Ataques em Gaza marcam dia mais mortal desde novembro

• Mais de 400 mortos em Gaza • Desigualdades em saúde nas áreas remotas do Brasil • Novo método para medir má nutrição em pequenas populações • Mais lucros para a saúde privada • Proibição do aborto prejudicou mulheres pobres nos EUA • Errata •

Créditos: Moiz Salhi – Anadolu Agency
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Na manhã de ontem, 18/3, Israel rompeu o cessar-fogo estabelecido com o Hamas, após semanas de impasse nas negociações. A Faixa de Gaza viveu o dia mais mortal desde novembro de 2023: foram mais de 400 mortos em ataques aéreos israelenses nesta terça-feira (18/3). O Ministério da Saúde de Gaza relatou que mais de 130 crianças estavam entre as vítimas. A trégua entre Israel e o Hamas, em vigor desde janeiro, foi rompida após semanas de impasse nas negociações. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques são “apenas o começo” e que Israel buscará destruir o Hamas e libertar reféns. A ONU – e também o governo brasileiro – condenaram a violência, classificando-a como violação do direito humanitário internacional.

Relatórios produzidos por ONU e Médicos Sem Fronteiras atestam que instalações e profissionais de saúde foram alvo preferencial dos ataques, durante os 15 meses de conflito que tiveram início em outubro de 2023. Outra Saúde trata do massacre dos palestinos desde seu início (1, 2, 3, 4). Pelo menos 46,7 mil deles foram assassinados pela máquina de guerra israelense durante esse período, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde de Gaza. Mas um estudo publicado na Lancet sugere que há uma subnotificação de pelo menos 41% nas mortes violentas, e estima que o número mais provável é de cerca de 65 mil óbitos. Desse contingente, três quintos seriam mulheres e crianças.

Desigualdades regionais no acesso a especialistas

A distribuição desigual de médicos especialistas no SUS obriga pacientes de cidades pequenas e remotas a viajar centenas de quilômetros para atendimento. Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mostram que apenas 8,3% dos municípios brasileiros contam com hematologistas, 6,7% com oncologistas e metade com ortopedistas. No Acre, por exemplo, os cinco hematologistas cadastrados estão na capital, Rio Branco, obrigando moradores de cidades como Mâncio Lima a percorrer 670 km para consultas.

Em São Gabriel da Cachoeira (AM), a prefeitura aluga uma casa em Manaus para abrigar pacientes que precisam de atendimento especializado. A viagem de barco até a capital dura 72 horas, e o município gasta R$ 5 milhões por ano com transporte e hospedagem. A falta de médicos em áreas remotas é agravada pela instabilidade de vínculos empregatícios e pela dificuldade de atrair profissionais para o interior, segundo reportagem do Globo que apresenta uma nova ferramenta construída pelo jornal.

Problemas de nutrição infantil na Amazônia

Um estudo da Fiocruz Amazônia alerta para a má nutrição em crianças menores de 5 anos em municípios remotos do Amazonas. A pesquisa, publicada na revista Frontiers Public Health, revela que muitas crianças apresentam simultaneamente excesso de peso e baixa estatura, condição conhecida como dupla carga latente de má nutrição (DCLMN). O problema, associado a riscos de doenças crônicas e complicações na vida adulta, tende a se agravar com a crise climática e mudanças no estilo de vida.

O estudo, realizado em Jutaí, Ipixuna, Maués e Caapiranga, usou modelos estatísticos bayesianos para estimar a prevalência de DCLMN em pequenas populações. Em Jutaí, a prevalência rural foi de 3,3%, a mais alta entre os municípios analisados. Segundo Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz, a abordagem inovadora do estudo permite estimativas mais precisas de problemas de saúde em populações pequenas e de baixa prevalência.

Lucros das operadoras de saúde crescem 271%

Segundo notícia da Agência Brasil, as empresas de seguros de saúde tiveram um lucro líquido de R$ 11,1 bilhões em 2024, aumento de 271% em relação a 2023 e superior ao total dos três anos anteriores. Segundo a ANS, esse valor representa 3,16% da receita do setor, que somou cerca de R$ 350 bilhões. A sinistralidade (proporção da receita dos planos de saúde utilizada para cobrir despesas médicas) no último trimestre de 2024 foi de 82,2%, a menor para o período desde 2018. O “bom desempenho” financeiro é atribuído à reorganização das operadoras, que elevaram mensalidades acima do aumento dos custos assistenciais, além de ganhos com aplicações financeiras. As grandes operadoras médico-hospitalares concentraram R$ 9,2 bilhões do lucro total.

Restrições ao aborto reforçaram desigualdades nos EUA

Um estudo do National Bureau of Economic Research revela que as proibições ao aborto nos EUA, após a revogação de Roe v. Wade em 2022, impediram que algumas mulheres interrompessem a gravidez – especialmente as mais vulneráveis. A pesquisa, baseada em dados de 2023, mostra que o aumento médio de nascimentos foi de 2,8% nos estados com restrições, mas foi maior entre mulheres negras (3,2%), hispânicas (3,8%) e sem diploma universitário. A distância até clínicas de aborto aumentou de 80 km para 480 km, dificultando o acesso.

Apesar do crescimento de abortos via telemedicina e pílulas enviadas por correio, o estudo sugere que as barreiras afetaram desproporcionalmente mulheres com menos recursos. Em áreas onde a distância até as clínicas aumentou mais de 320 km, os nascimentos subiram 5%. No Texas, por exemplo, o impacto foi maior em Houston, onde a clínica mais próxima fica a 965 km.

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