Clima e Saúde: quais saídas estão sendo traçadas?
A Conferência Global sobre Clima e Saúde, que aconteceu esta semana em Brasília, reuniu importantes organizações e autoridades para pensar políticas de saúde que atendam às novas demandas sanitárias diante das mudanças climáticas
Publicado 01/08/2025 às 15:19
O Brasil sediou, nesta semana, a Conferência Global sobre Clima e Saúde, que focou na construção de políticas de adaptação da saúde em meio aos efeitos das mudanças climáticas. Organizada pelo governo brasileiro em parceria com a OMS, a Opas e a Aliança para Ação Transformadora sobre Clima e Saúde (Atach, na sigla em inglês), a programação contou com plenárias, oficinas, painéis, sessões e rodas de conversa.
Durante a cerimônia de abertura do encontro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância do esforço coletivo, já que promover as transformações necessárias para combater a crise climática não depende de um só país. Em nota, a pasta destacou que as ações estão alinhadas ao Plano de Ação em Saúde de Belém, que será apresentado pelo governo durante a COP-30, em novembro. “O plano busca liderar ações de resposta aos impactos climáticos sobre a saúde, com destaque para o enfrentamento de eventos extremos, o fortalecimento de sistemas de alerta precoce e a implementação de estratégias de adaptação nos territórios”, destacou o comunicado.
Ainda no evento de abertura, o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, pediu ações urgentes para colocar a saúde e a equidade no centro da agenda climática. “As populações em situação de vulnerabilidade sofrem com a maior carga desses impactos climáticos, embora sejam as menos responsáveis por eles”, lembrou ele. Barbosa alertou para o aumento da temperatura do planeta, os inúmeros incêndios florestais, as secas, entre outros desequilíbrios ecológicos que afetam milhares de pessoas, especialmente nas Américas. Enquanto isso, doenças relacionadas ao clima – como a dengue – aumentam em todo o continente.
Entre os destaques da Conferência está também a reunião estratégica, promovida pelo governo brasileiro e a Opas em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), para fortalecer a oferta regional de medicamentos, vacinas e tecnologias de saúde. No centro da discussão estiveram os Fundos Rotatórios Regionais da Opas, mecanismos que unem compras de insumos a fim de garantir que os países das Américas tenham melhor acesso a eles e a preços acessíveis.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), lembrada por sua atuação estratégica na saúde brasileira, não só estava presente na Conferência, como tem trabalhado na estruturação de um Centro de Clima e Saúde, que será uma de suas contribuições para a COP-30. “Este centro visa consolidar a capacidade da Fiocruz em responder aos desafios decorrentes das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e das condições ambientais”, sublinhou o presidente da Fundação, Mário Moreira.
Falando em contribuições, Padilha anunciou, nesta quarta-feira (30), durante visita a Belém, um investimento de R$ 53 milhões para fortalecer a rede de saúde na capital paraense, com a intenção de ampliar a capacidade de atendimento na cidade, deixando um legado duradouro para a população após a COP-30. Além disso, a pasta liberou R$ 6,7 milhões para a contratação de 554 novos Agentes Comunitários de Saúde, que realizarão visitas domiciliares, monitorarão famílias e levarão informação e cuidado à população.
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