Municípios ainda não implantaram cuidados paliativos

A Política Nacional de Cuidados Paliativos ainda engatinha no SUS: apenas 1% das equipes de saúde responsáveis para tal abordagem estão prontas. Tal política depende de uma ação mais incisivas dos municípios

.

Promulgada há quase 2 anos, a Política Nacional de Cuidados Paliativos ainda engatinha no SUS. Como mostra reportagem da Folha, apenas 1% das equipes de saúde que devem ser habilitadas para promover tal abordagem estão prontas. Em nota, o Ministério da Saúde afirma que o orçamento de R$ 887 milhões está sendo aplicado, e que os usuários do SUS podem solicitar acesso à rede de cuidados paliativos na Atenção Primária.

No entanto, a implantação de tal política depende de uma ação mais incisiva dos municípios, que são os entes diretamente responsáveis pelo serviço. Em Pelotas (RS), onde há uma articulação social mais madura e uma das pós-graduações pioneiras desta especialidade, os investimentos devem chegar ainda neste mês, segundo Julieta Fripp, importante liderança do paliativismo.

Algumas outras cidades também se mostram mais adiantadas na adoção da política. Em Salvador, foi inaugurado o Hospital Estadual Mont Serrat, primeiro hospital de cuidados paliativos do SUS, com 70 leitos e uma abordagem adequada aos conceitos de cuidados sem uma busca pela cura de determinadas doenças.

Como explicou Julieta Fripp em matéria de 2024 do Outra Saúde, os cuidados paliativos ainda são muito restritos a ambientes hospitalares e ofertados de forma desigual entre regiões e classes sociais. Recentemente, o governo federal reconheceu o cuidado paliativo como especialidade médica. Mas sua repercussão no SUS ainda caminha devagar.

“O conceito dado pela Organização Mundial da Saúde diz que cuidados paliativos são uma estratégia de melhoria da qualidade de vida de pessoas portadoras de doenças que ameaçam a vida. Deve ser ofertado o mais precocemente possível, atenta a quatro aspectos: físico, emocional, social e espiritual. Deve cuidar das pessoas e também dos seus familiares, inclusive na fase de luto. É um conceito bastante ampliado, que tem como objetivo final o alívio da dor total”, contextualiza Fripp.

Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, seja nosso apoiador e fortaleça o jornalismo crítico: apoia.se/outraspalavras

Leia Também: