Pressão social adia votação do PL dos Cigarros Eletrônicos

• Projeto para aprovar vapes será votado em setembro • Partículas mortais na fumaça da Amazônia • Notícias sobre o laboratório Órion • Vem dos EUA a próxima pandemia? • É possível conter mpox • Vacinação contra pólio em Gaza é urgente •

Foto: Divulgação/Ministério da Saúde
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Na terça-feira (20/8), de última hora, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal adiou a votação do PL dos Cigarros Eletrônicos. De acordo com O Globo, a justificativa formal para não apreciar nesta semana o projeto, introduzido pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e apoiado pelo lobby da indústria do tabaco, foi o caráter semipresencial da sessão, que prejudicaria o debate. Porém, tudo indica que a pressão social pesou sobre os parlamentares. No dia anterior, 80 entidades médicas lançaram um posicionamento contrário à aprovação do PL 5.008/2023. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) enviou ao Senado Federal um documento em que alerta para os riscos da liberação dos vapes: eles “ampliam o risco de dependência à nicotina e expõem os consumidores a substâncias cancerígenas”, além de induzirem jovens à experimentação precoce com seus aromas e sabores. Uma nova votação do projeto está prevista para o dia 3/9.

Partículas na fumaça da Amazônia “associadas à morte de milhões”

Em entrevista a O Globo sobre a fumaça da Amazônia e do Pantanal que está cobrindo 10 estados do país, a especialista em qualidade do ar Adriana Gioda, do Departamento de Química da PUC-Rio, avaliou que “o principal problema para a saúde é o material particulado PM2.5. A OMS mapeia a poluição do mundo e avalia os riscos a partir do PM2.5, não é por causa do ozônio ou outro gás. Os particulados compõem a maior parte do problema”. Há duas semanas, Outra Saúde havia abordado em profundidade a questão dessas partículas finas presentes em grande concentração nas queimadas, destacando que, além do dano ao trato respiratório, recentes pesquisas as associam ao desenvolvimento de doenças crônicas. Para a proteção individual durante os dias de poluição, Gioda recomenda o uso de máscaras – mas ela frisa que o Brasil ainda não chega “nem perto de atender os padrões sugeridos pela OMS em 2005 e que foram atualizados em 2021” sobre o monitoramento da qualidade do ar.

Um laboratório de biossegurança máxima no Brasil

Em recente reportagem, a revista Nature debateu os avanços e desafios que acompanham a construção do laboratório Órion no Brasil. Há unanimidade entre os cientistas sobre a necessidade do futuro laboratório de biossegurança máxima (BSL-4, no jargão da área) para garantir maior autonomia do país no combate a futuras epidemias e pandemias. Ele será o primeiro BSL-4 da América Latina – 70% dos 51 existentes ficam na Europa e na América do Norte – e também o primeiro do mundo a estar ligado a um acelerador de partículas, abrindo novas perspectivas para o estudo de patógenos. Por outro lado, devido às novidades, poderão haver desafios no treinamento de pessoal para a operação do Órion. As autoridades envolvidas rejeitam, porém, a crítica de que os gastos sejam excessivos. “O custo médio de um laboratório desses nos Estados Unidos é de um bilhão de dólares. Estamos usando um quinto disso para construir um que vai nos permitir maior autonomia nas pesquisas”, respondeu o diretor do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), conjunto de laboratórios que vai abrigar o Órion.

Negligência dos EUA pode levar a pandemia de H5N1

Especialistas ponderaram ao New York Times que, no caso de um futuro surto global da doença, é provável que uma pandemia da gripe aviária tenha origem nos EUA. Isso porque, após meses de surto, a disseminação do vírus da H5N1 não dá sinais de recuo nas granjas e fazendas do país. Nas últimas semanas, houve um novo crescimento das infecções de trabalhadores desses estabelecimentos. “Fomos rápidos em culpar a China pelo que aconteceu com [a covid-19], mas não estamos fazendo melhor. É assim que as pandemias acontecem”, revelou uma proeminente infectologista norte-americana ao jornal. Quanto mais o vírus circular entre os animais sem controle adequado, maior a chance de que haja uma mutação que potencialize o risco que ele representa aos seres humanos, alertam os profissionais. As medidas atualmente adotadas pelo governo federal e pelas autoridades estaduais dos EUA para enfrentar a gripe aviária são consideradas insuficientes – e podem levá-la a se tornar “uma ameaça permanente”.

“Mpox não é nova covid e pode ser contida”

Para Hans Kluge, diretor regional da OMS na Europa, a “mpox não é a nova covid” e pode ser contida, conta a BBC. Isso se deve ao fato de que as autoridades sanitárias nacionais e internacionais já sabem o que é preciso fazer para conter sua disseminação. Contudo, ele afirma que medidas de saúde pública e acesso equitativo a vacinas serão necessárias e questiona: “Vamos optar por implementar os sistemas necessários para controlar e eliminar a mpox globalmente, ou entraremos em outro ciclo de pânico seguido de negligência?”. Para ajudar os profissionais de saúde a entender e enfrentar a nova situação, a OMS publicou cursos e materiais gratuitos em oito línguas – entre elas, o português – sobre a doença. Conforme noticiou a Agência Brasil, os cursos tratam de temas como “evolução global do cenário de mpox no continente africano, além de detalhar sinais e sintomas característicos da doença, opções de tratamento e medidas de prevenção e controle de infecções”.

Cessar-fogo é “vital” para vacinação contra a pólio em Gaza, diz OMS

Duas agências das Nações Unidas, a OMS e a UNICEF, se somaram ao chamado do secretário-geral da entidade multilateral, António Guterres, por um cessar-fogo na Faixa de Gaza que viabilize uma campanha de vacinação contra a pólio. A proposta da OMS e da UNICEF consiste em uma “pausa humanitária” de sete dias no enfrentamento armado, durante a qual as agências, a UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos) e o Ministério da Saúde da Palestina organizarão duas rodadas de imunização contra o poliovírus tipo 2, detectado há semanas nos esgotos do enclave palestino. O público-alvo são 640 mil crianças de até dez anos de idade. O comunicado frisa a urgência: como 3 casos de paralisia suspeitos de serem ligados à pólio já foram identificados, o plano precisa ser implementado já no fim de agosto e começo de setembro. As agências ainda destacam que “a Faixa de Gaza tinha um alto nível de cobertura vacinal antes da escalada de hostilidades em outubro de 2023”.

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