Calor extremo aumenta mortalidade, mostra estudo
• Calor no Rio aumentou número de mortes • Vacina contra gripe: o peso da ausência dos EUA • Fim do aborto causou aumento de morte de bebês • Todos os insumos gratuitos no Farmácia Popular • Vacina de VSR no SUS • Saúde nas favelas •
Publicado 17/02/2025 às 11:44
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Uma pesquisa da Fiocruz revelou que o calor extremo no Rio de Janeiro aumenta a mortalidade, principalmente entre idosos e pessoas com doenças crônicas. O estudo analisou 466 mil óbitos naturais entre 2012 e 2024 e constatou que, em dias com temperaturas acima de 40°C por quatro horas ou mais, a mortalidade por hipertensão, diabetes e insuficiência renal cresce 50% entre idosos. O trabalho utilizou a nova métrica “Área de Exposição ao Calor” (AEC), que leva em conta a duração da exposição térmica. Em novembro de 2023, quando o índice de calor ultrapassou 44°C por oito horas, registrou-se um recorde de AEC e um aumento expressivo de mortes. O risco de óbito dobra quando a AEC atinge 91,2°Ch.
Segundo o autor da pesquisa, João Henrique de Araujo Morais (ENSP/Fiocruz), o risco do tempo quente pode ir além dessas doenças: “Há estudos que relatam esses efeitos também para doenças metabólicas, do trato urinário e doenças como Alzheimer, sobre as quais dissertamos na discussão do artigo. Alguns estudos mostraram essa relação também para Neoplasias”.
EUA participarão de reunião anual para vacina contra influenza?
Todo ano, especialistas em influenza de todo o mundo se encontram em uma reunião, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para decidir quais cepas do vírus da gripe devem ser incluídas nas vacinas da temporada seguinte. Essas reuniões são cruciais, pois definem a eficácia das vacinas no combate aos vírus circulantes. Neste ano, a reunião acontece entre 24 e 28 de fevereiro, mas a participação dos Estados Unidos não é certa.
O país tem um papel central nesse processo: o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) e o FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos) representam dois dos dez votos que decidem as cepas a serem incluídas. Segundo alerta uma matéria publicada no Stat News, a ausência dessas agências pode resultar em vacinas menos eficazes, já que o CDC é responsável por analisar vírus não apenas dos EUA, mas de toda a América. Sem sua contribuição, a OMS terá menos dados para tomar decisões informadas, o que pode impactar na proteção oferecida pelas vacinas.
Após banimento do aborto no país, cresce mortalidade infantil
O obscurantismo que toma conta dos Estados Unidos também atinge a vida das mulheres, e mostra como a restrição ao aborto pode piorar a saúde da população. Dois estudos publicados na revista JAMA apontam que a mortalidade infantil cresceu 6% nos estados daquele país que proibiram a interrupção da gravidez após a derrubada, em 2022, de Roe v. Wade, decisão da Suprema Corte dos EUA de 1973 que reconheceu o direito constitucional ao aborto. O aumento foi mais expressivo entre bebês negros não hispânicos (11%) e nos nascimentos de crianças com anomalias congênitas.
No período analisado, houve 478 mortes infantis além do esperado, concentradas no Texas, onde a taxa subiu 9,4%. O impacto foi maior entre mulheres em situação socioeconômica vulnerável, que também enfrentam maiores taxas de complicações na gravidez e mortalidade materna. Apesar da oferta de aborto por telemedicina e viagens interestaduais, muitas não conseguem acessar o procedimento. Pesquisadores ouvidos pelo New York Times defendem que a alta nos nascimentos exige políticas de apoio às famílias, como licença parental, creches acessíveis e ampliação do Medicaid.
Farmácia Popular agora terá todos os medicamentos gratuitos
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou na quinta-feira, 13/2, que todos os 41 medicamentos e insumos do Programa Farmácia Popular passarão a ser gratuitos. Até então, as fraldas geriátricas e a Dapagliflozina, medicamento para diabetes e para doenças cardiovasculares, eram vendidas com desconto. A medida beneficiará mais de 1 milhão de pessoas por ano, principalmente idosos. O governo também ampliou o credenciamento do programa para as 758 cidades que ainda não eram atendidas.
O Farmácia Popular distribui remédios para diabetes, hipertensão, osteoporose, asma, glaucoma e outros. O programa sofreu diversos desmontes durante os governos anteriores, mas foi retomado e é uma das marcas da gestão de Nísia no Ministério da Saúde. Desde 2023, foi ampliado e agora conecta-se com os programas Mais Médicos e Bolsa Família. De 2022 a 2024, o total de beneficiados subiu de 20,7 milhões para 24,7 milhões, e o orçamento cresceu de R$ 2,5 bilhões para R$ 4,2 bilhões.
Nova vacina contra VSR no calendário da gestante
A partir de uma decisão do Conitec, o SUS passa a oferecer a vacina Abrysvo para gestantes, garantindo proteção a bebês contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causa de bronquiolite grave. A decisão foi recém-aprovada e, agora, o Programa Nacional de Imunizações deve definir o calendário de aplicação. A vacina, produzida pela Pfizer, demonstrou 82,4% de eficácia na prevenção de casos graves em bebês de até três meses e 70% até os seis meses. Deve ser aplicada entre a 24ª e 36ª semana de gestação, pois assim faz com que a mãe transfira anticorpos ao bebê.
Em 2024, foram registrados 370 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e oito mortes por VSR, que tem maior incidência no inverno. A imunização reduz internações, UTI e complicações respiratórias futuras, como bronquioespasmos e asma. A Conitec também aprovou o nirsevimabe, anticorpo monoclonal para bebês prematuros. Já disponível na rede privada, a vacina agora passa a integrar o SUS, ampliando o acesso à prevenção da doença.
Um exemplo de articulação para a saúde nas favelas
A colaboração entre favelas, instituições científicas e de saúde pública durante a pandemia de covid-19 no Rio de Janeiro foi essencial para o enfrentamento da crise sanitária nesses territórios. Essa é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da UFRJ e da PUC-Rio, apresentado no evento “Saúde na Favela é Construção Coletiva”, realizado na semana passada (10/2).
As ações incluíram a construção de cozinhas comunitárias, consultórios psicoterapêuticos para mulheres e cursos de formação para jovens comunicadores, e impactaram diretamente 625 mil pessoas. Além disso, 755 toneladas de alimentos foram distribuídas para famílias em vulnerabilidade social, integrando segurança alimentar e saúde. As ações impactam principalmente famílias e comunidades (52,3%), mas também focam em mulheres (13,6%) e crianças e jovens (9,1%). A liderança feminina foi um ponto central, com 80% dos projetos coordenados por mulheres.