Saúde-mercadoria: mesmo com lucro recorde, empresários lamentam

• Setor privado registra lucro no primeiro trimestre • Butantan testa vacina contra gripe aviária • E MAIS: anos 20 e desastres ecológicos; vacina para meningite; câncer entre jovens; febre amarela •

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Embora tenham registrado lucro recorde mais uma vez, os donos de operadoras de planos de saúde continuam a lamentar por uma suposta insustentabilidade do sistema suplementar – e a buscar saídas para gastar menos com o cuidado com pacientes. O lucro líquido do setor, nos três primeiros meses de 2025, foi de R$ 7,1 bilhões, um salto de 114% em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). É o maior resultado líquido da série histórica desde 2018, registra uma matéria publicada no Valor.

A reportagem entrevista alguns dos principais nomes da saúde privada e representante da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que apesar de tudo dizem-se preocupados com as contas. O diagnóstico do diretor da Federação Nacional de Saúde Suplementar, Bruno Sobral, é correto: a queda na formalização do mercado de trabalho atinge em cheio as operadoras de convênios médicos – afinal, a grande maioria dos contratos é coletivo-empresarial. Mais precarização, menos clientes. 

Mas a busca por aumentar os lucros passa por diversas áreas, como mostram os entrevistados pelo Valor. Criar produtos flexíveis (os planos de saúde “melhoral e copo d’água” são uma tentativa nesse sentido), ampliar o uso de inteligência artificial para atendimento e a verticalizar operações (ou seja, construir redes próprias de hospitais para reduzir custos) são três escolhas usuais das operadoras. Entre outras lamúrias, os empresários estão descontentes com o rol taxativo da ANS, a judicialização crescente e a ampliação de coberturas para terapias específicas. 

Butantan avança nos testes para vacina contra gripe aviária

No âmbito da preparação do Brasil para novas pandemias, a produção nacional de uma vacina para a gripe aviária deu mais um passo. A Anvisa autorizou que o Instituto Butantan comece a fazer testes clínicos em humanos, após ter concluído a etapa em animais. Nesse momento, os pesquisadores avaliarão a segurança e a eficácia do imunizante em 700 voluntários adultos e idosos em cinco centros de pesquisa (Recife, São Paulo, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Belo Horizonte). Segundo o Instituto, há a capacidade de produção de 30 milhões de doses após os resultados iniciais, e a vacina contempla as cepas H5N1, H5N8 e H7N9.

A gripe aviária ainda não é uma ameaça real aos seres humanos, embora a falta de controle do vírus, em especial nos Estados Unidos, cause muitas preocupações. Até hoje, só foi registrada a transmissão de animais (aves e gado, principalmente) para humanos. O problema maior começa se houver uma mutação do patógeno que permita que ele se espalhe entre os próprios humanos. Daí a importância de já haver uma vacina sendo desenvolvida, para enfrentar uma possível pandemia. O Instituto Butantan passa por uma ampliação, para que seja transformado em um complexo industrial que possa estabelecer autossuficiência em produção de vacinas para o Brasil a médio e longo prazo, segundo seu diretor Esper Kallás.

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Década de 2020 com o dobro de desastres ligados à chuva

O Brasil registrou, apenas nos três primeiros anos da década atual, 1.885 desastres ligados a chuvas, ante 899 no período de 2010 a 2019. País teve, em média, 3,2 milhões de habitantes afetados por ano por eventos extremos no período. Veja mais dados.

Vacina com proteção ampliada contra meningite no SUS

A vacina de reforço, que começou a ser oferecida no SUS nesta terça-feira (1), passa a proteger bebês contra quatro variantes da meningite meningocócica. Saiba mais.

Casos de câncer aumentam entre jovens

Em apenas três décadas, houve um aumento de 79% na quantidade de novos casos de câncer descobertos anualmente em pessoas com menos de 50 anos. Em jovens, a doença pode ser mais agressiva. Por que isso acontece?

Crescimento da febre amarela preocupa pesquisadores

Entre as principais preocupações de órgãos como a OMS e a Opas está a baixa cobertura vacinal no Brasil, que tem liderado o número de casos da doença nas Américas. Uma combinação de fatores reacendeu temores de que a febre amarela volte a ser transmitida pelo mesmo mosquito que transmite a dengue. Saiba a avaliação das autoridades.

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