Europa investe na produção de vacina contra chicungunha
• Vacinas: Cepi investe em imunizante contra chicungunha | Fiocruz integrará coalizão de resposta a pandemias | Transferência de tecnologia para prevenir H5N1 • Teste de HIV em farmácias • Ciência vs. Trump • Biodiversidade e vida humana •
Publicado 30/07/2024 às 16:23 - Atualizado 30/07/2024 às 19:21
A União Europeia, através da Cepi (Coalizão para Inovações de Preparação Epidêmica, na sigla em inglês), investirá US$ 41,3 milhões para expandir o acesso à vacina contra chicungunha em países de baixa e média renda. Este investimento apoiará estudos de fase 4, especialmente em crianças, adolescentes e grávidas no Brasil. A vacina Ixchiq, desenvolvida pela farmacêutica Valneva, mostrou alta eficácia em estudos iniciais no Brasil, em parceria com o Instituto Butantan. Já foi aprovada pela FDA, agência reguladora norte-americana, e está aguardando aprovação da EMA, europeia, e da Anvisa. Para Richard Hatchett, da Cepi, a prioridade é acelerar o acesso a vacinas em áreas epidêmicas. A colaboração com o Butantan visa realizar estudos pós-licenciamento para verificar a eficácia em condições reais. Segundo Esper Kallás, diretor do Instituto, o financiamento é essencial para avançar nos estudos e na produção da vacina, que poderá ser aplicada já em 2025, dependendo da aprovação da Anvisa. Apenas no primeiro semestre deste ano, foram registrados mais de 356 mil casos de chicungunha, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Vacinas: Fiocruz fará parte da Cepi
O Instituto Bio-Manguinhos/Fiocruz se juntou à rede da Cepi para contribuir com o fortalecimento da resposta a epidemias na América Latina, e receberá um investimento de US$ 17,9 milhões. A parceria visa expandir a capacidade de produção de vacinas da Fiocruz, incluindo tecnologias de RNA mensageiro (mRNA) e vetor viral. A colaboração busca reduzir o tempo de resposta a surtos emergentes para apenas 100 dias, um objetivo global. Bio-Manguinhos desempenhou um papel crucial na resposta do Brasil à covid-19, e esta nova parceria visa aprimorar ainda mais suas capacidades. A rede de fabricação da Cepi, que inclui membros na Índia, África do Sul, Senegal e Indonésia, trabalha para garantir o acesso equitativo às vacinas. O diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, e o presidente da entidade, Mario Moreira, destacam a importância de construir capacidades locais para uma resposta rápida e eficaz a emergências de saúde. A parceria também apoia a Cúpula Global de Preparação para Pandemias 2024, co-organizada pela Fiocruz e CEPI no Rio de Janeiro.
OMS fará transferência de tecnologia para vacina contra H5N1
A OMS anunciou uma iniciativa para desenvolver vacinas contra a gripe aviária H5N1 em países de baixa renda, utilizando a tecnologia de RNA mensageiro. Ela será liderada pela farmacêutica argentina Sinergium Biotech. Desde 1996, o H5N1 tem causado surtos em aves e, recentemente, infecções em mamíferos. O Programa de Transferência de Tecnologia de mRNA da OMS e do MPP, lançado durante a crise da covid-19, apoia esta iniciativa para garantir que países em desenvolvimento possam produzir suas próprias vacinas. A tecnologia de mRNA instrui células a produzir proteínas virais, treinando o sistema imunológico para combatê-las – e é utilizada por grandes farmacêuticas como Pfizer e Moderna, em imunizantes patenteados contra covid. Durante o anúncio da iniciativa, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, também frisou a importância de preparar o mundo para futuras pandemias de maneira equitativa. A iniciativa visa melhorar a vigilância e a resposta global, compartilhando tecnologia e expertise para acelerar o desenvolvimento de vacinas contra a gripe aviária e outras ameaças emergentes.
Testes para triagem de doenças em farmácias
O Ministério da Saúde publicou uma nota técnica orientando farmácias autorizadas a realizarem testes rápidos de HIV, sífilis, hepatites virais e outras ISTs, que servem para triagem e não diagnóstico. Segundo a Anvisa, esses exames facilitam a detecção precoce de doenças, mas devem ser acompanhados de encaminhamento adequado à rede de saúde para confirmação diagnóstica e tratamento, se necessário. Resultados indicativos de doenças de notificação compulsória devem ser reportados ao Ministério da Saúde. Para menores de idade, há diretrizes específicas sobre a presença dos responsáveis durante a testagem e a entrega dos resultados. Draurio Barreira, do Departamento de HIV, Aids e outras ISTs, destaca que essa medida visa ampliar o acesso à testagem, especialmente para aqueles que não procuram os serviços de saúde do SUS.
Cientistas dos EUA temem a volta de Trump
No início do mês, o sindicato que representa milhares de cientistas e engenheiros da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) assinou um novo contrato que inclui proteções para trabalhadores que defendem a integridade científica. Essa mostrou-se uma medida necessária após a primeira administração de Trump, que foi desastrosa para a comunidade científica devido à interferência política, conta a revista Nature. Acordos similares foram firmados no Departamento de Agricultura dos EUA e estão em negociação no Instituto Nacional de Saúde. Esses acordos coletivos são parte de um esforço contínuo para proteger agências científicas de interferências políticas, especialmente com a possibilidade de Trump retornar ao poder. O governo Biden, que não disputará a reeleição, implementou proteções legais e políticas de integridade científica em várias agências federais, visando resguardar a ciência de futuras administrações hostis. Mesmo com essas medidas, há preocupações sobre a vulnerabilidade das normas estabelecidas sem uma lei federal sólida.
Urubus, perda de biodiversidade e a vida humana
A desaparição dos urubus na Índia tem se mostrado desastrosa para os humanos de forma surpreendente. Segundo matéria do New York Times, um estudo revela que teria havido cerca de 1,5 milhão de mortes humanas a mais, ao longo de anos, devido ao desaparecimento do animal (sua população reduziu-se em 99%, em três décadas). Os óbitos foram causados principalmente pela contaminação da água, por carcaças de animais mortos e pela proliferação de cães ferais, que em alguns casos transmitem a raiva. A causa da desaparição dos urubus foi o uso, por agricultores, do antibiótico diclofenaco, mortal para a ave. Seu uso foi proibido, por pressão de ambientalistas, a partir de 2006, mas a quase-extinção dos urubus não foi revertida até hoje. A matéria também trata, de passagem, de outros casos em que a redução drástica de populações de animais silvestres (os lobos e os freixos) levou a danos expressivos ao ambiente e em particular aos seres humanos.