Como planejar cidades mais saudáveis

Uma ínfima parte do investimento em infraestrutura urbana vai para projetos baseados na natureza. Ampliar áreas verdes não é capricho estético: é necessário inclusive para atravessar a crise climática. Mas não se pode deixar de lado as periferias…

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O planejamento das cidades pode interferir na Saúde? Uma matéria publicada essa semana na revista Nature sugere que sim, principalmente ao criar uma melhor sinergia do espaço urbano com a natureza. Essa tornou-se uma pauta urgente à medida em que cresce o debate sobre a crise climática. Eventos como grandes inundações e cidades onde o nível de poluição chega a níveis tóxicos estão se tornando mais frequentes, e é preciso começar a combatê-los já.

Para sobreviver ao que virá, as cidades precisarão apostar em grandes transformações baseadas em soluções naturais. É preciso melhorar os sistemas de escoamento para prevenir enchentes e ampliar as áreas verdes o máximo possível – inclusive nos telhados e nas empenas cegas dos prédios. Mas, ainda hoje, o investimento público nos centros urbanos prioriza a construção de vias e a arquitetura “cinza”, do concreto e do asfalto. A impermeabilização do solo se amplia, a qualidade de vida cai e a temperatura média da cidade só faz crescer.

Mas é preciso tomar cuidado com decisões individuais. Essa tem de ser uma política pública que pense a cidade como um todo e considere principalmente os mais vulneráveis. A Nature cita um estudo de 2021 que concluiu que, nos EUA, os prédios em bairros empobrecidos são, em média, 1,5 graus mais quentes que nos bairros ricos – e a cobertura de árvores é 15% menor. No Brasil, percebe-se tendência parecida – além de as enchentes afetarem quase exclusivamente os mais pobres. A ideia é apostar nos ecossistemas e no verde como parte da infraestrutura das cidades.

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