Associação entre álcool e câncer é praticamente conclusiva

• A mpox volta à cena • Pólio segue sendo emergência global de saúde • Nova droga contra malária • Em São Paulo, SUS pode conviver com OSS? • Saúde do Líbano teme bombas de Israel •

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O consumo de álcool, mesmo em quantidades moderadas, foi associado ao aumento nas mortes por câncer entre adultos em um estudo de larga escala conduzido no Reino Unido e noticiado pelo New York Times. A pesquisa acompanhou 135 mil homens e mulheres de mais de 60 anos por 12 anos – e aponta que o risco de óbito se acentua de forma mais aguda entre os que, além de ingerirem álcool, possuem doenças pré-existentes e vivem em áreas de baixa renda. Além disso, em contraste com a noção introduzida pela indústria das bebidas alcoólicas no senso comum, tomar “só um pouquinho” não traz benefícios e nem mitigação de riscos – aqueles que bebem moderadamente desenvolvem doenças em taxas bastante similares às dos que bebem com maior frequência. “O álcool provavelmente aumenta o risco do câncer já na primeira gota”, avalia uma das pesquisadoras.

Brasil se prepara para a possibilidade de voltar a enfrentar a mpox

Nos últimos dias, tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto as autoridades sanitárias africanas ligaram o alerta para o retorno da disseminação internacional da mpox, cuja circulação havia se restringido à República Democrática do Congo desde o surto de cerca de dois anos atrás. Na terça-feira (13/8), o Centro de Controle de Doenças da África (CDC Africa, na sigla em inglês) decretou uma “emergência de saúde pública de interesse continental” por conta da identificação de casos da doença infecciosa em uma série de países. No mesmo dia, o Ministério da Saúde também convocou uma reunião para atualizar as recomendações em torno da mpox, como conta a Agência Brasil. Novos planos de contingência serão organizados nos próximos dias, mas neste momento, “a avaliação é que o evento apresenta risco baixo neste momento” para o país, segundo a pasta. Neste ano, 709 casos e 16 óbitos associados à doença foram registrados em solo nacional. A última das mortes ocorreu em abril.

A ameaça da pólio não acabou

Por decisão da OMS, a pólio seguirá sendo considerada uma emergência global de saúde, noticia a Agência Brasil. No último período, pelo menos nove países registraram uma quantidade relevante – ainda que nas baixas centenas ou dezenas – de casos da doença. São eles: Afeganistão, Etiópia, Guiné Equatorial, Quênia, Mali, Níger, Paquistão, Senegal e Somália. Contudo, há uma clivagem. No Afeganistão e no Paquistão, os casos são ligados ao “poliovírus selvagem”, que circula no ambiente sem controle. Já nos demais Estados, as manifestações da doença remetem ao “poliovírus derivado da vacina”. O imunizante é produzido com amostras do vírus atenuado que, em situações adversas, ainda pode causar a doença. Para além desse conjunto de nações, a recente detecção da circulação do agente infeccioso nos esgotos da Faixa de Gaza acendeu um alerta na OMS. A situação sanitária desoladora do enclave palestino aumenta o risco de um surto que devastaria uma população já fragilizada pela guerra.

África dá passos autônomos na luta contra a malária

Da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, vem um notável marco simbólico da construção da soberania africana na ciência: a descoberta de duas drogas eficazes contra a malária por uma pesquisa 100% desenvolvida por cientistas africanos. Ainda que muitas substâncias que combatem a doença infecciosa sejam testadas no continente, pesadamente afetado por ela, a ampla maioria surge de estudos conduzidos por farmacêuticas e profissionais estrangeiros do Norte Global. Nos testes de laboratório, as moléculas encontradas pelos cientistas da Universidade de Cabo foram capazes de inibir a ação do Plasmodium falciparum, protozoário causador da malária. “95% dos casos de malária graves causados por P. falciparum ocorrem em países subsaarianos”, sublinhou à Folha um dos bioquímicos responsáveis pela pesquisa. As substâncias descobertas seguem agora para as demais fases de testagem.

Há convivência possível entre a saúde pública e as OSS?

Vencer uma eleição na maior cidade do país não é tarefa fácil e certamente exige uma capacidade notável de costura de interesses divergentes. Outra coisa, que é válido discutir se é realmente exequível, é a tentativa de conciliar interesses antagônicos – como os da saúde pública e os dos oligopólios da saúde privada, cada vez mais dominantes na economia nacional. A recente sabatina de Guilherme Boulos com o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de SP (Sindhosp) ilustra essa encruzilhada. O candidato do PSOL, em sua atuação até aqui, tem sido um defensor do Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, na conversa com a entidade patronal, ele citou as Organizações Sociais da Saúde (OSS) como exemplos de parceria com a iniciativa privada, “fundamentais para o funcionamento do SUS”. As OSS exigiriam apenas “melhor fiscalização”. A posição da ampla maioria dos trabalhadores da saúde pública e dos sanitaristas é, para dizer o mínimo, mais dura sobre essas entidades que se infiltram no SUS, precarizando o trabalho e degradando o atendimento. Nos próximos quarenta e cinco dias, o candidato terá ampla oportunidade de esclarecer o que de fato pretende para a saúde de São Paulo.

Líbano teme que Israel destrua seu sistema de saúde

Em entrevista à agência internacional de notícias Associated Press, o ministro da saúde do Líbano, Firas Abiad, relatou seu principal temor caso estoure um conflito regional com Israel, algo que parece cada vez mais provável: a destruição completa do sistema de saúde libanês. Abiad fundamenta seu receio no exemplo da campanha israelense de bombardeios contra os hospitais e clínicas da Faixa de Gaza promovida nos últimos dez meses, que está deixando a saúde do enclave em ruínas e multiplicando as mortes de palestinos. Por sua vez, os mísseis que o Estado sionista lança há meses contra o sul do Líbano também já vitimaram duas dúzias de paramédicos e trabalhadores da saúde, relata o ministro. A pedido de sua pasta, a OMS enviou 32 toneladas de ajuda médica de emergência para o caso de uma guerra mais ampla se abater sobre o país – mas Abiad teme que Israel destrua os estoques de combustíveis que abastecem as ambulâncias e os geradores dos hospitais, praticamente inutilizando a ajuda.

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