Mais de um bilhão sofrem com transtornos mentais
Novos relatórios ressaltam impactos humanos e financeiros da crise global de saúde mental. Ao mesmo tempo em que destacam áreas de progresso nas políticas relacionadas ao tema, há ainda lacunas significativas no tratamento de transtornos mentais
Publicado 03/09/2025 às 12:32 - Atualizado 03/09/2025 às 12:33
De acordo com dados da OMS, mais de um bilhão de pessoas vivem com transtornos mentais como ansiedade e depressão. As novas descobertas, publicadas em dois relatórios, destacam algumas áreas de progresso, ao mesmo tempo em que expõem lacunas significativas no tratamento de problemas de saúde mental mundo afora.
Prevalentes em todos os países e comunidades e representando hoje a segunda maior causa de incapacidade a longo prazo e contribuindo para a perda de vidas saudáveis, os transtornos mentais afetam pessoas de todas as idades e níveis de renda. Contudo, os resultado ainda indicam que as mulheres são desproporcionalmente afetadas por eles, refletindo desigualdades estruturais na área da saúde.
Para além dos prejuízos humanos, o impacto econômico dos problemas de saúde mental são latentes. Além de aumentarem os custos diretos com saúde, isto é, as despesas diretamente ligadas a tratamentos de transtornos mentais, os custos indiretos, particularmente em termos de perda de produtividade, são ainda maiores. Estima-se que, ao considerar somente a depressão e a ansiedade, o custo anual à economia global chega a US$ 1 trilhão.
Reconhece-se que, nos últimos anos, muitos países têm avançado significativamente no fortalecimento de suas políticas e planejamento de saúde mental; mas esse impulso não se traduziu em reformas legais. Menos países têm adotado ou aplicado legislação de saúde mental baseada em direitos humanos.
No que diz respeito a investimentos na área de saúde mental, os relatórios revelam uma estagnação preocupante. O gasto médio de governos com saúde mental permanece em apenas 2% do orçamento total da saúde – inalterado desde 2017. Além disso, as disparidades territoriais são gritantes: enquanto os países de alta renda gastam até US$ 65 por pessoa em saúde mental, os de baixa renda gastam apenas US$ 0,04.
As descobertas ressaltam a urgência do investimento sustentado, da priorização mais rigorosa e da colaboração multissetorial para expandir o acesso à saúde mental, reduzir o estigma e combater as causas profundas dos problemas de saúde mental. Neste contexto, a OMS apela aos governos e parceiros globais para que intensifiquem os esforços em direção à transformação dos sistema de saúde mental no mundo todo, o que inclui financiamento equitativo de serviços, reforma jurídica e política para defesa dos direitos humanos e expansão dos atendimento comunitário e centrado na pessoa.
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