Crise climática: crianças pequenas correm mais risco
Estudo da Fiocruz mostra que primeira infância está ameaçada pela crise ambiental, e as formas com que essas crianças pequenas estão sendo afetadas são múltiplas
Publicado 09/06/2025 às 13:29
Um relatório publicado pelo Núcleo Ciência pela Infância (NCPI) da Fiocruz, na quinta-feira (5), mostra que a primeira infância – período que vai do nascimento até os seis anos de idade – é desproporcionalmente afetada pela crise climática, e que seus efeitos podem comprometer capacidades físicas, cognitivas e emocionais por toda a vida.
O estudo tem como base informações do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz, que apontam uma escalada contínua de eventos naturais extremos no Brasil, decorrentes das mudanças climáticas. As crianças são as mais expostas, segundo a pesquisa, a impactos na saúde, nutrição, oportunidade de aprendizado, acesso a cuidados e segurança.
Além disso, os pesquisadores também concluíram que essa exposição das crianças pequenas aos riscos climáticos agrava situações de vulnerabilidade. No país, mais de um terço das crianças de até 4 anos vive em situação de insegurança alimentar, sendo que 5% delas apresentam desnutrição crônica. Quando ocorrem deslocamentos forçados por desastres e extremos climáticos, essa população é também a mais atingida.
Os eventos naturais extremos também impactam diretamente a educação primária. Mais de 55 mil horas-aula no Rio Grande do Sul foram perdidas por conta de enchentes e enxurradas. Isso sem contar o tempo perdido pelo país inteiro devido a ondas de calor que atrapalham o aprendizado em sala de aula.
Diante desse cenário, o estudo recomenda o desenvolvimento de políticas climáticas centradas nas crianças, como o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde e melhorias nos sistemas de saneamento básico e oferta de água potável, além do incentivo à segurança alimentar e nutricional.
Além disso, práticas sustentáveis e protocolos para desastres climáticos – como zonas de resfriamento com áreas verdes em creches e escolas – são fundamentais. Como destaca a coordenadora do estudo, Alicia Matijasevich, em entrevista ao Brasil de Fato, “proteger a primeira infância diante da emergência climática não é uma escolha, é uma prioridade”.
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