. A legislação oficializa prática adotada desde 2014 e visa fortalecer campanhas, em contexto onde taxas de suicídio aumentaram de forma sistemática nas últimas décadas. Veja mais medidas anunciadas.

SP recebe evento de câncer ginecológico

Começa nesta quinta (12) o 8º Simpósio Anual do Eva, Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, que reúne especialistas neste tipo de câncer. O encontro visa gerar intercâmbio de conhecimentos entre grupos e pesquisadores, além de conscientização sobre prevenção, a exemplo da vacina de HPV. O que será debatido?

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